Deuxieme


terça-feira, maio 15, 2007

David Fincher - Depois de Se7en

‘A primeira regra do Clube de Combate é que não podes falar do Clube de Combate. A segunda regra do Clube de Combate é que não podes falar do Clube de Combate’.


Quando, a propósito da estreia do 300, se constatou que o próximo filme de David Fincher era talvez mais aguardado do que a epopeia espartana, procedeu-se neste blog ao início de uma retrospectiva do trabalho deste realizador. Esta breve análise findou no seu segundo filme, Se7en, sendo que depois deste, Fincher assinou ainda mais três filmes.

Importa pois retomar este tópico, quando faltam apenas 24 horas para a estreia de Zodiac, e relembrar então aquilo que Fincher fez antes do thriller policial que chega esta quinta-feira às salas de cinema nacionais.

Depois de Se7en, Fincher obteve carta branca para desbravar os caminhos que a sua câmara tinha começado a percorrer, recebendo total permissão para aperfeiçoar a mestria que evidenciou na técnica do twist. O realizador não se fez rogado e, em 1997, assina O Jogo, um filme repleto de acção, aventura e mistério, com Michael Douglas e Sean Penn nos principais papéis. O filme é absolutamente inesquecível, pela simples razão de que o espectador não se limita a vê-lo. Faz parte dele. Quando a obra se aproxima do seu final, apercebemo-nos que todos nós somos jogadores manipulados na enorme teia construída por David Fincher, e os rodopios por que passa a personagem de Douglas são os mesmos que nos fazem dar voltas e voltas na cadeira. Sem desvendar muito do que se pode encontrar neste tabuleiro, aqui fica uma notável cena desse filme.

Fincher assinava assim, novamente, um título vencedor, e partia para o seguinte ainda com maior credibilidade. O seu próximo filme, com o nome Clube de Combate, sairia em 1999, e iria fazer as delícias de todos os seus fãs. Para muitos, hoje, este filme está taco a taco com Se7en, como o melhor de Fincher. Instantaneamente elevado a filme de culto, a obra mantém o inevitável twist, no entanto, desta feita servido sobre uma bandeja muito mais reluzente, entenda-se, um enredo mais atractivo e invulgar. O filme, que conta com os soberbos desempenhos de Edward Norton e Brad Pitt, é de uma audácia terrível a nível moral. Desenganem-se aqueles que consideram todas aquelas lutas como acções meramente físicas. A principal lesada no final é a consciência social. O filme é puro entretenimento, e visualmente é memorável. Um dos melhores títulos da última década, sem sombra dúvidas. E quem é que nunca desejou fazer isto ao patrão?

Por último, Sala de Pânico. Talvez o filme menos conseguido de Fincher. A história de uma mãe (Jodie Foster) e filha (Kristen Stewart) enclausuradas na divisão de uma casa onde três assaltantes procuram uma fortuna. O filme, ainda que pautado por algumas cenas entusiasmantes, acaba por não adquirir a consistência desejada, e que estava presente nas três obras anteriores do realizador. Digamos que se saísse amanhã uma caixa com os cinco filmes que Fincher já realizou, este talvez nos fizesse hesitar mas, por pouco tempo. É claro que levaríamos a box para casa.

Em suma, um percurso notável, que nos leva a aguardar com enorme expectativa por Zodiac. Em breve falaremos dele.

Alvy Singer

7 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Só falta aí o Alien 3...

Adorei o Se7en, gostei de O Jogo e não desgostei da Sala de Pânico.

Não gostei do Clube de Combate. Achei vaidoso, forçado e absurdo. Dá a ideia de aspirante a alternativo.

Já anseio pelo Zodiac, desde o ano passado. Veremos no que dá.

16 de maio de 2007 às 00:10  
Blogger Alvy Singer said...

Luis, o Alien 3 só não foi abordado neste post porque está incluido na primeira parte desta retrospectiva, que fala exactamente do percurso de Fincher até ao Seven. Pode encontrá-la no arquivo do mês de Março.

Hum... acha o 'Clube de Combate' forçado? Devo dizer que discordo de si, apesar de preferir também o 'Se7en'. No entanto, logo a seguir e num patamar muito elevado estão O Jogo e Clube de Combate.

16 de maio de 2007 às 00:35  
Blogger João Bizarro said...

Este é daqueles realizadores que não sabe fazer filmes maus.
Pelo menos a meu ver.
Desde o Alien 3 ao Panic Room, gostei de todos. Claro que há uns mais que outros, mas no geral o tipo é mesmo bom.

Venha de lá o Zodiac que eu já estou em pulgas...

16 de maio de 2007 às 11:00  
Anonymous Anónimo said...

Sem dúvida que "Clube de Combate" é um dos meus filmes favoritos, e as razões para tal são primeiro de tudo David Palahniuk, que sem ele a história não existia e também foi graças a ele que se consegue aquele efeito surpresa que é tão característico deste escritor (para quem já leu outras obras dele sabe do que falo. obras como "Sobrevivente" ou "Monstros Invisíveis" deixam o leitor completamente espantado nas últimas páginas do livro quando tudo começa a fazer sentido, ou quando começa a fazer um sentido diferente do que já tínhamos sentenciado). ou seja, David Fincher tem aqui o trabalho facilitado por assim dizer, porque já desde o inicio que teve uma grande história e que só por si já é muito cinematográfica (mais uma vez, como todas as obras de David Palahniuk, que além de serem grandes, devoram-se com uma rapidez incansável).

mas claro, que factores como a realização foi essencial para o sucesso e elevada qualidade deste filme. se não fosse por ela, possivelmente teria sido mais um. destaque também para Edward Norton e Brad Pitt que estavam fenomenais.

mas para mim "Se7en" foi bom, mas não tão bom. até achei o filme bem normal, nada que me espantasse ou fizesse pensar muito. o mesmo digo de "Sala de Pânico".

agora, em relação a Zodiac, sinceramente não me inspira confiança. claro que pode ser uma surpresa, mas até que ponto é que se pode variar muito neste tipo de filmes com este tipo de histórias? não me está a chamar para o ir ver. espero que saia do cinema e alugo. sou muito céptico quando a história de algo não é tão original quanto se espera. e este é um desses casos.

16 de maio de 2007 às 12:13  
Anonymous Anónimo said...

Alvy Singer
Sim, não gostei do Clube de Combate. Eu sei que é estranho (e digo já que não tenho a mania do alternativo nem do diferente), mas é daqueles filmes que não entra. Fui com expectativas razoáveis para o dito e desiludi-me completamente. Até adivinhei o final.

Não posso dizer que não tentei, mas não gostei mesmo. Achei mesmo forçado. Achei que é daqueles filmes fáceis de gostar para quem precisa de um filme menos vulgar para a sua lista de preferidos.

Mas hey.. é só uma opinião. A maioria não concorda e isso está visto pelo mundo todo.

17 de maio de 2007 às 01:11  
Anonymous Anónimo said...

é sem dúvida um filme a não perder, e só não vou hoje na noite de estreia por falta de tempo! mas amanhã lá estarei (não na primeira final, porque neste caso é a pior!) em pulgas para ver o tão aguardado filme de David Fincher... pode ser muito pior que Seven ou Fight Club, e mesmo assim eu irei gostar na mesma!!

17 de maio de 2007 às 22:44  
Anonymous Anónimo said...

Fincher é um mestre cineasta, um Scorcese imaturo, arrogante e frenético no que diz respeito a passar mensagens importantes a todos os níveis, mas por isso mesmo é imaturo. Se7en é um grande filme com pontos interessantes, humanistas e revolucionários. Fight Club é gerido com os mesmo padrões mas nao invoca nada de tão transcendente como o que Fincher fez com Se7en. Em o Jogo Fincher procurou "brincar" um bocado com o imaginário, a alegoria do pragmatismo e a supreendência clássica do grande ecrã, bastante notável e conseguido. Três grandes títulos para um grande cineaste moderno.

19 de agosto de 2007 às 19:09  

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