Deuxieme


domingo, maio 06, 2007

O lado negro também de Sam Raimi

A espera de dois dias foi suficiente para alterar a principal razão por detrás do interesse em ver este filme. O entusiasmo que antecedia a segunda sequela de uma saga em que o filme anterior, não só é melhor do que o primeiro, como é um dos melhores de sempre de super-heróis, deu lugar à incompreensão perante tamanha recepção por parte da crítica, assim que o filme estreou. Encontrar uma opinião positiva sobre Homem-Aranha 3 tornou-se tarefa complicada e, para o entender, nada melhor do que vestir o fato vermelho e azul, colocar a máscara, entrar no ambiente da coisa, e entregarmo-nos ao filme.

Contudo, logo aí percebemos que algo não está como deveria, pois é o próprio filme, com um início atabalhoado, que não permite um acesso natural às histórias que se começam a desenrolar. As pontas do novelo vão-se soltando a uma velocidade acima do aconselhável e, num minuto contemplamos o romantismo de Peter e Mary Jane, para no seguinte descobrirmos que o simbionte alienígena aterrou no planeta Terra. Logo depois acompanhamos a entrada em cena de Sandman e da sua família, imediatamente antes de assistirmos aos maliciosos preparativos do jovem Osborn. Cedo entendemos então que a) ou o filme será longo ou, b) muitas coisas permanecerão uma incógnita. Porém, uma terceira hipótese existe e, essa, que aprendemos nas aulas de aritmética decorre da junção da ordenada a) com a abcissa b), diz-nos que c) o filme é demasiado longo e muitos aspectos permanecem uma incógnita. Infelizmente, a terceira possibilidade é a que se concretiza. Não pretendendo desenhar o pior dos cenários, o filme está longe de ser uma enorme decepção. Muito pelo contrário. Porém, depois das duas obras que a antecedem, esta terceira parte permite uma analogia muito célere com a saga de Batman. A principal diferença é que, neste caso, o realizador mantém-se. E, sendo este Sam Raimi, tal facto não deixa de ser assustador.

A verdade é que Homem-Aranha 3 não consegue captar nem a simplicidade narrativa do filme original, nem as cargas explosivas de acção que percorrem o segundo capitulo. No entanto, a impressionante sequência final não deixa, provavelmente, de ser o mais emotivo clímax da saga.

No fim, a ideia que fica é a de que a porta perra no quarto de Peter é a mesma que impede o espectador de entrar nos múltiplos enredos do filme. O desenvolvimento das histórias é bastante satisfatório, e algumas cenas são mesmo visualmente deslumbrantes, porém, é com algum esforço e muitos empurrões que o espectador vai avançando pelo filme. Não devia ser assim. Não depois daquilo que já vimos Spidey fazer. Não concordando na totalidade com o que se segue, estas são algumas das críticas que se têm lido na imprensa:

‘O terceiro filme do super-herói aracnídeo padece de excesso de enredos e subenredos, excesso de gigantismo e de já ser mais uma animação digital mal disfarçada do que outra coisa’. – Eurico de Barros, DN

‘Sam Raimi em automático piloto industrial falha redondamente: "O Homem Aranha III" fica-se pela evidência e pela oferta primária de um objecto informe, para consumo acrítico dos fãs incondicionais. Mais nada’. – Mário Jorge Torres, Público

Dito isto, acrescente-se que o filme arrecadou 148 milhões de dólares, só nos Estados Unidos, no fim-de-semana de estreia. Que isso seja um incentivo à realização imediata de um quarto filme. Impõe-se algo que restitua a cultura ausente nesta terceira parte. Normalmente, o orgulho ferido é uma causa tão boa como outra qualquer. Pelo menos é isso que se depreende, quando vemos a bandeira norte-americana num dos planos deste filme.

Alvy Singer

6 Comments:

Anonymous Anónimo said...

até que concordo com o que diz Alvy... mas até que me surpreendeu o filme. não foi o que esperava. mas também foi igualmente bom. mas nada melhor do que deixar aqui a minha opinião:

"Pela terceira vez, Peter Parker é interpretado no grande ecrã e há que dizer que nunca esteve tão bem. Desde a momentos bem humorados e cómicos até a cenas de acção de cortar a respiração passando ainda por um grande leque de personagens muito bem recriadas, este filme tem de tudo para todos.

Desta vez a história retrata as alterações na vida deste super-herói causadas graças a um ser vindo do espaço: simbiose. Enquanto que já lidava com o problema de ter sido descoberto o verdadeiro assassino do seu tio, a simbiose veio dar-lhe as "forças" que ele precisava para enfrentar este adversário. Contudo, com o poder vem não só grandes responsabilidades mas também grandes problemas. Esta simbiose apodera-se de tal modo de Peter que ele deixa de ter controlo sobre si mesmo, deixando tudo e todos num caos total. Terá de lidar com os seus problemas familiares (e extra-conjugais), mais a vingança por parte de Harry (seu melhor "amigo") e ainda mais dois inimigos que lhe vão dar muitas dores de cabeça. Não podia estar mais recheado este filme, e a sua duração de 2h20min demonstram isso mesmo.

Toda a história é muito bem contada, conseguindo falar de vários pormenores das várias personagens e conseguindo no final reuni-las a todas de forma muito eficaz. Mas, como já se esperava, o final é conclusivo não deixando margens para um quarto capítulo (que Tobey Maguire já disse não estar interessado). Não é nada que impeça de existir um quarto filme, mas sem os mesmos actores (principalmente Tobey Maguire) a alma do filme, em grande parte, perde-se. Para quem leia as bandas desenhadas também conseguirá notar várias parecenças, assim como algumas alterações. Contudo, a meu ver, estas alterações vieram para melhor, e sendo feitas por quem são (Stan Lee, criador de Spider-Man), não vejo problema algum em ele alterar o que quiser, já que sendo ele o criador, todas as alterações feitas não retiraram a essência às personagens, sempre muito fiéis às suas origens.

Durante todo o filme momentos mortos não existem. Mesmo aqueles mais parados conseguem deixar sempre o espectador colado ao ecrã. As cenas de acção deste filme foram reduzidas, ou no mínimo mantiveram-se em número igual, mas se num filme de 1h30min tínhamos 4 cenas (ou talvez 5) de acção, neste temos as mesmas, mas como tem mais uma hora de duração, faz com que sejam mais distanciadas e não sejam usadas de forma a dar seguimento ao filme. Para isso temos a história que faz o seu trabalho lindamente.

Mas, este é um filme que vive muito graças ao seu visual, e neste terceiro capítulo, não fica atrás dos seus antecessores. Grande destaque para o Sandman que foi criado com um enorme detalhe e todas as cenas em que ele aparecia eram de uma realidade imensa. A primeira vez que ele surge como Sandman está deslumbrante, e é possível observar cada grão de areia que o constitui. O próprio Spider-man sempre que é feito digitalmente consegue estar fielmente recriado digitalmente, talvez tirando uma ou duas vezes em que se era capaz de notar algo criado digitalmente, mas nada que afecte a qualidade do filme. O Venom, além de estar muito agradável visualmente, talvez não tenha impressionado tanto como o Sandman. Tinhamos uma personagem viscosa como se esperava, muito idêntica à sua personagem da banda desenhada. Mas que não conseguiu surpreender. Também foi pouco o tempo em que a personagem aparece, mas podia ter sido bem melhor, disso não há dúvida. Mas no geral, em termos de efeitos especiais, estiveram à altura do desafio.

No que diz respeito à realização é já o habitual em Spider-Man. Sam Raimi não faz nada que desiluda mas não faz nada que também surpreenda. Muitas das cenas que podiam envolver mais mestria na arte de realizar um filme são praticamente recriadas digitalmente, bastando assim dar indicações para que surja o que se quer, não envolvendo grande afinco por parte do realizador. As restantes, estão bem conseguidas, mas como já disse anteriormente, não surpreende nem desilude. Estão simplesmente bem.

Em termos de banda sonora também é já habitual aos restantes filmes. Cria um bom ambiente, sendo intensa quando o tem de ser e calma quando é aconselhado, ausenta-se na altura certa, e volta nas medidas correctas. Talvez um problema comum a grande parte de todos os factores envolvidos no filme seja mesmo a não renovação dos responsáveis pela concretização deste filme, não conseguido variar muito do 1º para o 2º e finalmente para o 3º filme do aracnídeo mais famoso do planeta.

Em suma, é um filme a não perder sem dúvida alguma, a sua longa duração é algo mínimo que passa num instante de tão empolgante que consegue ser. Uma ida ao cinema que não se deve deixar passar ao lado."

@ http://cineman.coresp.com/forum/

6 de maio de 2007 às 23:49  
Anonymous Anónimo said...

Sou obrigada a cordialmente discordar, "cinemaniac". 'Peter Parker nunca esteve tão bem' parece-me excessivo, para não dizer mesmo, uma enorme mentira, ou inverdade, na giria futebolistica. Aliás, onde Peter Parker está melhor, é no primeiro filme. Onde o Homem-Aranha está melhor é no segundo. Aqui tenta-se dividir o mal pelas aldeias, e acabamos por ficar com fome de história em ambos os lados. Subscrevo o comentário do Alvy Singer... O meu super herói preferido já fez bem melhor do que isto. E o melhor mesmo, foi Harry Osborn.

7 de maio de 2007 às 12:27  
Anonymous Anónimo said...

somos livres de discordar uns dos outros, desde que seja feito correctamente como a Anabela o fez ;)

em relação ao segundo filme para mim foi o pior. já que foi mais do mesmo, e ainda tinha mais acção e menos história. o 1º realmente achei-o muito bom, mas tendo em conta que o 3º tinha mais história e não tanta acção comprimida num curto espaço de tempo, gostei mais deste. isto tem também a ver com gostos como é lógico, mas preferi este ao 1º, e prefiro o 1º ao 2º.

7 de maio de 2007 às 13:01  
Blogger Nunovsky said...

Devo dizer que embora este filme pudesse ter sido melhor , pois algumas personagens são sub-desenvolvidas e outras nem sequer são devidamente aproveitadas ( como é o caso de Venom ) , este Spider-Man 3 , embora não sendo uma obra prima , não deixa de ser um bom filme. Achei a estória menos repetitiva que a do segundo ( que não considero ser o melhor filme de super hérois jamais feito - Batman Returns é bem melhor ) , visto que desta vez não está envolvido nenhum cientista mas sim uma pessoa normal , que como ela própria diz : " I´m not bad , I´ve just had bad luck !". Os efeitos especiais , embora pudessem ter sido melhores , são verdadeiramente impressionantes , principalmente durante a primeira batalha entre Harry e Peter , e a gigantesca sequência final . Acho que os actores estiveram bem , principalmente Tobey Maguire e Thomas Haden Church pois nunca chegamos a odiar o vilão Sandman. Só espero que o próximo filme consiga , se não superar , igualar este.

7 de maio de 2007 às 17:12  
Blogger Miguel Ferreira said...

O que sempre me fascinou no Homem-Aranha foi, apesar de todos os apetrechos visuais, a simplicidade intimista com que a história era contada, uma forte empatia nascia e os problemas de vida que Peter Parker enfrentava eram espelho dos nossos próprios fantasmas. A frase pintada no poster indicava de novo para uma abordagem interior, The battle within, sim todos nós travámos amargas lutas e sabemos que as piores são aquelas em que o adversário somos nós mesmos. E é aí que o filme coxeia, ao contrário dos seus antecessores, não consegue manter a polegada forte que desenhava esta saga. Preenche a lacuna dos poucos e mal caracterizados mauzões e desta vez dá-nos logo três, três linhas distintas, mais o romance Mary Jane-Peter Parker, mais o lado negro, mais uma loura de curvas sinuosas, mais e mais.Está cheio o filme, e tem momentos incríveis, de acção(efeitos do mais fantástico que se faz por aí) e de comédia(delicioso quando ele tira areia dos sapatos), sempre com ritmo até ao final, perdendo apenas na personagem central e todas as suas angústias (pedia-se um lado negro muito mais escuro e não apenas um cabelo lambido). Gosto, mas já não me vejo aqui.
(http://creditos-finais.blogspot.com/)

7 de maio de 2007 às 23:44  
Anonymous Anónimo said...

O que me xateia nestes filmes é não corresponderem minimamente ao que se passou na BD, o simbionte não veio do espaço, estava noutro planeta onde o Homem Aranha e mais uma série de super herois marvel tiveram de ir para derrotar um semi deus chamado Beyonder :)
Mas eu percebo que por isto em filme era complicado.

8 de maio de 2007 às 14:05  

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