Globos.
Só para termos uma ideia do tempo que já passou desde que foram anunciados os vencedores dos Globos de Ouro, entre domingo e hoje, a gasolina voltou a subir, Cristiano Ronaldo foi eleito o melhor jogador do mundo pela FIFA, e Osama Bin Laden deu novamente sinais de vida. Por esta altura, já não será novidade para ninguém quem ganhou o quê. Ainda assim, precavendo os afincados operários sem um minuto de descanso, que não conseguem acompanhar as últimas de Hollywood com a mesma facilidade – e, partindo do principio risível de que este blog é o local escolhido para o fazer quando têm hipótese –, aqui fica a lista completa.
Agora, sobre a edição deste ano e do seu significado para a próxima cerimónia dos Oscar, estamos em crer que acabámos de assistir aos Globos de Ouro mais inconclusivos de sempre. No dia seguinte, os ACE anunciaram os seus nomeados. Frost/Nixon, Slumdog Millionaire, The Dark Knight, The Curious Case of Benjamin Button, e Milk. Os cinco do costume. Os cinco que têm figurado em quase todas as listas de cinco finalistas, na categoria de Drama – recorde-se que Milk não foi nomeado para os Globos, mas The Reader. E, por esta altura, estranhamente, ainda parece prematuro afirmar quem leva vantagem. Se apenas dois ou três estivessem sempre presentes, mais facilmente se identificaria um favorito. No entanto, isto não muda. São sempre os mesmos. E, apesar de Slumdog Millionaire ter levado para casa os Globos de Melhor Filme de Drama, Melhor Realizador, Melhor Argumento e Melhor Banda Sonora, o filme de Danny Boyle não saiu do Beverly Hilton Hotel com qualquer avanço em relação aos demais. Aliás, a existir um vencedor em toda a linha que não adiantasse nada à corrida, era Slumdog Millionaire. Estamos a falar da Imprensa Estrangeira de Hollywood. É natural que haja uma inclinação para premiar obras que não respirem o ar de Los Angeles. Qualquer um dos outros três a levar os Globos – The Reader não entra nestas contas – e a história seria outra.
Ao mesmo tempo, é possível concluir que as grandes ameaças a estes cinco, no que à categoria de Melhor Filme diz respeito, não provém da lista de nomeados ao Globo de Ouro de Melhor Filme Comédia ou Musical. O único que ainda pode sonhar com a nomeação ao principal Oscar é Happy-Go-Lucky. Ver Vicky Cristina Barcelona nomeado seria, no mínimo, injurioso, se nos lembrarmos que o belíssimo Match Point, muito mais ovacionado, falhou o feito. Na verdade, quando já falta menos de uma semana para conhecermos os nomeados, acreditamos mais na nomeação de The Wrestler, The Reader ou, até mesmo, Doubt. No entanto, os dois outsiders que nos parecem melhor posicionados, e que podem aparecer quase sem dar por eles, com hipóteses de surpreender inclusive ainda mais lá para o final da corrida, são Wall-E e Gran Torino. Sobretudo, este último. O filme de Eastwood estreou na última semana do ano, e muitos não viram os screeners a tempo. Ou seja, nas nomeações para os Globos, talvez mais de metade dos membros ainda não tinha visto o trabalho de Eastwood. Este fim-de-semana, Gran Torino liderou o box office, nos Estados Unidos. E, se há coisa que já aprendemos ao longo dos anos, é que a AMPAS gosta de filmes que se portem bem nas bilheteiras. Neste momento, Gran Torino será possivelmente o mais forte candidato a importunar um dos cinco senhores que acha que a nomeação já cá canta. O robot da Pixar também tem direito a sonhar. Agora, se já é difícil imaginar um daqueles cinco de fora, dois já roça o domínio do inadmissível. Ainda assim, num ano marcado por uma hegemonia perturbante, a Academia de Hollywood quererá certamente deixar a sua marca. Como sempre. Nathaniel Rogers captou bem o espírito de indignação que alguns críticos começam a sentir, ao fim de algumas semanas a ver quase sempre os mesmos cinco nomeados.
"I’m so confused right now. I swear that I saw 113 movies in 2008 and I’m beginning to think that I imagined 108 of them. Did I? Are these the only 5 movies that came out in 2008? It sure seems like it. Who knew that movie theaters were so empty all year? I specifically remember being in movie theaters and in all kinds of places and weather, too. Am I losing my mind?".
Porque a AMPAS gosta de manter uma identidade própria, e nomear obras que, por vezes, até não se percebe muito bem como é que entraram ali, estamos em crer que estas cinco não serão as finalistas na categoria de Melhor Filme. Até podem ser as melhores do ano, não é isso que está em causa – mas devia. Contudo, uma delas, pelo menos, deverá ficar de fora. Seis dias para sabermos qual.
Bruno Ramos
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