1999.
Ainda a propósito daquele post sobre os diferentes títulos nomeados às principais categorias dos Oscar, e de como esse número pode ser reflexo da qualidade do ano cinematográfico, Alvy Singer decidiu pesquisar um pouco mais, andar par trás, e ver se existia alguma espécie de ano de ouro. Algumas variações existem, é certo, mas nada de verdadeiramente extraordinário. Anos melhores, anos piores, a quantidade de nomeados vai variando, mas nunca em valores significativos. No entanto, o número deste ano continua a colocar 2008 nas posições inferiores da tabela. Contudo, isso são contas para outro rosário. O que noz traz aqui é algo mais espiritual. Menos matemático. Uma revelação, poder-se-á dizer. A verdade é que, ao realizar esta mini investigação, pude confirmar que a década de 70 continua a ser a preferida, por estes lados. Com cineastas como Steven Spielberg, George Lucas, Francis Ford Coppola, Martin Scorsese, William Friedkin, Robert Altman, Terrence Malick, Stanley Kubrick, Woody Allen, Sidney Lumet, Mel Brooks ou Alan J. Pakula, a trabalhar a todo o vapor, e com criatividade para dar e vender, deve ter sido um tempo do camandro para se ir ao Cinema. No entanto, aquilo que desconhecia, e parece ter sido descoberto há coisa de dois ou três dias, é que 1999 deverá ser o ano cinematográfico mais idolatrado. Mais do que qualquer outro. E, as razões são muitas.
Este foi o ano de Three Kings (David O. Russell), Rosetta (Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne), Todo Sobre Mi Madre (Pedro Almodóvar), The Cider House Rules (Lasse Hällstrom), Sweet and Lowdown (Woody Allen), The Straight Story (David Lynch), Sleepy Hollow (Tim Burton), The Hurricane (Norman Jewinson), The End of the Affair (Neil Jordan), Tumbleweeds (Gavin O’Connor), The Talented Mr. Ripley (Anthony Mingella), Boys Don’t Cry (Kimberly Pierce), Girl, Interrupted (James Mangold), The Blair Witch Project (Daniel Miryck e Eduardo Sánchez), Topsy-Turvy (Mike Leigh), South Park: Bigger, Longer & Uncut (Trey Parker), Man on the Moon (Milos Forman), Notting Hill (Roger Mitchell), e Eyes Wide Shut (Stanley Kubrick). No entanto, os dez preferidos, e que mais contribuíram para o enorme peso deste ano foram os seguintes.
10 – Fight Club (David Fincher) – Um filme sobre uns quantos revoltados que passam os tempos mortos à bulha, e a mandar valentes sopapos uns nos outros, em nome da anarquia e oposição à sociedade de consumo, e que acaba por ser tudo menos isso.
09 – The Matrix (Andy e Larry Wachowski) – Filosofia e religião sempre foram boas aliadas da ficção-cientifica. Os irmãos Wachowski equilibraram estes vértices num triângulo equilátero, e ofereceram-nos um dos filmes com os efeitos especiais mais espectaculares do século XX. Por mais goofs que encontrem, continua a ser uma obra sublime.
08 – The Green Mile (Frank Darabont) – O mundo esperava um novo The Shawshank Redemption. Não ficou longe. Focando um tema sensível, o filme mostrou que a justiça nem sempre é cega, e os milagres podem acontecer. Em qualquer lado.
07 – Election (Alexander Payne) – Uma sátira regada com cinismo agudo, que colocou Payne no centro do universo independente norte-americano. Uma comédia adolescente feita à medida daqueles com um pé na idade adulta. Reese Whiterspoon, em grande estilo, a mostrar de que material era feita.
06 – Being John Malkovich (Spike Jonze) – O filme mais original do ano. Todos os filmes são diferentes. Mas, relativamente a este, nem um parecido conseguimos encontrar. Esquisito, surreal, sem género que o abarque. Não é comédia. Não é drama. É mais que a soma das partes.
05 – The Sixth Sense (M. Night Shyamalan) – Desgraçado, aquele que caminha para o visionamento do filme de Shyamalan, sabendo aquilo que esconde o maravilhoso twist. Terror psicológico requintado, um imaginário palpável, e interpretações de luxo, numa obra absolutamente memorável.
04 – Magnolia (Paul Thomas Anderson) – Aquilo que um filme mosaico deveria ser. A conjugação de histórias e o deslindar de enredos secundários, num quadro maior, desarma-nos impiedosamente. A importância do detalhe, como que a premiar o espectador atento. Até os sapos são bonitos.
03 – Toy Story 2 (John Lasseter) – Aqui, tudo é ilusão. É necessário imaginar que os brinquedos ganham vida, e andam por aí a laurear a pevide. Ao mesmo tempo, temos de ser capazes de compreender o conceito de imortalidade. Exigente. Definitivamente, um filme que vai até ao infinito, e mais além.
02 – American Beauty (Sam Mendes) – Não fosse por mais nada, e a obra de estreia de Mendes valeria apenas pela sequência do saco de plástico. No entanto, existe uma banda sonora divinal por trás, um argumento sublime, um elenco magnífico, uma direcção de fotografia magistral. A lista continua.
01 – The Insider (Michael Mann) – Sem pressas. Sem papas na língua. O argumento de Eric Roth demora a chegar lá, mas chega. Cada segundo é precioso. Intenso. Um filme de parada e resposta, com Russell Crowe a revelar todos os seus atributos, e Al Pacino a relembrar-nos todas as suas qualidades. O Cinema foi feito a pensar nisto.
Alvy Singer
9 Comments:
Magnólia é, para mim, o melhor filme de 1999. Gostei de ver Toy Story 2 nessa lista.
Reduzir Fight Club a essas palavras, ou, pelo menos, da forma como o fez é quase criminoso. A obra de Fincher é tão complexa e magnificente que não merece, quanto a mim, ser reduzida a palavras com tão pouco significado.
tal como boa parte das referencias neste post, fifeco, fight club é obra mais complexa do que texto para tres ou quatro linhas. não se zangue.
"Eyes Wide Shut" é um dos melhores filmes do século XXI (e o melhor de Kubrick segundo as suas próprias palavras), e não entra num top 10 de 1999.
Algo de muito errado se passa.
Um grande ano de cinema, sem dúvida. E tb uma chamada de atenção para se (re)ver alguns dos filmes mencionados.
Alguém me pode dizer onde e a que horas é que os Oscares vão ser emitidos? Será que alguém me pode elucidar?
Obrigada!
Ritha, os Oscar serão emitidos na Tvi, no próximo Domingo, a partir das 00h15.
Muito obrigada! A deuxieme sempre a ajudar cinéfilos em apuros.
Lá estarei eu, em frente da televisão, com um cafézinho para ver se o sono não me vence.
Segunda falaremos então!
Grande ano, sim senhor! Para mim, a lista é liderada por Magnolia.
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