Previsões - Argumentos.
Ao longo desta semana, é vira o disco e toca outra categoria. Até Domingo, como ontem anunciámos, tentaremos encontrar alguma lógica nos nomeados às principais categorias dos Oscar. O objectivo é que não caia o Carmo e a Trindade, quando ouvirmos como vencedor um nome que não desejávamos. Pelo menos, já o esperávamos. Puxarem-nos o tapete sem estarmos à espera é que não.
Na categoria de Melhor Argumento Adaptado, o grande favorito é Simon Beaufoy e Slumdog Millionaire. Estamos mesmo em crer que este é o troféu mais garantido da noite para o filme de Danny Boyle. E, caso não leve para casa este Oscar, duvidamos seriamente que leve o de Melhor Filme. No entanto, tal não deverá acontecer. Beaufoy já ganhou nos BAFTA, na Broadcast Film Association, Globos de Ouro, National Board of Review (ex-equo), Scripter Award e, mais importante, nos Writers Guild Awards. Para além destes, meia dúzia de círculos. É o escândalo no Kodak Theater, se Slumdog Millionaire não vencer nesta categoria. No entanto, convém não esquecermos o vencedor que dividiu a distinção da National Board of Review. The Curious Case of Benjamin Button. Eric Roth e Robin Swicord compartilharam com Beaufoy a honra de triunfar na NBR. E, acreditamos que este será o principal adversário do grande favorito. Porém, Roth já conta com um Oscar no currículo – esta é a sua quarta nomeação –, a Academia não deve dar-lhe outro tão rapidamente, e as comparações de que Benjamin Button e Forrest Gump foram alvos, não beneficiaram as probabilidades do primeiro. Agora, se a Academia vetar novamente na consagração de Kate Winslet – e, partindo do principio que Roger Deakins jamais ganhará um Oscar –, esta categoria pode trazer a distinção que tantos parecem querer dar a The Reader. Nesse caso, David Hare – nomeado pela segunda vez depois de The Hours – seria o grande vencedor. Porém, este cenário parece-nos mais que improvável. Peter Morgan, pela adaptação da sua peça Frost/Nixon, não parece ter grandes hipóteses. É verdade que Morgan venceu nos círculos de Las Vegas e San Francisco, contudo, estes continuam a ser dos menos representativos. Esta é a segunda nomeação de Morgan, depois de The Queen. Ainda é cedo para um Já merecia. John Patrick Shanley, também pela adaptação de uma peça da sua autoria, menos hipóteses parece ter ainda. A cada dia que passa, Doubt parece reunir menos apoiantes. Cada vez mais são aqueles que asseveram que adaptação não significa somente colocar uma câmara à frente de actores. Os diálogos continuam a ser bastante elogiados, no entanto, para muitos, parece faltar-lhes a chama da sétima arte. Shanley já ganhou um Oscar em 1988, pelo argumento original de Moonstruck. Dois em dois, com tão curta carreira, seriam um exagero.
A categoria de Melhor Argumento Original é a de Melhor Fotografia, no ano passado. Este será o galardão cujo anúncio do vencedor será escutado com maior atenção. Se a noite dos Oscar é uma caixinha de surpresas, estes cinco nomeados podem traduzir-se num autêntico caixote. Neste momento, é impossível antever o quer que seja, com este lote de finalistas. Mais facilmente adivinhamos o vencedor se despejarmos uma dúzia de búzios em cima da mesa, e atirarmos o primeiro nome que nos vem à cabeça, do que se entrarmos em presságios mais ou menos científicos, com base em exemplos de anos transactos. A última vez que esta categoria não incluiu um único título nomeado para o Oscar de Melhor Filme foi em 1991, quando Callie Khouri venceu por Thelma & Louise. Daí para cá, a Academia tem mostrado que estar nomeado para a principal estatueta pode significar vantagem, mas não mais do que isso. Em 1995, The Usual Suspects bateu Braveheart, Em 2000, Almost Famous superou Billy Elliot, Gladiator e Erin Brokovich. Em 2002, Hable con Ella levou a melhor sobre Gangs of New York. E, em 2004, Eternal Sunshine of the Spotless Mind triunfou sobre The Aviator. Talvez por essa razão tenhamos alguma relutância em admitir que Dustin Lance Black é um pouco mais favorito que os restantes. O seu argumento de Milk valeu-lhe a vitória no Writers Guild Award, o prémio mais importante na corrida para o Oscar. Acrescente-se os círculos de Boston, São Francisco e Southeastern, e o único representante de um filme nomeado para Melhor Filme, e temos um sólido candidato. No entanto, este foi o ano em que Wall-E redefiniu o género da animação. A nomeação na principal categoria continua a ser discutida por muitos. Se calhar, mais ainda são aqueles que o consideram como o melhor filme de animação de todos os tempos. E, para distanciá-lo dos demais, nada melhor que o triunfo numa categoria em que nenhum filme animado ganhou até hoje. Andrew Stanton, Jim Reardon e Pete Docter, que venceram nos círculos de Chicago e Central Ohio, podem fazer História no próximo dia 22. No entanto, se a Academia quiser provar que o conservadorismo é coisa de outros tempos, In Bruges será a selecção mais óbvia. Se quiser mostrar que Hollywood está mais do que receptiva a propostas irreverentes e de outras paragens, o argumento de Martin McDonagh, que venceu nos BAFTA, será o distinguido. Courtney Hunt tem ganhou prémios atrás prémios, pelo seu Frozen River – que, por cá, continua sem data de estreia. Contudo, nenhum deles pela escrita do guião. A Academia poderá querer vincar as qualidades do único filme indie caseiro, atribuindo-lhe o Oscar nesta categoria. A não ser que passe por Melissa Leo esse sublinhado. Por último, Mike Leigh. Esta é a sua quarta nomeação na categoria de Melhor Argumento Original – sexta, no total, se contarmos com as duas para Melhor Realizador. Leigh, nunca ganhou. Mas, merecia-o, em 1996, pelo belíssimo Secrets & Lies. Aos 65 anos, a vitória soaria a recompensa. Não seria a primeira, nem a última vez.
Bruno Ramos
1 Comments:
Esqueceram-se do Happy-Go-Lucky? Ou a omissão foi propositada?
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