Deuxieme


quinta-feira, dezembro 21, 2006

Joe Barbera (1911-2006)


Faleceu dia 18 de Dezembro, com 95 anos, Joe Barbera, um nome importante na história da animação norte-americana. Celebrizado através da sua parceria com William Hanna (1910-2001), que durou a quase totalidade da carreira profissional de ambos, foi o co-criador de inúmeros personagens que preencheram o imaginário de várias gerações. Como director de um dos dois departamentos de animação da MGM (o outro era dirigido por Tex Avery), Hanna e Barbera foram parte integrante, nos anos 40 e 50, da idade de ouro do cinema de animação norte-americano com a série Tom e Jerry, que criaram e alimentaram em dezenas de filmes, e cuja altíssima qualidade lhes valeu nada menos que sete Oscares de Melhor Curta-Metragem – a saber Yankee Doodle Mouse (1943), Mouse Trouble (1944), Quiet, Please! (1945), The Cat Concerto (1946), The Little Orphan (1948), The Two Mouseketeers (1951) e Johann Mouse (1952) – fazendo do gato e do rato os personagens que mais Oscar ganharam na história do cinema. Em 1957, com a animação de curta-metragem em declínio nas salas de cinema, a dupla de criadores criou o Hanna-Barbera Studio, dedicando-se quase exclusivamente a animação para televisão, com um sucesso fenomenal. Com os orçamentos reduzidíssimos que a televisão comportava, os dois animadores criaram um sistema em que animavam apenas as partes das figuras que se mexiam (como as pernas ao andar, por exemplo), utilizando o resto do corpo como parte do cenário (que, consequentemente, só se desenhava uma vez), reutilizando as figuras e os movimentos inúmeras vezes ao longo da série. Isto reduziu o numero de desenhos e os custos, mas, naturalmente, empobreceu bastante a própria animação. O impacto da estrutura de produção que criaram, económica e repetitiva, mas funcional e competitiva, foi, para o bem e para o mal, gigantesca no mercado, e sente-se até aos dias de hoje. Entre as inúmeras personagens que desde então criaram, destaque para Yogi Bear (Zé Colmeia em Portugal), os Flintstones (a primeira série de animação em horário de prime-time), Top Cat (ou Manda Chuva), Quick Draw McGraw (ou Pepe Legal), os Jetsons ou Scooby Doo. O legado de Joe Barbera é, portanto, algo polémico, já que, se por um lado foi um realizador de grandes méritos no campo da animação para cinema, foi, por outro, um dos principais expoentes de uma animação barata feita para televisão, de teor essencialmente infanto-juvenil (ao contrário da animação para cinema, que visava todo o público indistintamente), cuja imagem negativa, durante muito tempo, foi colada a toda a animação, mas que também permitiu a sobrevivência da mesma no meio televisivo. De qualquer forma, é inegável que as personagens que tocou marcaram fundo muitas gerações e que Joe Barbera, enquanto pessoa, parece ter deixado apenas memórias positivas em todos os profissionais que com ele trabalharam. Terão os leitores da Premiere memórias positivas das séries que Joe Barber co-criou?

Luís Salvado

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Foi com tristeza que soube da notícia.
As melhores memórias que guardo das suas criaçõe são, sem dúvida, a dupla Tom & Jerry, infinitas tropelias e aventuras, duas personagens eternas, tal como será a memória deste homem.

Aproveito para desejar umas excelentes festas, cheias de películas (começa a não ser natural usar esta expressão) e estrelas.

Para toda a equipa da Premiere um grande abraço deste Vosso leitor.
Bem haja!

21 de dezembro de 2006 às 21:33  
Blogger Misato said...

Durante anos disse mal das animações Hanna-Barbera exactamente pela criação do acima referido estigma que estabeleceu para a animação televisiva e em geral. Mas mesmo cometendo esse pecado, com o tempo, aprendi a apreciar o valor destas animações (as séries de televisão que mesmo nem sempre gostando fui vendo ao longo da minha infância) que marcaram imenso a minha geração e que, vendo à distância, não são assim tão más. Muito pelo contrário, foram criadas personagens incríveis e histórias simples, mas engraçadas e com uma riqueza muito própria (basta ver o número de citações que ainda são feitas, tais como o riso do Mutley ou a célebre frase: "altoaí, Babaloo!"), apesar da confirmada fraca qualidade técnica da animação.

23 de dezembro de 2006 às 02:12  

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