quinta-feira, outubro 26, 2006
segunda-feira, outubro 23, 2006
COMO O CINEMA ERA BELO
O Grande Cinema está de regresso ao Grande Écran da Fundação Calouste Gulbenkian num Ciclo de Cinema intitulado “Como o Cinema Era Belo” com 50 filmes inesquecíveis escolhidos por João Bénard da Costa, entre eles, O Vale Era Verde de John Ford, Estrelas da Minha Coroa, de Jacques Tourneur, E.T – O Extraterrestre, de Steven Spielberg, O Mundo a Seus Pés, de Orson Welles, entre muitos outros. A PREMIERE reuniu alguns saudosistas que hoje fazem parte da crítica cinematográfica, para relembrar esses tempos em que o Grande Auditório enchia para assistir aos filmes, ouvir as apresentações do João Benard da Costa e do Manuel Fonseca e colecionar as folhas batidas e impressas a stencil.Informações: www.gulbenkian.pt
RUI BRAZUNA
Para um adolescente, ávido de novas experiências e conhecimento, a multi-diversidade da atmosfera cultural da Lisboa pós-revolucionária da segunda metade da década de 70 teve um impacte indelével na formação da minha personalidade. (...) Foi aí que descobri, a cinematografia polaca, Fritz Lang, François Truffaut, os clássicos do cinema americano, o cinema mudo sueco, entre tantos outros de uma programação sempre tão diversificada quanto fascinante. Ir aos ciclos da Gulbenkian era então algo mais do que apenas ir ver cinema, era uma verdadeira viagem de descoberta de ideias e sensibilidades cuja influência viria a fazer-se sentir em até hoje.
ANTÓNIO PASCOALINHO
Numa noite de Setembro de 1979, 4 cinéfilos foram ver o Inserts, do John Byrum, nas meias-noites do City Cine. Pelas 2 da matina, marcharam até aos Jardins da Gulbenkian, que as bilheteiras para o Ciclo de Cinema Americano dos Anos 40 abriam na manhã seguinte. Foram cartas, histórias, anedotas e whiskys. Mas vinham aí a Rebecca e outros Hitches, o My Darling Clementine e o Casablanca. Eu era um desses cinéfilos. E nunca mais me esqueci!
JOÃO LOPES
Os ciclos da Gulbenkian, em particular os três dedicados ao cinema americano (décadas de 30, 40 e 50), permitiram comprender uma diferença essencial: a que se estabelece entre a mera acumulação enciclopedista de informações sobre os filmes e o confronto interior (e, por assim dizer, sensual) dos próprios filmes. Por exemplo, percorrer as sombras de Lang era aceder aos mecanismos perversos do mal, do mesmo modo que deparar com a luminosidade de Minnelli nos faz sempre supor que a felicidade pode existir. Mas poder sentir que uma coisa e outra vieram da mesma origem (neste caso, de nome Hollywood), eis o que faz um bom espectador. Isto é, um espectador capaz de nunca se aquietar em nenhuma certeza.
JOÃO ANTUNES
Antes da nova Cinemateca, que surgiu em 1980, com programação regular, a Gulbenkian foi a minha Cinemateca. O primeiro filme que lá vi foi o Paris Nous Appartient, do Jacques Rivette, em Dezembro de 1976, tinha eu 18 anos. Depois do Rivette todo, foi o Visconti e os famosos ciclos de cinema americano dos anos 30, 40 e 50. No total foram 200 filmes, certos. Vi-os todos! E tantas histórias que podia contar. (...) Que saudades tenho do tempo em que vi pela primeira vez, naquele fabuloso ecrã, o Morte em Veneza ou o Vertigo. A Gulbenkian foi a minha Cinemateca.
Se é também um saudosista dos ciclos e do cinema no Grande Auditório da Fundação Gulbenkian, deixe aqui um pouco da sua nostalgia: