Deuxieme


sexta-feira, fevereiro 29, 2008

The Best of... James Horner

Continua o nosso percurso pelos grandes compositores de música para cinema. Depois de Hans Zimmer, John Williams e Alan Silvestri, proponho agora que nos debruçemos sobre o norte-americano James Horner que contribuiu de forma notável para o ramo principalmente nas décadas de 80 e 90. Como sempre, deixo-vos com um pequeno apanhado de algumas das suas mais interessantes bandas sonoras e peço que indiquem a vossa preferida!




Bernardo Sena

OS ÓSCARES E NÓS

Depois da maratona da Noite dos Oscar® na madrugada de segunda, parece ter passado por nós (principalmente pelo meu amigo e frenético Alvy), uma espécie de apoplexia cinematográfica que parece que os filmes acabaram e não encontramos uma razão para pôr um comentário, aqui no Deuxieme. Isto é apenas, o fim de um ciclo, em que as distribuidoras vão começar a estrear o que tem na prateleira e preparam-se já para a nova temporada que aí vem e que começa sensivelmente com o Festival de Cannes e o regresso simbólico daquele que vai ser o herói do ano: Indiana Jones.

Na ressaca dos Oscar®, junto um excerto da inspirada crónica 'A Outra Noite Mais Longa do Ano' de Alexandre Borges em Noite Americana, saída hoje no Meia-Hora e com a qual me identifiquei imediatamente.

'Os Óscares, tal como os amamos, madrugada fora, no sofá, com aperitivos e refrescos, não são cinema, são televisão. E, do ponto de vista televisivo, não importa como foram os filmes. Importa que haja grandes piadas, discursos arrepiantes, homenagens a gente bigger than life. Os Óscares 2008 foram fracos. Não por acusa dos filmes ou da justiça ou injustiça dos prémios, mas porque pouco ou nada rimos ou nos arrepiámos. Vá que no domingo, há Sporting-Benfica.'

segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Vencedores da 80ª Edição dos Óscares



Os Irmãos Coen

Mais uma vez, a cerimónia dos Óscares mostrou porque é um momentos maiores de televisão de todos os anos, e após esta 80ª edição, aqui vos deixo, desde já, os vencedores desta grandiosa noite, em todas as categorias. Os Irmãos Coen são, indubitavelmente, os reis desta fabulosa edição, que contou uma vez mais com a apresentação genial de Jon Stewart. E os vencedores são...


Melhor Filme: Este País Não É Para Velhos

Melhor Actor Principal: Daniel Day-Lewis

Melhor Actriz Principal: Marion Cotillard

Melhor Actor Secundário: Javier Bardem

Melhor Actriz Secundária: Tilda Swinton

Melhor Realização: Joel e Ethan Coen

Melhor Argumento Original: Juno

Melhor Argumento Adaptado: Este País Não É Para Velhos

Melhor Fotografia: Haverá Sangue

Melhor Montagem: Ultimato

Melhor Direcção Artística: Sweeney Tood, O Terrível Barbeiro de Fleet Street

Melhor Guarda-Roupa: Elizabeth - A Idade do Ouro

Melhor Caracterização: La Vie en Rose

Melhor Banda Sonora Original: Expiação

Melhor Canção Original: Once

Melhor Sonoplastia: Ultimato

Melhor Edição de Som: Ultimato

Melhores Efeitos Especiais: A Bússola Dourada

Melhor Filme de Animação: Ratatui

Melhor Filme Estrangeiro: Os Falsificadores

Melhor Documentário: Taxi to the Dark Side

Melhor Curta Documental: Freeheld

Melhor Curta Acção: Le Mozart des Pickpockets

Melhor Curta Animação: Peter & the Wolf

Óscar Honorário: Robert Boyle

Francisco Toscano Silva

Etiquetas:

A Pluralidade dos Óscares

A 80ª edição dos Óscares – que tratou de premiar os melhores filmes de 2007 – ocorreu ontem no Kodak Theatre, uma vez mais, com grande pompa e circunstância. Jon Stewart foi o anfitrião da cerimónia, que foi uma das mais curtas (cerca de 3 horas e 15 minutos), mas soube agarrar o seu papel e proporcionou-nos vários momentos bons de televisão (a cena do iPhone com o Lawrence da Árabia e o “Óscar Bebé” e as suas nomeadas e vencedora foram delirantes). Perante um constante elogio e referência às edições anteriores, este, contudo, é (mais) um ano de viragem e de novas realidades.

O ponto mais importante centra-se na questão pluralista da arte que é celebrada e homenageada. Cada vez mais as grandes distribuidoras em Hollywood repensam a indústria, e todo o seu conceito do “That’s Entertainment!”, que adquire hoje novas formas criativas, como a noite passada nos demonstrou. Se é certo que o cinema americano ocupa o mais importante papel na sétima arte a nível de espectáculo e “showbizz”, é então certo que todas as escolas e formatos cinematográficos do resto do mundo fazem falta para marcar presença neste grande conceito. Nessa medida, é notório o crescimento plural nas várias áreas do cinema, ou seja é cada vez maior (e mais importante) a influência exterior artística – a nível do visual, da escrita, da representação e outras categorias – dentro do próprio cinema dito “americano clássico”, que se reinventa a cada ano sobre diversas formas (Haverá Sangue, Este País Não É Para Velhos e No Vale de Elah são os mais recentes exemplos a ter em conta).

Como tal, é com alegria que vemos Javier Bardem dirigir o seu (justíssimo) prémio para Espanha, país de grande cinema e autores; por isso também nos comovemos com a alegria inesperada de Marion Cotillard a receber o mais alto prémio feminino, num registo fílmico “poeticamente europeu”. Preferências de parte, contava com a consagração de Paul Thomas Anderson no prémio para melhor obra, sobretudo porque acho que Haverá Sangue "seria" o "justo" vencedor. No entanto, é-me impossível empregar a palavra "justo" desta forma, pois Este País Não É Para Velhos é uma obra-prima (possivelmente o melhor filme dos Coen, seguido de Sangue por Sangue e Fargo), e o prémio assenta-lhe que nem uma luva. Na verdade, não existia nenhum nomeado que não merecesse a estatueta dourada na categoria de Melhor Filme.

Em suma, Hollywood já não se faz valer exclusivamente da “prata da casa”, e reconhece, sem limites nem precedentes, a vida cinematográfica da actualidade, sem constrangimentos nacionais, ideológicos, religiosos ou políticos. E tudo isso nos encaminha para um futuro cada vez mais promissor, onde se alargam fronteiras e horizontes sobre o mundo do cinema. Por tudo isto, ontem foi-nos relembrado que os Óscares, se dúvidas houvesse, não são americanos, são do mundo inteiro.

Francisco Toscano Silva

Etiquetas:

Está tudo ligado.

Quando a poeira assentar, vai ser do bom e do bonito. Alguém vai ouvir, quer queira quer não. E, ou muitos nos enganamos, ou nos nomeados do próximo ano não vai estar apenas um filme que tenha ultrapassado a barreira dos 100 milhões de dólares nas bilheteiras. Ponhamos as coisas nestes modos: se fosse hoje, a Academia tinha escolhido Gangster Americano (Ridley Scott). Tudo por causa das audiências.

O Hollywood Reporter começou por dizer, logo ao início da manhã, que esta tinha sido a edição com menos espectadores dos últimos vinte anos.

“According to ABC’s very preliminary household metered market overnights, the awards averaged a 21.9 rating/33 share. That’s down a sharp 21% from last year and the lowest on record in at least 20 years”.

Mais tarde, a Associated Press já veio dizer que “The Oscars are a ratings dud. Nielsen Media Research says preliminary ratings for the 80th annual Academy Awards telecast are 14 percent lower than the least-watched ceremony ever”.

Isto vai ser bonito. 14% abaixo da cerimónia menos vista? Caramba, por esta altura há produtores cujas cabeças têm um destino mais certo do que alguns clientes de Sweeney Todd. Com 33 milhões de espectadores, a edição de 2003 detinha este incómodo recorde.

Algo onde a Academia não conseguirá deitar a mão tão facilmente será na vitória final. Mas, mesmo assim, estamos convencidos de que tudo farão para que o cenário deste ano não se repita tão cedo. Discordando um pouco da opinião acima descrita, do Francisco Silva, ao atribuir a decisão aos pares, os Óscares tornam-se cada vez mais numa manobra de diversão do que outra coisa qualquer. Não ferindo os justíssimos vencedores de ontem, especulações à parte, George C. Scott tinha alguma razão. Isto também é competição. E, será que temos algo de maquiavélico em nós, se pensarmos que um membro da Academia não vota num determinado colega de profissão por não querer que ele tenha mais reconhecimento? Quando a galinha da vizinha não pode ser melhor que a minha, nada melhor do que escolher a galinha de alguém que vive bem longe. Agora, apesar de acreditar mais nesta corrente, aplaudirei sempre a pluralidade que vimos ontem. Mas, sempre com alguma cautela. No entanto, porque divagações destas não levam a lado nenhum, deixamos uma questão no ar: Que desempenho norte-americano mais merecia figurar entre os ilustres do velho continente? Dando o mote, Ellen Page, por Juno (Jason Reitman).

(Por norte-americano dever-se-á entender o nativo de toda a América do Norte. Se estivessemos a falar exclusivamente dos Estados Unidos, por ser canadiana, a pequena Ellen não podia ser a eleita. E, como eu gostava de ter ouvido o que a pequena Ellen tinha para dizer, com o Oscar na mão).

Alvy Singer

Etiquetas:

Jimmy Kimmel e Ben Affleck, o casal.

Quem não se lembra disto? Depois do hilariante vídeo de Sarah Silverman e Matt Damon, o namorado de Silverman achou que tinha chegado a altura de servir a vingança, no mais frio dos pratos. Sem meias medidas, Jimmy Kimmel decidiu partilhar connosco que anda enroscado com Ben Affleck. O vídeo tem o singelo título de I’m F*cking Ben Affleck, e conta com a participação de gente ilustre como Brad Pitt, Don Cheadle, Robin Williams, Cameron Diaz, Macy Gray e Harrison Ford. Ben Affleck é a estrela da companhia. Só esperamos que isto não acabe com puxões de cabelos e pontapés no baixo-ventre, como em A Guerra das Rosas (Danny DeVito, 1989).



Alvy Singer

Etiquetas: , , ,

As maravilhas do telémovel trazem-nos X Files 2.

Com alguma infelicidade à mistura, três coisas jogam contra X Files 2. A primeira, o facto da série ser claramente um produto nineties. A seguir ao Unplugged dos Nirvana e a A Malta do Bairro (John Singleton, 1991), nada respira tanto à década de noventa como as investigações de Fox Mulder e Dana Scully, saídas da pena de Chris Carter. É verdade que as peripécias destes dois agentes especiais do FBI já terminaram no século XXI, no entanto, a essência e carisma do programa atingiu o seu auge nas primeiras temporadas. Isto faz com que os grandes fãs da série tenham, nos dias de hoje, na melhor das hipóteses, 20 anos. Atenção, pois não queremos ofender ninguém, este país não é para velhos, e falamos aqui na generalidade. Se existe um público-alvo para este filme, ele situar-se-á no restrito intervalo entre os 20 e os 40 anos. Agora, se houver excepções à regra, façam o favor de manifestar-se. A segunda razão prende-se com o primeiro filme. Quando a série visitava os píncaros do sucesso, a transposição para o grande ecrã não teve o impacto que se esperava. Talvez porque, contrariamente ao que muitos queriam fazer passar, Ficheiros Secretos nunca chegou a ser mainstream. Por muito que nos custe, a série continua a ser vista como um objecto mais adorado por Coens, isto é, por aqueles que gostam de brincar sozinhos no recanto do recreio. Terceira e última razão, os protagonistas. Tirando a série, Gillian Anderson e David Duchovny não têm um papel de igual relevo. Estas não são as estrelas da sétima arte que chamam meio mundo à sala de cinema. O recente êxito de Duchovny em Californication acaba por aparecer em boa altura, mas não fará milagres.

Por tudo isto, quando se fala em X Files 2, parece que ninguém está realmente interessado. Parece que estamos a falar de uma coisa estranha, que não dá para perceber bem se é uma sequela, destinada apenas a cotas freaks que apreciam um bom documentário do Discovery Chanel sobre OVNIs. Caramba, se for preciso ser velho para querer ver este filme, que seja. A verdade está lá fora, assim como os fãs silenciosos que aguardam por este título e pelo trailer do mesmo, que aqui deixamos. Apesar da fraca qualidade, por ser filmado numa sala de cinema, só pela reacção do público justificava-se.



Alvy Singer

Etiquetas:

Até o discurso já tem sequela.

Receio estar sempre a insistir na mesma tecla, contudo, com a ténue esperança de que, desse lado, alguém sugira que se erga uma estátua em meu nome, começo este post por dizer que todos os textos colocados esta noite no Deuxieme foram concebidos e serão colocados, sem a preciosa ajuda de um rato. É verdade, no dia em que Ratatui (Brad Bird) atingiu o Olimpo da Ratolândia, o de Alvy Singer perdeu todos os sinais vitais. Ao que parece, o sacana era o motor de todos os conflitos. Até amanhã à tarde, altura em que poderei finalmente comprar a nova ferramenta, as minhas melhores amigas serão ali as teclas do lado direito. Por detrás dos números, escondem-se altos valores da acessibilidade. Ah, bendito sejas Bill, por pensares nas noites frias de Inverno sem rato. Agora, se alguém quiser partir para a ideia da estátua, podemos trabalhar as poses. É uma questão de vermos isso.

Agora, falemos de Marketá Irglová. A fotografia dela já tinha sido escolhida para ilustrar o primeiro post sobre a noite de ontem. A verdade é que nunca tínhamos presenciado uma coisa destas. Pela primeira vez na História dos Óscares, ficámos boquiabertos ao ver alguém subir ao palco, depois de já lá ter estado. Quando Jon Stewart anunciou, depois de um intervalo, que Irglová regressaria para dizer algumas palavras, parecia que estávamos a meio de um sonho. Dado as horas da madrugada a que isto aconteceu, não surpreenderá ninguém se disser que dei uma valente bofetada na cara para ver se estava mesmo acordado. E, verdade seja dita, em boa hora os produtores, ou quem quer que tenha sido, decidiram ir buscar a compositora de Falling Slowly. Com um discurso simples, Irglová foi responsável por um dos momentos mais inspiradores da cerimónia de ontem. Aqui fica o vídeo.



Alvy Singer

Etiquetas:

Que venham os próximos!

Quando a análise dos Óscares é aquilo que se impõe, o dia de ontem de Alvy Singer é o que menos importa. Contudo, devemos dizer que, se partíssemos à procura de um título que melhor descrevesse a série de acontecimentos que tiveram lugar nas últimas 24 horas, o ideal seria uma mistura de Um Dia de Cão (1975), do mestre Sidney Lumet, e Quem Tramou Roger Rabitt? (1988), de Robert Zemeckis. No início da semana, o rato deu os primeiros sinais de que alguma coisa não estava bem. Ontem, todo o computador fez questão de confirmá-lo. Este aparelho que permite manter vivo o hobbie de chegar a esta secretária todos os dias e escrever sobre cinema, está prestes a dar o berro. No entanto, uma milagrosa oportunidade surgiu e este texto atingiu já um número de linhas a que nenhum outro ousou chegar durante o dia de ontem. É que o computador reinicia de 30 em 30 segundos, minando completamente todas as esperanças de contribuir para o Deuxieme. Minando, aliás, a esperança de fazer o quer que seja. Agora, se este texto chegar mesmo ao blog, é sinal de que o esforço valeu a pena. Só espero é que o pobre coitado não tenha de ir para arranjar. Aí é que teremos uma pausa maior.

Enfim, olhemos a magia dos Óscares, que é por isso que estamos aqui. Afinal, não tivemos em consideração todos os factores. Olhámos para a História, para o números de estatuetas que cada um tinha, para a nacionalidade, para o número de nomeações do filme, para os prémios que os nomeados já tinham ganho pelo mesmo, no entanto, esquecemo-nos de olhar para a orientação do vento, para o grau de humidade no ar, para a probabilidade de precipitação e para a vontade suprema de surpreender da Academia. Antes de olharmos os vencedores, vejamos aqueles que foram os principais candidatos para os visitantes do Deuxieme, na previsão que fizemos aqui ao longo da semana:

Melhor Filme – Empate – Haverá Sangue e Este País Não É Para Velhos – 37%
Melhor Realizador – Ethan e Joel Coen – 61%
Melhor Actriz – Marion Cotillard – 31%
Melhor Actor – Daniel Day-Lewis – 72%
Melhor Actriz Secundária – Cate Blanchett – 54%
Melhor Actor Secundário – Javier Bardem – 70%
Melhor Argumento Original – Diablo Cody – 68%
Melhor Argumento Adaptado – Ethan e Joel Coen – 45%
Melhor Fotografia – Seamus McGarvey (Expiação) – 41%
Melhor Montagem – Christopher Rouse (Ultimato) – 50%
Melhor Filme Estrangeiro – The Counterfeiters (Áustria) – 41%
Melhor Documentário – Sicko – 48%
Melhores Efeitos Especiais – Transformers – 74%
Melhor Banda Sonora – Dario Marianelli – 68%
Melhor Canção Original – Falling Slowly – 45%
Melhor Filme de Animação – Ratatui – 95%

Ou seja, todos juntos, só falhámos em cinco, se não contarmos com o empate entre Haverá Sangue e Este País Não É Para Velhos. Curioso que, na previsão para Melhor Actriz Secundária, Tilda Swinton era a segunda aposta daqueles que visitam este espaço. Assim como era Taxi To The Dark Side, na categoria de Melhor Documentário. Aquele em que atirámos mais ao lado (agora está alguém a dizer Ei, eu acertei caraças!) foi Melhor Fotografia. O trabalho de Robert Elswit era a quarta aposta. De qualquer forma, quantas pessoas poderão orgulhar-se de ter previsto todo um leque de interpretações estrangeiras ter levado a melhor? Nem o mais anti-americano dos cinéfilos deve ter sonhado com uma coisa destas. Se, nos actores, a coisa estava mais ou menos decidida, as vitórias de Marion Cotillard e Tilda Swinton não deixam de ser meias surpresas. Especialmente a última.

De Jon Stewart, tem o meu aval para o regresso. Deu-nos aquilo que esperávamos. Contudo, confesso ter gostado mais da sua estreia. Ontem, talvez pelas piadas escritas em cima do joelho após o fim da greve, não tivemos a mesma espontaneidade de há dois anos. Porém, o monólogo inicial, a piada sobre Angelina Jolie e a tirada sobre o agradecimento de Glen Hansard, confirmaram que Stewart jamais poderá ser uma má escolha, mesmo num ano abaixo das expectativas. Da cerimónia, ficam os sorrisos e os olhares ternos de Laura Linney, o assobio de Fraces McDormand a festejar a vitória de Joel Coen como se estivesse num estádio de futebol, o regresso de Markéta Irglová ao palco, o agradecimento de Diablo Cody e Tilda Swinton, a frieza de Ethan Coen, o nervosismo de Katherine Heigl, a emoção de Marion Cotillard, as sábias palavras de Robert Boyle e o vestido verde de Saorsie Ronan, a vencedora do prémio look up to.

De todas as edições que me lembro, esta foi aquela que vi com o espírito mais aberto. A única categoria capaz de me levar aos arames era a de Melhor Actor, se o Oscar não fosse parar a Daniel Day-Lewis. Fora isso, a qualidade dos filmes, desempenhos e trabalhos de outros profissionais era tanta, que devíamos rasgar a nossa mente e permitir que qualquer um fosse premiado. É claro que os nossos favoritos fazem-nos sempre torcer por alguém. No entanto, a força de uma recomendação pessoal não deve ser menosprezada. É certo que estes foram os eleitos, contudo, os nossos vencedores, aqueles que jamais esqueceremos, independentemente do número de Óscares que arrebataram, esses têm a mais valia de contar com a nossa palavra. Na parte que me toca, Juno e Haverá Sangue podem contar com todo o meu apoio. Viggo Mortensen e Johnny Depp também. Ellen Page e Cate Blanchett. Tom Wilkinson e Casey Affleck. Paul Thomas Anderson e Chistopher Hampton. Roger Deakons e Dylan Tichenor, por aí fora. Assim como aqueles que nem sequer marcaram presença nas grandes categorias. O Lado Selvagem, Gangster Americano, Uma História de Encantar, Sweeney Todd, e outros tantos. Porque estes prémios dizem-nos muito, pois vivemos e respiramos cinema. Mas, para o comum dos mortais, para quem ver um filme é quase como mascar uma pastilha, o Oscar tem tanto peso como a nossa recomendação. Apesar de guardar as melhores memórias de Rocky, quantas vezes não disse já que Network ganhou o Oscar de Melhor Filme, só para justificar mais um visionamento aqui e ali – no final, fazendo-me passar por parvo (tarefa pouco exigente), reconheço que não foi bem assim. Acima de tudo, fica a ideia de que, com um ano tão bom, com obras tão fortes, a cerimónia podia ter ido mais além. Algo que não passou despercebido, por exemplo, foi o facto de nenhum dos actores premiados ter reconhecido os colegas que consigo estavam nomeados. Poucos foram aqueles que referiram as suas influências. O que esteve mais perto foi Stefan Ruzowitzky, vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro… Não que a magia tenha ficado toda na fita das bobines, mas, depois dum ano destes, os Óscares não trouxeram o fim desejado. Temos os filmes, isso é o mais importante.

Se o computador se portar bem, hoje ainda teremos mais posts. Caso contrário, é provável que o taco de basebol encontre uma nova utilidade.

Alvy Singer

Etiquetas:

domingo, fevereiro 24, 2008

Tema(s) Mistério 15 [Especial Oscar]

Para cada uma das seguintes quatro imagens, um pequeno trecho de música do filme correspondente. O vencedor é aquele que acertar nos nomes destes quatro filmes! (Qualquer um deles tem pelo menos uma nomeação para esta noite)



Bernardo Sena

sábado, fevereiro 23, 2008

Oscar de Melhor Banda Sonora

Expiação tem fortíssimas possibilidades de sair vencedor desta categoria. É a segunda nomeação para Dario Marianelli depois de Orgulho e Preconceito em 2005. Além da já muito badalada e engenhosa presença rítmica de uma máquina de escrever complementando a escrita para cordas de Marianelli, a banda sonora conta com dois temas sublimes (um associado à pequena Briony e outro ao amor de Cecília e Robbie) e também com presenças importantes de instrumentos solistas como o piano ou o violoncelo. Sem contar com todos os méritos musicais (e não são poucos), a componente narrativa e visual fora de série de Expiação deverá inevitavelmente levar os votantes a optar por Marianelli.O veterano James Newton Howard (que injustamente nunca ganhou um Oscar) surpreendeu com a sua nomeação pela banda sonora de Michael Clayton- Uma Questão de Consciência, que se baseia essencialmente em batimentos electrónicos e alguns elementos orquestrais. Se a ouvíssemos desligada das imagens passaria certamente despercebida, o que não acontece por exemplo em Expiação em que a música, só por si, poderia contar uma história. A música de Michael Clayton- Uma Questão de Consciência é no entanto excepcional no contexto da sua ligação às imagens, fundamental na criação de tensão acumulada.

Delirante é uma palavra acertada para a música de Ratatui. Michael Giacchino que continua a surpreender na quarta série de Lost-Perdidos, funde elementos sinfónicos, jazzisticos e latinos transformando a sonoridade de Ratatui num autêntico festim para os ouvidos (ouça-se a faixa “End Creditouilles” do CD da banda sonora, uma das melhores do ano no mundo da música para cinema).

Confesso que não vi O Comboio das 3 e 10 e da música ouvi apenas pequenos excertos. Parece-me Marco Beltrami no seu melhor, fundindo o seu estilo sinfónico muito característico com a influência dos westerns de Ennio Morricone. Só a sua nomeação é já um enorme triunfo, dado a Academia não reconhecer devidamente os filmes de acção nesta categoria.

Alberto Iglesias usa em O Menino de Cabul as mesmas técnicas que usou em O Fiel Jardineiro, complementando uma orquestra de modelo tradicional com vários instrumentos exóticos como o oud, santur, duduk, clarinete turco, entre muitos outros. Uma espécie de world-music meets música erudita.

Concluindo: Tudo o que não seja a atribuição do Oscar nesta categoria a Expiação será uma tremenda surpresa e porque não dizê-lo, injustiça.

Bernardo Sena

Um dia e meio.

Ao contrário de anos anteriores, a categoria de Melhor Filme Estrangeiro não parece trazer grandes emoções. Se Persépolis (França) e 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias (Roménia) não tivessem sido postos de parte, hoje estaríamos na presença de um mano-a-mano como em nenhuma outra categoria. Assim, todos os nomeados acabam por ter mais ou menos hipóteses, embora dois deles levem ligeiro avanço. O primeiro, Beaufort (John Cedar, Israel), vencedor do Urso de Prata para Melhor Realizador na Berlinale de 2007, e The Counterfeiters (Stefan Ruzowitzky, Áustria), quanto mais não seja porque fala do Holocausto, um tema sempre bem recebido pela Academia. Mongol (Sergei Bodrov, Kazaquistão) aparenta algumas semelhanças com os blockbusters épicos saídos de Hollywood. Diz, quem já viu a obra centrada na vida de Genghis Khan, que os apreciadores de Gladiador (Ridley Scott, 2000) optarão por este. É o filme mais pipoca dos cinco, e aquele com mais probabilidades de facturar na bilheteira. Com o Oscar, é mais um ou dois milhões que se ganham. Temos ainda o russo 12 (Nikita Mikhalkov), remake do clássico 12 Homens em Fúria (Sidney Lumet, 1957). Depois do Oscar do ano passado atribuído a The Departed – Entre Inimigos, comprovou-se que os remakes têm uma palavra a dizer. Dar o Oscar a este filme pode ser entendido como o prémio que ficou a faltar à obra-prima de Sidney Lumet. Por último, Katyn, do polaco Andrzej Wajda, vencedor de um Oscar Honorário em 2000. O filme trata sobre os massacres de Katyn Forest durante a II Guerra Mundial, nos quais milhares de oficiais polacos foram chacinados pelo exército soviético que, por sua vez, culpabilizou os alemães. Apesar de Beaufort e The Counterfeiters, e Wajda já ter um Oscar, Katyn tem algumas hipóteses. Sem um peso pesado, esta categoria está up for grabs.

Na categoria de Melhor Documentário, o nome de Michael Moore não tem o significado de outros tempos. Há uns anos, a sua vitória era mais que certa. Mesmo quando não foi nomeado por Fahrenheit 9/11, todos acreditavam que o filme teria ganho se fosse elegível. Hoje, apesar do enorme sucesso de Sicko, o ovo não está tão dentro do dito cujo da galinha como seria de esperar. Isto por culpa de dois documentários: No End In Sight (Charles Ferguson), sobre os erros que estiveram por detrás da decisão da ocupação do Iraque, vencedor em Sundance e no National Society of Film Critics, e Taxi To The Dark Side (Alex Gibney), uma poderosa investigação sobre a tortura levada a cabo pelos oficiais norte-americanos no Iraque e Afeganistão, vencedor nos Writers Guild, para Melhor Documentário. Operation Homecoming: Writing the Wartime Experience (Richard Robbins), apesar de versar sobre o Iraque, será o menos favorito dos três sobre este tema. War/Dance (Sean Fine e Andrea Nix), sobre um grupo de crianças refugiadas no Uganda, órfãs da guerra civil, que concorrem numa competição nacional de dança, tem todas as características de um outsider. No entanto, no ano em que Bush abandona a Casa Branca, o Oscar deve ir parar às mãos de quem o critique. Como Moore já tem um, talvez No End In Sight veja aqui o início de um final feliz.

Antes de falarmos do Melhor Filme, olhemos a categoria de Melhor Realizador. Amanhã de manhã, as considerações sobre os nomeados à principal estatueta não serão muito rebuscadas. Por esta altura, já todos saberão os trunfos e as vicissitudes de cada um. A última cartada pode estar nesta categoria de Melhor Realizador. Por isso mesmo, convém analisar as potencialidades destes cinco que se distinguiram na direcção de um filme.

Desta feita, comecemos por aquele que tem menos hipóteses. Jason Reitman. Reitman não tem culpa do épico de Paul Thomas Anderson nem da visão grandiosa dos Coen. Apesar de Juno carregar a beleza de um filme indie como mais nenhum, a formiga ainda não tem catarro para fazer frente a outros que cuja experiência dá voltas de avanço. Por muito bom que Juno seja, e considerando mesmo que ganha o Oscar de Melhor Filme (amanhã direi porque acredito na vitória desta pequena obra), se Reitman ganhar, teremos um motim nas ruas de Los Angeles. Este ainda não é o seu momento. Depois temos Julian Schnabel (O Escafandro e A Borboleta). Vencedor do prémio de melhor realizador em Cannes e tendo arrebatado também o Globo de Ouro, porque carga de água é que Schnabel não é um dos principais favoritos? Acima de tudo, porque é o único cujo filme não está nomeado para a principal estatueta. Só por duas vezes é que o vencedor não realizou um título nomeado para o Oscar de Melhor Filme: Lewis Milestone (Two Arabian Knights, 1927/1928) e Frank Lloyd (The Divine Lady, 1928/1929). Algo a fazer praticamente 80 anos. Apesar das nomeações para Melhor Fotografia, Montagem e Argumento Adaptado, falta aquela que faria toda a diferença. Tony Gilroy dificilmente ganhará por Michael Clayton. As vezes que se atribuiu esta estatueta no primeiro filme de um cineasta, atrás das câmaras, contam-se pelos dedos de uma mão: Delbert Mann (Marty, 1955), Jeromme Robbins (Amor Sem Barreiras, 1961), Robert Redford (Ordinary People, 1980), James L. Brooks (Laços de Ternura, 1983), Kevin Costner (Danças Com Lobos, 1990) e Sam Mendes (Beleza Americana, 1999). Bom, não será bem pelos dedos de uma mão, visto terem sido seis. Contudo, colocar Gilroy neste grupo de notáveis, premiados no seu ano de estreia, parece-nos irreal. Para além do mais, ao vermos os ilustres a quem isto aconteceu, não podemos deixar de constatar que a obra leva para casa o Oscar de Melhor Filme. Neste momento, Uma Questão de Consciência não reúne tanto favoritismo. E, eis que a corrida fica reduzida a dois. De um lado, os triunfantes irmãos Coen, vencedores do Directors Guild, BAFTA, Satellite Awards e inúmeros círculos de críticos. Diz-se que, ao pé do arrepiante Haverá Sangue, Este País Não É Para Velhos parece um clássico da Era Dourada. No entanto, aquele que é o principal trunfo de Ethan e Joel Coen, pode também ser a principal contrariedade. Não dar-lhes o Oscar poria certamente toda a gente a falar da roubalheira que foi, e que Paul Thomas Anderson não merecia. Se há coisa que a Academia gosta, é de criar este tipo de enredos. Veja-se o que aconteceu com Martin Scorsese. Se Hollywood estiver à procura do próximo Marty, apesar de Tim Burton já estar na poule position, que comece por premiar amanhã outro que não os irmãos. Ficamos com tema de conversa para as próximas décadas. Por último, Paul Thomas Anderson. Se PTA não ganhar por Haverá Sangue muitos perguntar-se-ão que raio é que o homem precisa fazer para ganhar a estatueta. Um épico desta natureza justifica o reconhecimento. Melhor, justificaria, se do outro lado não estivesse alguém com o apelido Coen. A recepção mista junto da crítica, pode fazer a diferença. Apesar do público ter caído aos pés deste magnifico trabalho, Hollywood é uma cidade velha. Trocadilho básico que serve, no entanto, para ilustrar a nossa aposta.

Grande ano, meus senhores. Grande ano.



Alvy Singer

Etiquetas:

O discurso.

Para muitos, esta é a parte menos interessante. Muito por culpa de Greer Garson que, em 1943, demorou sete minutos para agradecer a sua vitória por Mrs. Miniver (William Willer), o discurso mais longo de sempre. O que importa é saber quem ganhou. Mas, mesmo que interesse saber o que o vencedor tem para dizer, ao fim de meio minuto, dirão alguns, já perdeu a piada. Há quem defenda a orquestra como o simpático convite para sair, com unhas e dentes, contudo, também há quem se regale com as palavras dos vencedores, e que goste sempre de ouvir o que eles têm para dizer. O segredo está em encontrar o equilíbrio. Uma reacção espontânea, uma pitada de humor, um raminho de honestidade, polvilhar com um agradecimento tocante, deixar a marinar com um estrondoso aplauso, e sair pela porta grande. Este é o discurso ideal. Daqueles que ficam para a História. Nem todas as cerimónias os têm. As grandes noites são aquelas em que gostamos dos vencedores, mas também gostamos daquilo que eles têm para dizer. Porque há um lado do sonho que perdura no triunfo, seja de um Oscar ou de uma Palma de Ouro. A magia de um filme é visível naqueles dez segundos em que o vencedor segura o Oscar com as duas mãos, com medo que caia, o microfone à sua frente, e conseguimos perceber que as palavras fogem da sua mente, quando a plateia o aplaude. Naqueles dez segundos, o filme valeu a pena. E, só por isso, a vida deste vencedor já dava um filme. Quando falta dia e meio, recuperemos algumas das melhores frases proferidas ao longo da História dos Óscares.

“What a thrill. You know you've entered new territory when you realize that your outfit cost more than your film”. – Jessica Wu (Melhor Documentário: Short Subjects - Breathing Lessons: The Life and Work of Mark O’Brien, 1996);

“When I was 19 years old I was the number one star of the world for two years. When I was 40 nobody wanted me”. – Mickey Rooney (Oscar Honorário, 1983);

“I’d like to thank Jake LaMotta, even though he's suing us”. – Robert De Niro (Melhor Actor – Touro Enraivecido, 1981);

“Thanks Jack Nicholson, for making being in a mental institution like being in a mental institution”. – Louise Fletcher (Melhor Actriz – Voando Sobre Um Ninho de Cucos, 1975);

“Rawley Farnsworth, who was my high school drama teacher, who taught me, 'To act well the part, there all the glory lies,' and former classmate John Gilkerson, two of the finest gay Americans, two wonderful men that I had the good fortune to be associated with”. – Tom Hanks (Melhor Actor – Filadélfia, 1993);

“Oh, wow. This is the best drink of water after the longest drought of my life”. – Steven Spielberg (Melhor Realizador – A Lista de Schindler, 1994).

“I can't tell you how encouraging a thing like this is”. – Ruth Gordon, aos 72 anos (Melhor Actriz Secundária – A Semente do Diabo, 1968).

Mas, porque a maravilha do Youtube permite ir mais além, aqui fica uma selecção dos dez melhores momentos. Falta o vídeo do discurso de Tom Hanks por Filadélfia (Jonathan Demme, 1993). Por isso, estes terão de ser os dez melhores momentos cujos clips estão disponíveis na Internet. Mas, verdade seja dita, mesmo que estivessem aqui todos os vencedores, não andaria muito longe disto.

10 – Adrien Brody – Melhor Actor por O Pianista (Roman Polanski, 2002). O beijo que não estava no gift bag. Naquele momento, os espectadores dividiam-se em dois grupos: as mulheres que sonhavam em ganhar um Oscar, e os homens que sonhavam fazer o mesmo a Halle Berry.

9 – Diane Keaton – Melhor Actriz por Annie Hall (Woody Allen, 1977). Ver a minha Annie subir ao palco foi das maiores alegrias. Durante muito tempo, achei que a nossa história não merecia o grande ecrã. Ver aquele sorriso com o Oscar na mão, provou que estava errado.

8 – Gerda Weissman Klein – Melhor Documentário: Short Subject por One Survivor Remembers (Kary Antholis, 1995). Se ainda alguém duvida que se justifica um Oscar para Melhor Documentário, este testemunho certifica-se de clarificar essa questão.

7 – Cameron Crowe – Melhor Argumento Original por Quase Famosos (Cameron Crowe, 2000). O momento, em si, não tem nada de especial. Mas, porque se trata do reconhecimento de um simples homem que adora cinema, respira musica, e não consegue escrever mal, esta foi das vitórias mais ajuizadas. Tudo fazia sentido ali. Até a homenagem a Billy Wilder e Audrey Hepburn. Já me roubaste a ideia, Cameron.

6 – Roberto Begnini – Melhor Actor por A Vida É Bela (Roberto Benigni, 1998). Roberto! A partir daí, é deixarmo-nos levar. Nunca se tinha visto uma coisa assim. Nem nunca veremos. Begnini, único e igual a si mesmo.

5 – Jack Palance – Melhor Actor Secundário por City Slickers (Ron Underwood, 1991). Flexões e Oscar, uma combinação que nunca tinha sido testada. Pela reacção, podemos dizer que teve sucesso.

4 – Cuba Gooding Jr. – Melhor Actor Secundário por Jerry Maguire (Cameron Crowe, 1996). Se algum dia recebesse um Oscar, seria assim que gostaria de agradecer. Sem restrições. Sem reservas. Deixar sair o contentamento, e assim contagiar a sala.

3 – The Streaker – David Niven apresentava a cerimónia de 1974. Era chegado o momento de abrir mais um envelope quando um homem atravessa o palco, tal e qual como veio ao mundo. A expressão de Niven diz tudo.

2 – Charlie Chaplin – Oscar Honorário (1972). A maior ovação de sempre na História dos Óscares. Quase que nos atrevemos a juntar ao coro de aplausos. E, porque não juntar? Ninguém mereceu tanto este momento como Charlot.

1 – Sidney Poitier – Oscar Honorário (2002). Se o Sam Spade de A Relíquia Macabra (John Huston, 1941) tivesse oportunidade de ver este discurso, diria certamente “The, uh, stuff that dreams are made of”. Enquanto um discurso conseguir inspirar desta forma, valerá sempre a pena ficar acordado até altas horas da noite. É porque não há qualquer resumo da cerimónia que se atreva a repor estes sete minutos. Mas, se for preciso, são estes sete minutos que levam alguém a meter mãos à obra, e tornar o sonho realidade.

Alvy Singer

Etiquetas:

Estreias da Semana

Aqui estão as estreias desta semana, com um inevitável dia de atraso…

MICHAEL CLAYTON

Tony Gilroy, entre nós mais conhecido pelos argumentos de Prova de Vida (2000) e da trilogia Bourne, estreia-se atrás das câmaras, com uma história também da sua autoria: Michael Clayton, o seu grande filme, revisita os cânones clássicos dos thrillers da década de 70 (onde imperam nomes maiores como Alan J. Pakula e Sydney Pollack) num brilhante exercício narrativo.

Michael Clayton (George Clooney) é um “canivete multi-funções” que trabalha para uma famosa firma de advogados - Kenner, Bach & Ledeen – e que se vê em mãos com um enorme problema, quando o seu chefe Marty Bach (Sydney Pollack) o encarrega de tratar de uma delicada questão: em vésperas de um acordo final num caso com uma empresa agro-química, de nome U/North, um dos advogados de maior relevo da respectiva empresa, Arthur Edens (Tom Wilkinson) muda a sua postura e revela o que parece ser um possível esgotamento ou depressão. Enquanto tenta corrigir esta situação, Michael vai-se aperceber das reais causas do comportamento de Edens, e parte, contra tudo e todos, em busca de uma terrível verdade escondida, onde é posta em causa a saúde pública a nível mundial.

Com um argumento de ferro, atento e equilibrado, Gilroy constrói um inteligente thriller, que mergulha nos aspectos do poder económico, político e familiar, onde a vida profissional se mistura com a privada. George Clooney consegue, uma vez mais, deixar o mundo de boca aberta com a sua extraordinária interpretação, e a sua constante composição do personagem é notória desde as cenas na sua firma, ao encontro com os seus adversários, como também é nítida na vida familiar com os irmãos e o seu filho. À sua volta giram dois fabulosos momentos secundários – Tom Wilkinson e Tilda Swinton (representante da U/North) arrancam das suas maiores capacidades representações de alto nível, que oscilam sobre os mais variados sentimentos. A harmonia entre os vários elementos narrativos é muito bem conseguida, e sobre uma realização segura vivemos duas horas de conspiração, de suspense, de comoção e redenção. Contra os gigantes na categoria de Melhor Filme, Michael Clayton figura como um objecto de enorme qualidade, mas que não conseguirá fazer frente à força dos Irmãos Coen ou ao épico de Paul Thomas Anderson. Ainda assim, noutras categorias de Secundários é uma forte aposta. Em suma, um fantástico filme, com todos os ingredientes necessários que qualquer grande obra possui.

4/5 – Bom


JUNO

De seguida, a semana é marcada pela estreia de um título absolutamente delicioso. Juno é o mais recente trabalho de Jason Reitman (que anteriormente nos mostrou Obrigado por Fumar em 2005) e que é um verdadeiro fascínio de cinema, que já foi enormemente premiado em festivais e círculos da indústria. Não é caso para menos.

Juno (Ellen Page) é uma adolescente possuidora de uma personalidade e atitude muito bem definidas. Num inexperiente envolvimento sexual com o seu colega Paul Bleeker (Michael Cera), Juno é confrontada com a maior surpresa da sua vida, ao descobrir que está grávida. Contra todas as expectativas, Juno decide ter a criança, com o apoio da sua melhor amiga e da sua família, com a condição de encontrar, para o seu futuro rebento, um casal que o queira adoptar. Durante o processo da gestação, Juno vai reavaliar a sua condição, enquanto se redescobre a si mesma, à sua própria vida familiar, aos seus amigos e se depara com a inevitabilidade do seu amor por Paul.

Carregado de uma mensagem importante e de um brilho narrativo e visual, Juno mostra-nos o amor e a descoberta, a coragem e a fragilidade do que é ser-se jovem (e adulto, de certa forma), em constante oposição refira-se, à uma enorme força que guia a personagem, que surge mascarada de uma segurança moral. É na aparente viagem “destemida” da gestação de Juno (magistralmente interpretada por Ellen Page, que é, a meu ver, um puro milagre do cinema actual – relembro-a gloriosamente numa força bruta em Hard Candy em 2006 – e que veste esta personagem numa perfeição assustadora) que se vive hora e meia de cinema de notória qualidade temática e artística. Bem apoiado num argumento mordaz, real, e sobretudo cheio de humor corrosivo (os diálogos de Juno são uma verdadeira preciosidade), Reitman filma a história com um rigor estético muito patente na pop culture, nas cores e na música - que é uma parte integrante e fundamental do filme. Com um excelente leque de secundários, onde se encontram Michael Cera (Superbaldas) e ainda J.K. Simmons, Allison Janney e Jennifer Garner, Juno é um triunfo a todos os níveis, que merece ser visto e revisto pelas variadas camadas de público – aqui encaixa o mais puro filme alternativo, ou um filme de família, ou um elogio ao amor e à vida. Ou todos juntos. Daí a sua perfeição. Para Domingo era bonito ver Ellen Page discursar de (merecidíssimo) Óscar de Melhor Actriz na mão.

5/5 – Magnífico


PERSÉPOLIS

Para terminar em beleza temos um objecto de animação extremamente curioso e vibrante. Persépolis, o mais forte opositor a Ratatui na categoria de Melhor Filme de Animação, é realizado por Marjane Satrapi e Vincent Paronnaud, e foi o vencedor do Prémio do Júri em Cannes.

Baseado na autobiografia da realizadora, Persépolis conta a história de Marjane, no tom da graphic novel, uma inocente menina que cresce no Irão e cuja revolução islâmica lhe é apresentada como uma realidade diária, onde todos (da sua família a amigos) travam um papel especial. Dominada por um feitio curioso e activo, Marjane cedo descobre, entre os furos da pesada opressão política, novas formas de cultura, que vai abraçar e manter, quando se vê obrigada a viajar para a Austria para sua segurança. Entre as várias etapas da vida e em confronto com o mundo ocidental, Marjane vai viver uma luta constante pela sua posição social, cultural, política e amorosa nos novos horizontes que descobre, quando abandona o seu país.

Filmado num sublime preto e branco (as cenas a cor somente existem no presente onde Marjane se lança nas memórias do passado), Persépolis é uma obra ousada e importante (que recebeu duras críticas por parte do Irão), ao remeter, sobre uma sóbria narração da vida de uma menina até a sua fase adulta, várias questões do nosso mundo actual, sem assim se restringir à realidade islâmica. Erigida exactamente com a autora desenhou, as imagens sobrepoêm-se entre si em raccords fabulosos, num ritmo que não conhece tempos mortos, e com as vozes vivas de personalidades como Chiara Mastroianni (a própria Marjane) ou Catherine Deneuve (que surge no papel da cautelosa mãe). É uma obra de grande poder visual e temático, mas que a meu ver não possui o encanto e a força suficientes para derrotar o rato Rémy no próximo Domingo. Ainda assim trata-se de uma obra a ver e discutir.

4/5 - Bom

Francisco Toscano Silva

Etiquetas: , , ,

Vida para além dos Oscares.

Há que ter os pés bem assentes na terra e perceber que, em fim-de-semana de Óscares, nem a vinda do Messias fazia a manchete de um qualquer post deste blog. Porque, se há coisa que prezamos, são prioridades. E, durante os dois próximos dias, este recanto vai ter muita dificuldade em justificar outras temáticas que não a da estatueta dourada. No entanto, se juntarmos vários assuntos num só texto, pode ser que desse lado pareça que isto é mesmo relevante, e a coisa passe. É porque, a dois dias da cerimónia, ainda há tanto para dizer. Ainda há antevisão de Melhor Realizador, Filme Estrangeiro, e Documentário, a discussão de quem reúne mais atributos para vencer na categoria de Melhor Filme, um apanhado dos melhores momentos da história, e mais uma ou outra coisa, se houver tempo. Ah, como era bom que este fim-de-semana esticasse. Não para ver se vinha sol. Era mesmo para conseguir ver Juno, Haverá Sangue e Este País Não É Para Velhos. A maratona está prestes a tornar-se num sprint final.

De qualquer maneira, voltando aos temas que não estão relacionados com os Óscares, dêmos então uma vista de olhos ao mais recente poster evolucionário de Iron Man. Se tivéssemos que adivinhar, diríamos que os produtores deste filme apoiarão Religulous de Bill Maher, e não o Expelled: No Intelligence Allowed, de Ben Stein. Este novo poster, dado a conhecer na WonderCon, mostra-nos os três Marks: o original Mark 1, o protótipo Mark 2, e o Mark 3 final. Seremos só nós, ou isto parece um anúncio da Gillete? Não nos interpretem mal, pois o poster está bem pensado. Agora, está mesmo ali a pedir um slogan como Com três laminas, mais mortífero que nunca. O novo trailer do filme é esperado num dos próximos episódios de Lost, da ABC.

Wolverine (Gavin Hood) é outro que merece uma abordagem. Se X-Men pressupunha um aglomerado de personagens e festa da grossa, Wolverine sempre deu a entender que não haveria lugar para grandes ramboiadas, e que Hugh Jackman não teria a companhia de tantos ilustres. Pois bem, estávamos enganados. Até ao início desta semana, os poucos que estavam já confirmados eram os seguintes: Ryan Reynolds (Deadpool), Taylor Kitsch (Gambit), will.i.am (John Wraith), Liev Schreiber (Sabretooth), Danny Huston (Stryker), e Lynn Collins (Silver Fox). Mas, parece que o argumento se encarrega de ter mais gente de peso. Já no final da semana, Dominic Monaghan, o Charlie de Lost, foi confirmado como Beak, um personagem misterioso no passado de Wolverine, que tem a capacidade de manipular energia e electricidade. Para além de Monaghan, também Daniel Henney foi dado como certo no elenco, no papel de Agent Zero, um membro do programa Weapon X. Um spin-off cada vez mais parecido com o original.

Uma palavra também para Public Enemies, de Michael Mann, do qual temos vindo a acompanhar o casting. Desta feita, foi a vez de David Wenham (O Senhor dos Anéis e 300) confirmar a sua participação. Confirmando o seu estatuto de convincente actor de segunda linha, Wenham será Pete Pierpont, um membro violento do grupo de Dillinger (Johnny Depp). Stephen Graham (Snatch e This Is England) também marcará presença, como Baby Face Nelson. Recorde-se que, do elenco, já fazem parte Johnny Depp, Christian Bale, Marion Cottilard, Channing Tatum, Giovanni Ribisi e Stephen Dorff.

Por último, o mais recente trailer de O Sexo e A Cidade. Um dado estatístico avançado esta semana pelo INE dizia que, em Portugal, para cada 100 mulheres, existem 93 homens. Este podia ser um óptimo ponto de partida para uma série de considerações jocosas. Mas, porque a beleza do cinema se eleva acima de qualquer questão de géneros, que o filme cumpra a sua obrigação e divirta quem tem de divertir. Quantos mais, melhor.

Alvy Singer

Etiquetas: , , ,

A Melhor da Geração - Segunda Fase.

Depois da primeira, a segunda fase. Das 24 actrizes eleitas por todos aqueles que disseram de sua justiça no post anterior, estas são as cinco mais votadas. Das 41 interpretações distinguidas, estas foram as cinco que receberam mais votos. Qualquer votação é válida até às 0:00 da próxima terça-feira, dia 26. Desta feita, apenas poderemos escolher uma em cada categoria. Como curiosidade, dizer apenas que Kate Winslet foi a actriz com mais desempenhos destacados, num total de quatro (Titanic, O Despertar da Mente, Pecados Íntimos, e Sensibilidade e Bom Senso), e que Jennifer Conelly foi a única das cinco actrizes com mais votos sem um desempenho no grupo dos finalistas.

Melhor Actriz

Jennifer Connelly
Kate Winslet
Charlize Theron
Hillary Swank
Natalie Portman

Melhor Interpretação

O Despertar da Mente
Os Rapazes Não Choram
Perto Demais
Monstro
Million Dollar Baby – Sonhos Vencidos

Dando o mote para este último passo: Kate Winslet e Hillary Swank por Million Dollar Baby – Sonhos Vencidos. Brevemente regressaremos a este exercício para uma nova geração de Melhor Actor e Melhor Actriz. No final, a árdua tarefa de chegarmos a um nome só.

Alvy Singer

sexta-feira, fevereiro 22, 2008

Três dias.

Este ano, a seguir à categoria de Melhor Filme, a de Melhor Fotografia é aquela que desperta maior curiosidade. À partida, todos apresentam argumentos válidos para uma vitória. Apesar de ter visto apenas dois dos candidatos, o facto destes dois serem aqueles que menos hipóteses têm, faz deste grupo um dos de maior qualidade. Antes das duas designações deste ano, Roger Deakins (Este País Não É Para Velhos e O Assassinato de Jesse James Pelo Cobarde Robert Ford) já contava com cinco nomeações no currículo. Nunca levou o Oscar para casa. À sétima nomeação, a vontade de premiar este colosso é mais que muita. Agora, porque filme? A brilhante fotografia de O Assassinato de Jesse James pode levar a uma divisão dos votos, visto que Este País Não É Para Velhos parece reunir mais apoiantes. Pelo último, Deakins já venceu nos BAFTA. No entanto, para os Satellite Awards, foi nomeado apenas pelo primeiro. O prémio de carreira do American Film Institute, recebido este ano, é que já ninguém lhe tira. Depois temos ainda Janusz Kaminski (O Escafandro e A Borboleta), sempre uma escolha segura que jamais comprometerá um membro da Academia. Os diversos círculos de críticos que conquistou podem ter uma palavra a dizer nesta corrida decidida ao milímetro. O Satellite Award é um excelente indicador. O facto de já ter dois Óscares no bolso pode inibir alguns votantes. Robert Elswit (Haverá Sangue) venceu o mais importante prémio na caminhada para os Óscares, quando arrebatou o troféu na cerimónia da American Society of Cinematographers. O galardão da National Society of Film Critics também é uma mais valia. Por último, Seamus McGarvey (Expiação) tem mais hipóteses do que parece. Apesar de não ter arrebatado o BAFTA, quando estava a jogar em casa, considerando o cenário de que o filme de Joe Wright é o grande vencedor da noite, o Oscar para McGarvey surgirá com alguma naturalidade. Assim como surgirá, se o mal se dividir pelas aldeias, e este for aquele com mais votos. Resumindo e baralhando, esta é a categoria mais competitiva da noite. Todos encontram uma razão para manter a chama do sonho bem acesa. Agora, tenhamos atenção a isto: se este Oscar coincidir com o de Melhor Montagem, por a+b=c, o grande vencedor está encontrado.

Na categoria de Melhor Actor, todas as apostas apontam para o mesmo nome: Daniel Day-Lewis. E, ou muito nos enganamos, ou não haverá lugar para surpresas. Lewis já venceu nos BAFTA, Globos de Ouro, Screen Actors Guild, e tantos círculos de críticos, que o não reconhecimento da Academia quase que poderá ser entendido como uma brincadeira de mau gosto. Mas, pode acontecer. Lewis já tem um Oscar e é britânico, duas características que não abonam a favor de ninguém. George Clooney (Uma Questão de Consciência), vencedor do National Board of Review, será o principal opositor de Daniel Day-Lewis, contudo, as suas hipóteses seriam muito maiores se não tivesse ganho há dois anos por Syriana (Stephe Gaghan, 2005). Johnny Depp até acabaria por surgir como uma boa alternativa, no entanto, Sweeney Todd não foi aclamado da forma que se esperava. A sua personagem, apesar de negra como se gosta, poderá ser demasiado macabra para os mais conservadores. No final, se Depp ganhar, muitos ficarão com a sensação de que esta é uma divida saldada, ou um prémio de carreira aos quarenta anos. Seja como for, a grandiosidade de Depp pede uma vitória num outro ano. Tommy Lee Jones (No Vale de Elah) até pode ter arrancado a melhor interpretação do ano, no entanto, não é a estrela que as câmaras mais procuram. Para além disso, não só é a única nomeação do filme de Paul Haggis, como já tem um Oscar lá em casa. Dar o segundo, levaria muito boa gente a insurgir-se. Por último, Viggo Mortensen. Chegar à nomeação já foi muito bom. Se a única nomeação de Promessas Perigosas (David Cronenberg) se transformar em vitória, o primeiro nome a atravessar a mente de Alvy Singer vai ser… Adrien Brody. Parecendo que não, há aqui muitas semelhanças.

Na categoria de Melhor Actriz, a esta hora, ainda existirão três nomeadas a sonhar com o reconhecimento da Academia. Julie Christie (Longe Dela) iniciou a corrida para o Oscar com uma pujança incrível. No começo, parecia que tínhamos encontrado a Helen Mirren deste ano, o que tiraria um pouco da piada. Para todos os efeitos, o balanço dado foi tanto que chegou para a actriz vencer o Globo de Ouro e o Screen Actors Guild. O desempenho de uma personagem afável e doente é sempre meio caminho andando para a vitória. Ao mesmo tempo, dar-lhe o Oscar será sempre um prémio de carreira. Do outro lado temos Marion Cotillard (La Vie en Rose), vencedora também de um Globo de Ouro, para além do Satellite Award e BAFTA. Se a Academia estiver com vontade de fazer História, Cotillard pode arrebatar a estatueta. Uma biografia é sempre um trunfo nestas coisas. À espera para ver no que isto dá, está Ellen Page (Juno). Apesar de não acreditar na vitória da pequena Ellen, confesso que, a acontecer, não será uma enorme surpresa. Juno é o filme independente de maior sucesso dos últimos anos. Dar-lhe o Oscar de Melhor Argumento da praxe, poderá ser pouco. Se a Academia quiser ir mais longe, é para aqui que se virará. Por outro lado, Page tornar-se-ia na vencedora mais nova de sempre nesta categoria. Pressão em adolescentes é algo que não está na ordem do dia. Quanto a Cate Blanchett (Elizabeth: A Idade do Ouro), se não ganhou pelo primeiro, não será pela sequela que vai ganhar. E, Laura Linney (The Savages) é o Viggo Mortensen desta categoria. Mais do que a nomeação é pedir o impossível. Agora, quem é que pode falar em impossíveis, quando são os Óscares? Como é já apanágio nestes posts, aqui fica um vídeo, desta feita para nos elucidar um pouco mais sobre o que é uma boa montagem.



Alvy Singer

Etiquetas:

Este post começa dentro de momentos.

Antes de mais, deverei dizer que não existe uma opinião formada sobre o assunto. Aliás, se este post tem algum propósito, esse será o de debater esta questão, por mais trivial que ela possa parecer. Agora, para entrarmos realmente no espírito da coisa, e sentirmos no próprio texto o tema de que falamos, aqui fica uma primeira pausa.

Pausa.

Podemos, então, continuar. Porque há práticas que mudarão certamente de país para pais, seria importante que, aqueles que visitam este espaço, oriundos doutras partes do planeta, deixassem aqui a sua palavra, e nos dissessem se é também isto que se verifica nas salas de cinema por esse mundo fora. Mas, apenas para vincar aquilo de que falamos, façamos uma segunda interrupção.

Interrupção.

Começamos a aproximar-nos do cerne da questão. Confesso ter tido alguma relutância antes de avançar para este post. Acima de tudo porque, no meio de outras coisas tão importantes no cinema, o que é que isto interessa? Com notícias e novidades a chegar em catadupa, o que é que interessa aqueles dez minutos depois da hora? Já lá vamos. Para uma melhor reprodução da realidade, nada melhor que uma terceira pausa.

Pausa.

No fundo, a questão é esta: Como é que se chegou a este contrato social, de que um filme jamais poderá começar à hora que vem no bilhete? Que passos foram dados ao longo da História, que nos trouxeram a esta certeza inabalável? Ninguém caminha com tanta serenidade, como aquele que se dirige para uma sala de cinema, cinco minutos depois da hora. Porque, no seu íntimo, ele sabe que vai a tempo. Mais, vai até contente, pois sabe que está a perder os anúncios. O problema surgiu há uns anos, quando eles decidiram puxar os trailers para o início da publicidade. Entrar a horas passou a ser um pau de dois bicos. Se vejo os trailers, levo com os anúncios. Se não quero levar com os anúncios, não vejo os trailers. No entanto, jamais será seguro deixar passar cinco ou dez minutos. Não há muito tempo, apesar de não ter sido com uma pontualidade britânica, tive a sorte de apanhar o início de um filme que começou muito pouco depois da hora. Acima de tudo, cada vez menos podemos ter a certeza da hora a que saímos da sala de cinema. Depende dos anúncios, e se a sessão tem ou não intervalo. Ontem, quando pensava que esse espécime já tinha sido extinto, eis que ele apareceu em todo o seu esplendor. Pelo menos, já vem com trailer. Posso dizer que este foi o primeiro trailer que vi no intervalo dum filme, numa sala de cinema. Agora, a questão que se coloca é: Deve um filme começar a horas?

Oscars Show.

É um registo deste género que podemos esperar para o próximo domingo. Talvez seja por ter tido a possibilidade de acompanhar a série de apresentações de Billy Crystal, mais do que as de qualquer outro, que hoje fica sempre esta sensação de algum desapontamento quando não é o Jodie Dallas de Soap a comandar o evento. Como se a instituição tivesse tornado Crystal parte da mobília. Ainda assim, as escolhas dos últimos anos têm parecido acertadas. Tanto Jon Stewart como Elle DeGeners, esta uma agradável surpresa, mesmo. Agora, para aqueles que não estão familiarizados com o judeu - nova - iorquino - humorista - pai - de - família - argumentista - democrata - actor que será a cara da próxima edição dos Óscares, aqui fica a análise da última cerimónia feita pelo Daily Show.



Incluindo a sua performance no ano anterior.




Alvy Singer

Problemas técnicos.

O teclado quer e o ecrã não se importa. O rato é que não anda para aí virado. Apesar de para tarde e a más horas, ontem, estavam previstos uns quantos posts. Contudo, o senhor rato resolveu não colaborar. Aliás, ainda hoje, tudo está a levar o dobro do tempo. O simples acto de puxar um post para cima leva cerca de um quarto de hora. A gente diz direita, e ele não vai. Dizemos esquerda, e ele vai para a direita. Enfim, apesar disto não ter nada que ver com a sétima arte, partilhas destas são sempre positivas. Parece que ajuda a relaxar. Mas, deve é ser passado algumas horas.

Aquilo que já ajudou, e muito, a descontrair, foi o novo teaser de Coraline, o novo filme de Henry Selick (O Estranho Mundo de Jack). A união Selick – Neil Gaiman, pode ser das coisas mais proveitosas dos últimos tempos. É uma dupla com quase tanto potencial com o sal e a pimenta, donos duma união que parece resistir a todas as intempéries. Bem, talvez Burton e Gaiman fossem algo mais desse género. Digamos que Selick e Gaiman têm tudo para ser um bom galheteiro. Depois das primeiras imagens, que serviam apenas para qualificar o vídeo de clip, eis que nos chega o primeiro teaser. Com a recomendação de agarrar nuns óculos 3D que tenhamos à mão. Tirando aqueles que ajudam a combater a miopia, Alvy Singer não tem nada disso por aqui. Se alguém tiver um instrumento desses, que diga se há alguma diferença significativa. É porque, sem óculos, apenas podemos afirmar que queremos ver este filme já amanhã. Se calhar, com óculos, a motivação irá ainda mais longe.

Ainda no capítulo dos trailers, mas já não na parte do relaxamento, deixemos aqui o novo trailer de 10,000 B.C.. Sobre este novo filme de Rolland Emmerich (O Dia da Independência, 1996), receio é o termo mais correcto para definir o estado da antecipação. Se, por um lado, ao tocar num tema praticamente virgem, o filme apresenta a vantagem de ter espaço para desbravar que é uma coisa parva, por outro lado, 10,000 B.C. pode resvalar de tal maneira que nos leve a dizer Pois, por isso é que eles nunca fizeram um filme destes. À primeira vista, este título apresenta todas as características de um mal amado. Ou, dependendo do ponto de vista, de um sobrevalorizado. É ver o filme, e escolher de que lado da barricada é que queremos ficar. A estreia está marcada para 13 de Março.

Etiquetas: ,

quinta-feira, fevereiro 21, 2008

O Sonho de Cassandra

Dir-se-ia que uma cidade nunca mais é a mesma depois de Woody Allen a filmar. O cineasta efabula na cidade à sua volta, uma espécie de romantismo trágico que nos remete para um desconcertante lugar emocional, do qual não conseguimos deixar de sentir um medo inabalável pelo destino das personagens, nem de nos rirmos perplexos com a consciência humorística do argumento. Woody Allen é um génio da escrita e o argumento de O Sonho de Cassandra é um exemplo de gestão narrativa absolutamente notável, fazendo a realidade de dois irmãos de Londres caminhar no limiar do bizarro, algures entre a tragédia clássica e o humor negro.

Porventura, este equilíbrio emocional e humano que o filme consegue entre dois pólos aparentemente tão contraditórios, tem também uma intensa ligação com a câmara de Allen (os constantes zooms aos espelhos convoca uma espécie de consciência bergmaniana demasiado presente). Por vezes, discretamente intensa, a câmara do cineasta ocupa sempre um lugar íntimo em todas as emoções dos personagens, colocando-se sempre entre os seus desejos e os nossos. Talvez seja por causa dessa implicação artística que Allen nos torna a nós, espectadores, cúmplices constantes da sua teia narrativa e dos seus desconcertantes efeitos emocionais.


Mas O Sonho de Cassandra tem uma componente humana que, para além de Allen, se localiza directamente no talento artístico de alguns dos seus actores. Sem qualquer hesitação, importa dizer que se trata provavelmente, da grande interpretação de Colin Farrell na sua carreira. Intensa e complexa, Farrell (de)compõe o clássico papel da consciência narrativa, uma espécie de desconstrução do Grilo Falante numa tragédia que lhe parece roubar o controlo sobre a acção e a razão ao longo do seu percurso. Um filme notável que, causando talvez menos impacto que o magnífico Match Point, existe na penumbra deste, vivendo da desconcertante possibilidade de perverter a impenetrável dramaturgia do seu dispositivo narrativo.


TIAGO PIMENTEL

Quatro dias.

Continuemos com a análise das três categorias de hoje, quando faltam apenas quatro dias para a cerimónia. Normalmente encarada com uma categoria menor, o galardão de Melhor Montagem é daqueles que demonstra um maior paralelismo com o de Melhor Filme. Se, a meio da noite, Ethan e Joel Coen se levantarem para receber o Oscar, então, nem vale a pena ficar acordado para ver quem levará o de Melhor Filme. Por sua vez, se cair para Dylan Tichenor (Haverá Sangue), as coisas de mudam de figura, e o jogo fica mais aberto. Agora, das quatro nomeações que os irmãos têm, esta é aquela com menor probabilidade de ser bem sucedida, e não por culpa do filme de Paul Thomas Anderson. Tendo ganho nos Eddie Awards (American Cinema Editors), BAFTA, Christopher Rouse é o principal favorito por Ultimato (Paul Greengrass). Aliás, o regresso após a nomeação do ano passado por Voo 93 (Paul Greengrass), pode também motivar os membros da Academia a premiá-lo pela boa forma. Recorde-se que, no ano passado, Christopher Rouse perdeu para Thelma Schoonmaker (The Departed – Entre Inimigos). Exceptuando a única vitória nos Online Film Critics Awards, Joel e Ethan Coen somam apenas duas nomeações para Melhor Montagem, precisamente para os prémios em que Ultimato levou a melhor. Dylan Tichener tem tido a mesma sorte até agora. Juliette Welfing (O Escafandro e A Borboleta) e Jay Cassidy (O Lado Selvagem) ainda não ganharam nada de registo nesta temporada, pelo que uma vitória de qualquer um deles seria algo inesperada.

A categoria de Melhor Actriz Secundária é o espaço reservado para surpresas por excelência. Esta é a categoria em que não são precisos muitos minutos para justificar o prémio (que o digam Judi Dench, por A Paixão de Shakespeare, e Beatrice Straight, por Network), e na qual novos valores aproveitam para se afirmar, como aconteceu com Marisa Tomei (O Meu Primo Vinny, 1992) e Angelina Jolie (Girl, Interrupted, 2001). Este ano as coisas também parecem compostas para todo e qualquer cenário. Cate Blanchett (I’m Not There), vencedora no Festival de Veneza, Globos de Ouro e National Society of Film Critics, terá a seu favor o desempenho duma figura carismática, uma lenda viva. As duas nomeações, não sendo na mesma categoria, ajudam a formar a ideia de que um ano tão bem conseguido merece ser reconhecido, pelo menos, numa delas. Ao mesmo tempo, é dos nomes mais respeitados actualmente em Hollywood. O facto de muita gente não ter visto o filme, e deste poder ser o seu segundo Oscar quando tem toda uma carreira auspiciosa pela frente, talvez atirem o prémio para as mãos doutra candidata. Aquela que estará mais preparada, no caso disto acontecer, deve ser Amy Ryan (Vista Pela Última Vez…). Para muitos a grande favorita da noite, Ryan já ganhou o National Board of Review e o Satellite Award. Premiar uma jovem actriz chegada à ribalta é sempre apetecível para os membros da Academia, no entanto, esta é a única nomeação do filme e a personagem interpretada não é das mais cativantes. Mas, quer-me parecer que quem vota no Salieri de F. Murray Abrahm, que era um tipo levado da breca, vota nesta aspirante a boa mãe. Ruby Dee (Gangster Americano), a outsider que já não o é, vencedora nos Screen Actors Guild, terá como principal trunfo o reconhecimento pela sua carreira (Não Dês Bronca e A Raisin In the Sun). Para além disso, este troféu, a acontecer, deverá ser entendido como a migalha que a Academia pôde dar a um grande estúdio, num ano em que os filmes independentes voltam a estar na mó de cima. E, considerando a forte probabilidade das outras três categorias de interpretação serem arrebatadas por estrangeiros, Ruby Dee (e, já agora, Amy Ryan), vê até na nacionalidade, um ponto a seu favor. Como contra, os cinco minutos no grande ecrã. Tão pouco tempo pode não ter sido suficiente para convencer os necessários. Tilda Swinton (Uma Questão de Consciência) poderá jogar com a surpresa que habitualmente impera nesta categoria. Ela será a escolha mais óbvia, não só numa noite em que o filme de Tony Gilroy decide levar tudo à frente, como também se a Academia se dividir nas três principais candidatas. Parecendo que não, Swinton tem mais hipóteses do que muitos julgarão. É claro que ser uma das estrangeiras menos conhecidas em Hollywood não ajuda, contudo, ganhou peso para o papel, e, passe a redundância, isso tem sempre o seu peso. Para estas contas, entra ainda Saoirse Ronan (Expiação). Não tendo ganho ainda qualquer prémio de relevo pela composição de Briony Tallis, a sua vitória seria mais do que imprevista. Premiar alguém tão novo já foi mais desejável. Depois de Anna Paquin, as coisas têm arrefecido um pouco, e recordamo-nos bem das portentosas interpretações de Haley Joel Osment, Abigail Breslin e Keisha Castle-Hughes que se ficaram pela nomeação. Apesar de estar um pouco fora da corrida, se Expiação for o vencedor da noite, a seguir ao Oscar de Dario Marianelli, este é o mais certo.

Bom, dizer que a categoria de Melhor Actriz Secundária é onde estão as surpresas, e não olhar para aquilo que a de Melhor Actor Secundário já nos reservou, dá nisto. É porque esta costuma ser igualmente interessante. Seja pelas vitórias inesperadas (Cuba Gooding Jr.) ou pelas consagrações (James Coburn e Alan Arkin). Ou, até mesmo, as duas ao mesmo tempo, como aconteceu com Jack Palance (City Slickers, 1991). Agora, este ano, a não ser que as peças do tabuleiro se alterem por completo, a corrida parece reservada a três. Javier Bardem (Este País Não É Para Velhos), vencedor nos Globos de Ouro, BAFTA, e Screen Actors Guild, assume-se como o favorito da crítica e do público. Esta segundo nomeação para os Óscares (a primeira, num filme de Julian Schnabel, Antes Que Anoiteça) pode ser o definitivo reconhecimento de Hollywood ao actor hispânico mais respeitado do momento. Emendar a omissão por Mar Adentro (Alejandro Amenábar, 2004) também joga a favor do actor. Contra si, praticamente nada. Talvez apenas a personagem. Mas, nem mesmo isso nos convence, ou não tivesse a Academia uma predilecção por sanguinários. Casey Affleck (O Assassinato de Jesse James Pelo Cobarde Robert Ford), vencedor do National Board of Review e Satellite Awards, fez aquilo que normalmente vem descrito nos livros como steal the show. O filme pertence-lhe por completo, e a Academia pode querer premiar este jovem actor que deixou de ser apenas o irmão mais novo de alguém. Um pouco como acontece com Amy Ryan (com quem contracena em Vista Pela Última Vez…), existirá a tentação de tornar Affleck uma estrela. Se aqueles que não gostaram da obra de Andrew Dominik se centrarem na sua interpretação, e não olharem para o facto do filme só ter recebido duas nomeações, até pode ser que aconteça. Hal Holbrook (O Lado Selvagem), ainda não ganhou qualquer prémio esta temporada. No entanto, se disser que esta é a minha aposta para o próximo Domingo, não interpretem esta afirmação como um equívoco, ou sinal dum estado de demência. Porque uma surpresa é isto mesmo, e o caso de Holbrook preenche todos os requisitos para levar a melhor. É certo que o filme só recebeu três nomeações, mas, até isso, pode ser visto como uma vantagem. Por muitos considerada como a principal omissão, alguns membros da Academia poderão querer distinguir o desempenho de Holbrook, precisamente para não deixar passar a oportunidade de enaltecer a obra de Sean Penn. Se os votos se dividirem entre Bardem e Affleck, Holbrook é quem subirá ao palco do Kodak Theater. Philip Seymour Hoffman, a única nomeação de Jogos de Poder (Mike Nichols), tem poucas hipóteses, para não dizer nenhumas. Tendo utilizado a senha de há dois anos atrás, por Capote (Bennett Miller, 2005), é pouco provável que a Academia o volte a premiar, quando passou tão pouco tempo. Uma personagem rica e um desempenho notável deviam ser suficientes mas, nem sempre é assim. Por último, Tom Wilkinson (Uma Questão de Consciência), o vencedor nos Satellite Awards, ex-aequo com Casey Affleck. Apesar duma carreira longa em Hollywood, ainda é cedo para falar em consagrações. Wilkinson é dos actores britânicos mais conceituados em Hollywood, no entanto, num ano em que a categoria reúne tantos ilustres, o futuro não parece risonho. A única esperança, à semelhança do que acontece com a sua colega, é que Uma Questão de Consciência fique com os louros que são esperados a Este País Não É Para Velhos e Haverá Sangue. Sem embed, aqui fica mais um vídeo para abrir o apetite. Literalmente.

Alvy Singer

Menu Principal

Home
Visitantes
Website Hit Counters

CONTACTO

deuxieme.blog@gmail.com

Links

Descritivo

"O blogue de cinema"

  • Estreias e filmes em exibição
  • Próximas Estreias
  • Arquivos

    outubro 2006 novembro 2006 dezembro 2006 janeiro 2007 fevereiro 2007 março 2007 abril 2007 maio 2007 junho 2007 julho 2007 agosto 2007 setembro 2007 outubro 2007 novembro 2007 dezembro 2007 janeiro 2008 fevereiro 2008 março 2008 abril 2008 maio 2008 junho 2008 julho 2008 agosto 2008 setembro 2008 outubro 2008 novembro 2008 dezembro 2008 janeiro 2009 fevereiro 2009 março 2009 abril 2009 maio 2009 junho 2009 julho 2009 agosto 2009 setembro 2009 outubro 2009 novembro 2009 janeiro 2010 fevereiro 2010 março 2010 abril 2010 maio 2010 junho 2010 julho 2010 setembro 2010 outubro 2010 novembro 2010 dezembro 2010 janeiro 2011 fevereiro 2011

    Powered By





     
    CANTINHOS A VISITAR
  • Premiere.Com
  • Sound + Vision
  • Cinema2000
  • CineCartaz Público
  • CineDoc
  • IMDB
  • MovieWeb
  • EMPIRE
  • AllMovieGuide
  • /Film
  • Ain't It Cool News
  • Movies.Com
  • Variety
  • Senses of Cinema
  • Hollywood.Com
  • AFI
  • Criterion Collection