Deuxieme


sábado, março 31, 2007

“Brava Dança”: ÓPERA DOS JOVENS BÁRBAROS


“Brava Dança”, realizado por José Pinheiro (um dos mais prolíficos autores de videoclips em Portugal) e Jorge Pereirinha Pires (jornalista, escritor e tradutor), é o documentário que evoca a memória e a carreira da intransponível banda dos anos 80: Heróis do Mar. Desde 8 de Março nas salas, tem vindo a gerar ondas de nostalgia sobre um dos casos extintos da música pop nacional. Na Premiere de Janeiro falámos com a dupla de realizadores sobre a aventura deste projecto. Tratamos agora de recuperar as suas palavras integrais, numa entrevista que durante os próximos dias revelaremos em duas partes neste blog. Porque eles estavam lá durante esses dias. Porque eles viram tudo acontecer. Eles que recriaram, através das imagens que restaram, a banda sonora de uma época. A época dos Heróis do Mar. Bravos que puseram um país a dançar.

1 :: A POLÉMICA, A MEMÓRIA E A IMPORTÂNCIA DO REGISTO

A ideia deste documentário partiu do momento em que o Jorge Pereirinha Pires, depois de ter feito um livro sobre os Madredeus, vai a casa do Pedro Ayres Magalhães e vê uma colecção de recortes de imprensa dos Heróis do Mar. E o que era para ser um livro, transforma-se numa revisitação cinematográfica feita de imagens. Contudo, porquê agora e porquê uma banda como os Heróis do Mar?

Jorge P. Pires: Não foi agora, o filme é que ficou pronto agora. A primeira versão que nós temos escrita é de 2000, há seis anos atrás. Porquê os Heróis do Mar? Porque os Heróis do Mar são um caso singular que nos permite, por um lado, analisar uma série de aspectos que se podem chamar mais “gerais” sobre a relação da arte com a indústria ou sobre certos aspectos da cultura pop. Por outro lado, são um caso singular na medida em que nos permitem abordar e analisar aspectos mais específicos que são propriamente relacionados com este pais e este local onde estamos. Por exemplo, um dos aspectos singulares é o facto deles sendo herdeiros de uma tradição de guerrilha, de extrema-esquerda, que é o caldo cultural do pós-25 de Abril, serem acusados de direitistas quando aparecem, portanto, isso aí até nos leva a certas questões sobre a linguagem: a linguagem visual, o simbolismo, o modo como o simbolismo é ou não interpretado socialmente. Mas voltando ao país, podemos lembrar que quando apareceram as primeiras bandas de skin-heads no fim dos anos 1980, não houve reacção nenhuma e ninguém lhes chamou direitistas sequer. Portanto, as pessoas ficaram chocadas com alguns palavrões que vinham nas letras, mas a questão politica não foi dissecada e se calhar era mais relevante nessa altura do que no tempo dos Heróis do Mar.

Mas o que foi que verdadeiramente criou mediatismo em torno da banda?

J.P.P.: O que criou mediatismo foi a reacção dos media na altura, porque os Heróis do Mar, e uma série de outra gente, vinham de uma tradição de contra-cultura. Há referências literárias, há referências visuais, cinematográficas: isso então era um mundo. Nas referências cinematográficas de contra-cultura podemos ir buscar os filmes holandeses do [Paul] Verhoeven nos anos 1970: “As Delícias Turcas” (1973) e coisas desse género. Havia uma série de referências de cultura alternativa dos anos 1970, o fundo de onde aparecem os Heróis do Mar, embora também outras bandas como os GNR do princípio e etc.

Um dos momentos mais interessantes do documentário acontece quando sabemos que os Heróis do Mar nascem da leitura inspirada de uma História de Portugal de Oliveira Martins, que deixava um pouco em aberto a sua interpretação. De facto, numa época que parecia negar o passado histórico português, os Heróis do Mar aceitam-na, subvertem-na e reinventam um novo Portugal.

J.P.P.: Sim, mas o passado que eles vão buscar é um passado mítico, não é propriamente um passado histórico. Eles vão buscar o passado da glória e é isso que mais choca as pessoas. Na altura, não havia glória nenhuma. Eles vão recuperar um ambiente mítico que é um ambiente mais geral, digamos, e fazem uma espécie de peça de teatro. Os anos 1970 são a década das óperas-rock e é bom não esquecermos isso. Os álbuns mais conceptuais eram coisas que, de uma forma geral, eram óperas-rock ou eram uma espécie de filmes sem imagem, os álbuns eram uma viagem. Ninguém estava muito interessado, na altura, em canções avulsas como hoje em dia. Um disco nos anos 1970 era uma obra como um livro ou um filme, uma coisa estruturada com princípio, meio e fim, e a encenação dos Heróis do Mar também tem que ser entendida por esse lado.

Há um problema clássico de memória na sociedade portuguesa. Este documentário é uma forma de dizer que a memoria é vital para a criação, e até reinvenção, de uma identidade?

J.P.P.: Sim, sem dúvida. Esse problema da memória prendeu-se também com a vertente artística do nosso trabalho, o facto de um certo registo da arte ser uma actividade das pessoas que andam a recolher o pó dos outros para depois fazer qualquer coisa com isso ou oferecer uma reinterpretação. Há uma frase do Wittgenstein: “o trabalho do filosofo é reunir memórias para um determinado fim.” Também foi isso que fizemos e depois oferecemos uma interpretação, ou seja, a independência da visão que nós propomos também se pode medir pelo facto deste processo todo que foi bastante longo nunca ter estado ligado a editoras discográficas, nem termos tido qualquer tipo de apoio.

José Pinheiro: É importante referir a tradição do registo. É importante registarmos hoje o que está acontecer com o fim de registar, apenas e só, para permitir depois uma possível utilização no futuro. Isto não era tradição no nosso país, é lógico que com a tecnologia em que hoje estamos imbuídos isso é muito mais fácil. Acidentalmente, as pessoas estão a registar o quotidiano: em casa, com as webcams, a quantidade de televisões, etc., e há alguma evolução na sociedade que contribui para isso. Na altura, não, ao lançarmo-nos numa aventura destas sabíamos que havia um enorme dose de risco porque íamo-nos deparar com essa falta de tradição.

J.P.P.: Este filme é sobre o tempo e até, se calhar, esse é o próprio fundo do filme, daquilo que nós fizemos com a história.

David Mariano

David Lynch e o enigma “Inland Empire”


É provavelmente a grande questão introdutória e paradigmática de todo o cinema de David Lynch: “Do you want to see?” E quem a diz é mais uma das enigmáticas personagens do cineasta norte-americano no início do trailer francês de “Inland Empire”, obra que consuma a recente paixão do criador da série de culto “Twin Peaks” pelo formato digital. “Inland Empire” foi inteiramente captado por uma câmara DV (Digital Video) e promete cerca de três horas de experimentalismo cinematográfico, o que à primeira vista até pode assustar (embora o susto seja uma das mais reconhecíveis qualidades de Lynch), em redor de uma personagem feminina interpretada por Laura Dern. De facto, o exercício parece que tem estado longe de criar simpatia junto da crítica no outro lado do Atlântico, acusado de se apresentar como uma peça demasiado subjectiva, entediante e críptica. Brian Murray, crítico de cinema, acusa mesmo “Inland Empire” de ser “uma história abstracta vista através de um olhar abstracto”. Diz mais: “É um conjunto de imagens sem ligação. De gritos e sombras e ‘close-ups’ gravados em DV que nada fazem para progredir a história.” Até que ao fim “de duas horas e vinte minutos, desisti e fui embora, não zangado, apenas desiludido.” Poucos dias antes da estreia comercial em Portugal, a 5 de Abril, a questão começa a colocar-se: será que queremos ver? Claro que sim. A Lynch perdoamos tudo, principalmente os seus excessos, os seus desvios, as suas manigâncias visuais, os seus perversos exercícios de suspense, a curiosidade sádica pelos labirintos obscuros da mente humana. Nunca esperámos outra coisa dele. Porque é um dos grandes realizadores a quem apenas e sempre soubemos permitir o inesperado.

David Mariano

sexta-feira, março 30, 2007

Caixa Infernal Affairs

À venda num estabelecimento perto de si. Infiltrados, de Andrew Lau, e os dois filmes que se seguiram, numa caixa que oferece uma trilogia repleta do mais puro cinema de acção de Hong Kong. Foi depois de ter visto o primeiro destes três filmes que Scorsese falou para com os seus botões, e decidiu assinar o thriller que lhe traria o reconhecimento por parte da Academia.

Discussões à parte, esta é uma grande semana para qualquer amante do cinema. Se muitos afirmam sem qualquer reserva que tem um preferido de entre os dois, outros há que não conseguem assegurar qual deles é o melhor. Esta controvérsia já foi tema de conversa aqui no blog e, se a memória não me atraiçoa, parece que a única conclusão a que chegámos é que estamos perante um excelente remake, e um extraordinário filme de acção que dá o mote para uma trilogia memorável.

Sobre Infiltrados foi dito na altura: “Estamos na presença daquele que é provavelmente o melhor filme policial da fornada de Hong Kong pós-Woo." Rui Pedro Tendinha (Premiere)

Alvy Singer

As promoções de hoje, os jornais de amanhã

O fim-de-semana está aí à porta e, de modo a evitar as confusões verificadas no passado sábado, a PREMIERE avança aqui, em forma de serviço público, o funcionamento da promoção vigente no semanário Expresso. Os quatro filmes que são oferecidos na compra do jornal (Gangs de Nova Iorque foi o que já saiu), somente podem ser dados aos clientes que apresentarem o respectivo cartão de oferta, adquirido na semana anterior.

Desta forma, quem quiser ter em seu poder O Pianista na próxima semana, terá que dirigir-se amanhã ao quiosque mais perto, comprar o jornal, receber o cartão da promoção, guardá-lo na mala ou carteira durante toda a semana, e mostrá-lo no próximo sábado, para que alguém possa dizer: “Aqui tem o seu DVD. Obrigado, e bom fim-de-semana”. Este processo repete-se depois para os outros dois filmes que ficam a faltar: Insomnia e Adeus Lenin!.

Contudo, convém talvez avisar que os cartões também são grátis. Ou seja, no final, teremos quatro filmes grátis, e quatro cartões grátis. Serão oito coisas grátis, ao todo. Excepto os jornais, mas isso nós já sabíamos.

Alvy Singer

Ocean com novo Trailer


Novo trailer, disponível no Yahoo a partir de hoje. A data de estreia aproxima-se, e nada como colocar na net um trailer com mais algumas sequências, para aguçar o apetite. Com tanto jogo à mistura, a pergunta óbvia impõe-se: Será 13 um número de sorte para Soderbergh? Sabemos pelo menos, que com o gang de Danny Ocean será o seu último. E sim, este senhor aqui ao lado parece que vai ser o mau da fita.

Alvy Singer

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quinta-feira, março 29, 2007

24 - Bee Movie


Só o nome de Jerry Seinfeld já é meio caminho andado para todo o alarido em torno deste filme. Verdadeiramente arredado dos grandes palcos desde o término da série de culto com o seu nome, em 1998, o comediante regressa este ano com um filme de animação, onde assina o argumento e dá voz ao personagem principal.

Seguindo a linha nonsense com que nos habitou, em Bee Movie, Seinfeld é Barry B. Benson, uma abelha que acabou de terminar a licenciatura, mas que fica terrivelmente desiludida com a única oportunidade de carreira à sua frente: fazer mel. Numa viagem ao mundo exterior, e longe da sua colmeia, Barry é salvo por Vanessa (Renée Zellweger), uma florista em Nova Iorque. À medida que a relação entre ambos floresce, a abelha descobre que os humanos consumem mel, e, consequentemente, decide processar-nos.

Daqui para a frente pouco ou nada foi adiantado até agora, mas tudo isto já é mais do que material suficiente para colocarmos Bee Movie no grupo daqueles que devemos seguir com minuciosa atenção. Provável candidato ao Oscar de Melhor Filme de Animação, o filme conta com um elenco de vozes de luxo: Matthew Broderick, John Goodman, Chris Rock, Alan Arkin, Kathy Bates, Barry Levinson, Eddie Izzard, e Oprah Winfrey, são os nomes mais sonantes.

O site oficial foi lançado já há algum tempo, e nele podemos encontrar dois teasers trailers excepcionais, da mais fina-flor, podemos mesmo dizer. A qualidade de animação é tal, que quase nos leva a crer que os desenhos são reais… E, afinal, foi Spielberg que teve a ideia de tornar isto num filme de animação.

Alvy Singer

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Os Robinsons: O salto do ecrã

Ora aí está o primeiro filme com tecnologia Digital 3D, em Portugal. Os Robinsons, que estreia esta Quinta-Feira, é o primeiro filme de animação dos estúdios da Walt Disney, para este ano de 2007. A Lusomundo disponibiliza oito salas distribuídas pelo país, equipadas com um novo sistema de som e imagem digital, de modo a permitir a exibição neste formato.

Os Robinsons em 3 dimensões terá direito a estreia nos cinemas digitais Lusomundo CascaiShopping, Almada Forum, Dolce Vita Porto, Ferrara Plaza (Paços de Ferreira), Glicínias (Aveiro), Foz Plaza (Figueira da Foz), Vasco da Gama e Braga Parque.

Um press release da Lusomundo traz tudo bem explicadinho, mas, diz quem viu, que a sensação dada ao espectador é a de que os desenhos estão mesmo ali à mão de semear, na cadeira do lado, e com a benesse de que nada disto traz efeitos secundários: Este filme é uma verdadeira experiência em 3 dimensões sem dores de cabeça ou outro tipo de mau estar associado a alguns filmes do passado. Menos mau. E, aparentemente, grande parte da solução passou pela alteração do tipo de óculos: Os antigos projectores analógicos foram substituídos por um único de alta definição e os óculos deixaram de ter lentes de cores diferentes e passaram a ser polarizados. Parece que agora são castanhos, e que esse aspecto também ficou resolvido.

Enfim, para todos os efeitos não deixará de ser uma experiência singular nos dias que correm, já para não falar do selo de qualidade Walt Disney. Para todos aqueles que optarem por este filme neste fim-de-semana, nada como regressar aqui e relatar o acontecimento.

Como curiosidade aqui fica uma das personagens deste filme, num momento musical que capta na perfeição algumas das nossas maiores irritações dentro do cinema. A música já passa por ai também nas salas nacionais mas, para já, apenas conseguimos encontrar a versão original.

Alvy Singer

Saraband


Para aqueles que têm de ficar acordados durante a noite, para aqueles que têm insónias, ou simplesmente para aqueles que ainda não tem programa para o espaço compreendido entre as duas e as quatro da madrugada, aqui fica a sugestão: Saraband, às 02:00, na RTP. Será que alguém pode confirmar cientificamente que existe uma hora ideal para se ver um filme? Esta hora até pode não ser a mais convidativa, dizemos nós, mas para quem puder, nada melhor do que assistir a mais uma obra-prima do mestre sueco, Ingmar Bergman. Alguém, no departamento de programações, ainda não deve ter adiantado a hora, e então pensa que passar um filme à uma da manhã não é assim tão mau…

Alvy Singer

25 - Rescue Dawn


Rescue Dawn é o 25º filme desta lista, e o primeiro a ser apresentado. Esta será a próxima obra do aclamado realizador alemão Werner Herzog (Aguirre, O Aventureiro; Grizzly Man), e nos principais papéis encontraremos os actores Christian Bale e Steve Zahn. O filme, baseado num documentário feito pelo próprio realizador em 1997 (Little Dieter Needs to Fly), será sobretudo um drama de acção, onde em jogo estará um equilíbrio entre momentos de acção electrizantes, e outros de uma intensidade psicológica perturbadora. A história, baseada em factos verídicos, gira em torno de um oficial nascido em solo alemão, Dieter Dengler (Bale), um homem que sempre ambicionou ser piloto, e que tem essa oportunidade ao servir os Estados Unidos na Guerra do Vietname. Durante a guerra, o avião de Dengler é atingido, e este é capturado. Depois de esquematizar um plano suicida, Dengler consegue escapar com a companhia de alguns reféns, entre os quais está Duane (Zahn).

A premissa não é inteiramente inovadora, mas o trailer, já disponível, traz-nos algumas imagens que nos fazem esperar o melhor.

Alvy Singer

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quarta-feira, março 28, 2007

25 Filmes para descobrir

Ao olharmos para trás, apercebemo-nos que um mês já passou, desde a última edição dos Óscares. Uma noite que figurará nos anais da história do cinema pela consagração de Martin Scorsese, pela indubitável vitória de Helen Mirren, pelo triunfo, logo na sua primeira interpretação, de Jennifer Hudson, e pela dupla vitória de Uma Verdade Incoveniente. Por outro lado, será também difícil esquecermos que esta foi a oitava nomeação de Peter O’Toole, e que este continua sem nunca ter ganho um Oscar. Ou que neste ano, Kate Winslet atingiu as cinco nomeações mais cedo do que qualquer outra actriz, contudo, esta também ainda não venceu. Mas todas estas conjecturas são sobre o ano que findou.

Chegou a altura de olhar para o que aí vem. Poderá ser ainda algo cedo, ou talvez bastante cedo mesmo. No entanto, procuraremos avançar aqui neste blog alguns dos títulos sobre os quais poderemos estar a falar, por estas mesmas razões, daqui a um ano. Desta forma, ao longo de um mês, aproximadamente, anteciparemos aqui 25 filmes que consideramos promissores a qualquer nível, ou simplesmente sobre os quais temos um grau de curiosidade exacerbado. O objectivo não passa por uma previsão definitiva dos candidatos aos próximos Oscares, mas tão-somente por um “dar a conhecer” daquilo que chegará lá mais para o fim do ano, e que por agora não passa de um mero objecto de interesse. Anunciaremos um título por dia, e sobre cada um iremos apresentar uma breve sinopse acompanhada de alguns pormenores da rodagem. Se tiver alguma sugestão, não hesite.

Escusado será dizer que o devido acompanhamento destas obras deverá ser feito na revista, onde a análise a estes filmes será bastante mais exaustiva, ao longo dos próximos meses. O primeiro filme vem já ai.

Alvy Singer

Novo adiamento...mas temos Happy Feet

Desalento será a palavra que melhor descreve o que agora sentem todos aqueles que esta Quarta-Feira rumaram às lojas, em busca da edição limitada de caixa metálica de The Departed – Entre Inimigos, que hoje iria ser posta à venda. Aparentemente, um atraso da editora foi a razão deste novo adiamento. Por arrastão (a editora é a mesma…), Os Filhos do Homem também tarda em aparecer. Gostávamos apenas que alguém nos explicasse de que falha(s) técnica(s) é que estamos aqui a falar. Pois, na Worten, por exemplo, já é possivel encontrar a edição normal de The Departed.

Se o tal Murphy soubesse disto, imediatamente escreveria no seu livro sobre cinema:

Axioma do Oscar: A facilidade em repor nos cinemas o vencedor do Oscar para Melhor Filme, é inversamente proporcional à de lança-lo em DVD.


E em pezinhos de lã (alegoria latente), sem grandes alaridos, lá chegou o DVD de Happy Feet. O filme não era o assumido favorito pela maioria, mas acabou por vencer o Oscar de Melhor Filme de Animação. Todos esperavam que o nome anunciado fosse outro, mas a história sobre um Pinguim dançante que não olha a meios para salvar a comunidade que o rejeitou, levou a melhor sobre a concorrência. A partir de hoje esta preciosidade está à venda, com uma edição especial disponível. Nesta, no segundo disco inteiramente dedicado a extras, destacamos o feature que nos permite frequentar aulas de dança e espanhol, o visionamento de três videoclips, e a obrigatória visita aos bastidores da rodagem.

Alvy Singer

terça-feira, março 27, 2007

A música no cinema





No âmbito do seu programa Descobrir a Música na Gulbenkian, o Serviço de Música da Fundação Calouste Gulbenkian promove um curso livre sobre a música no cinema, leccionado por Carlos Pontes de Leça. Serão focados, entre outros, nomes como Erich Wolfgang Korngold (Captain Blood, The Adventures of Robin Hood), Bernard Herrmann (Psycho, Vertigo), Nino Rota (Amarcord, La Strada) ou John Williams (E.T., Star Wars).

1º Módulo: Funções da música no cinema
2º Módulo: Grandes compositores: os adoptados e os originais
3º Módulo: Cinema Musical e suas metamorfoses
4º Módulo: Filme-ópera e filme-dança

Horário: 11, 12, 18 e 19 de Abril, às 18h30, sessões de 2 horas.
Preço – 35 euros
Auditório 3

Os bilhetes devem ser adquiridos nas bilheteiras da Fundação. Informações e Reservas: Tel. 217823700 (Seg.-Sex. 10h-19h) descobriramusica@gulbenkian.pt






100 Anos de Grandes Filmes de Acção

Não podemos ignorar esta realidade. A tentação de assobiar e olhar para o lado é grande, mas uma força maior impele-nos a dizer que algo de mal ocorreu na concepção da colecção “100 Anos de Grandes Filmes – Acção”, recentemente lançada. Podíamos dizer, de mãos nos bolsos, que estamos perante uma colectânea interessante mas, colocando as mãos no teclado, parece-nos mais correcto dizer que algumas peças não encaixam bem neste puzzle.
Por certo existirão interesses das distribuidoras, relativamente aos títulos que devem ser incluídos nestas colecções. E existirão naturalmente limitações contratuais que não permitem a toda e qualquer obra fazer parte destas séries. No entanto, considerando a hipótese de que alguém abrace este projecto como principal meio de descoberta sobre o que de melhor se fez no cinema de acção, tememos seriamente pelas conclusões a que tal sujeito chegará.
Primeiro, ao verificarmos a película mais antiga da colectânea (Assalto ao Arranha-Céus), constatamos que este não tem mais de um quarto de século. Assim, os filmes em causa não poderão ser representativos do tempo que pretendem caracterizar, logo, o título desta selecção deveria ser alterado para “25 Anos de Grandes Filmes – Acção”. Percorrendo as estantes, encontramos aqueles que perfilham ao lado de John McLane (a propósito, o quarto vem a caminho), e pensamos como o pobre coitado bem dispensaria a companhia de alguns deles.
Se a presença de Cidade de Deus, X-Men, Exterminador Implacável, ou Kill Bill não é de todo embaraçosa, o mesmo não podemos dizer, por exemplo, de Atrás das Linhas do Inimigo. Somos obrigados a questionar seriamente que mais valias trazem Táxi, Justiceiro Incorruptível, ou Correio de Risco, entre outros, a esta colectânea. Quando no cabeçalho se utiliza o adjectivo “Grandes” para classificar os filmes em questão, interrogamo-nos como terá sido realizada a operacionalização deste conceito. Que critérios foram tidos em consideração? Não devemos atirar pedras ao primeiro sinal de descontentamento mas, se a fasquia é colocada lá bem no alto pelo próprio titulo, a culpa não é nossa se dissermos que estes são materiais duvidosos.
Contudo, para que não restem duvidas, aqui fica algo parecido com o que poderíamos ter encontrado, e que seria bem mais vantajoso para todos: Batman – O Inicio (2005), Romance Arriscado (1998), Heat (1995), O Assassino (1989), Os Incorruptíveis Contra a Droga (1971), Bullitt (1968), The Great Escape (1963), Os Sete Samurais (1955), e The Public Enemy (1931). Entre tantos, tantos outros…

Alvy Singer

A PREMIERE continua em Portugal

A revista PREMIERE em Portugal está bem de saúde e recomenda-se.

Fica feito o esclarecimento, na sequência da preocupação de um leitor na notícia "A Arte do Genérico". O número 90 está quase a sair para as bancas, preparamos já a revista de Maio (vai ser de arromba) e estamos cada vez mais perto dos três dígitos.

A PREMIERE vai deixar de ser publicada nos Estados Unidos (e não em França, como sugerido), mas continua (e vai reforçar-se) on line. "Os tempos mudam" não é apenas o título de um (belíssimo) filme de David Mamet...

*****

A propósito de um outro comentário off topic na mesma notícia, nunca é demais reforçar a ideia que este blogue pretende ser uma ponte entre a redacção da PREMIERE e os seus leitores. Um blogue, por definição, é um espaço pessoal que vive da disponibilidade e boa vontade de quem o faz. Já agora, seria injusto não destacar o trabalho INACREDITÁVEL que está a ser desenvolvido nas últimas semanas por um dos membros da equipa, o Alvy Singer.

Este blogue vive de apontamentos curiosos do dia-a-dia, não pretende estar na primeira linha da actualidade cinematográfica. Não é uma indústria de "exclusivos" ou extensos artigos. Há matérias que só fazem sentido num site ou na revista.

segunda-feira, março 26, 2007

A arte do genérico

No seguimento da estreita relação mantida com o site Youtube, deixamos aqui o link para dois trabalhos que merecem a atenção de qualquer cinéfilo. Ambos tratam sobre a arte dos genéricos e de bem introduzir o espectador logo no começo do filme. Se a primeira peça se intitula 25 of the Best Title Sequences Part 1, originalmente a segunda chama-se 25 of the Best Title Sequences Part 2. Aqui podemos encontrar as primeiras imagens de Psico, Apanha-me se Puderes, Monty Python’s Flying Circus, Seven, Pi, O Super-Homem, e Intriga Internacional, entre outros. Nas listas dos Melhores de Sempre… tudo é muito relativo. Daí o criador destes segmentos se ter refugiado, e muito bem, no 25 of the Best… Sim, porque se assim não fosse, não conseguiríamos perceber a não inclusão dos genéricos de A Golpada, e de Lost in Translation – O Amor é um Lugar Estranho. Por diferentes razões, obviamente.

Alvy Singer

Lost - Terceira Temporada

Destemidamente, a RTP decidiu ontem assinalar o regresso de Lost – Perdidos, dedicando três horas da sua programação à série criada por J.J. Abrams, Damon Lindelof e Jeffrey Lieber. De forma algo arrojada, a estação pública brindou-nos com uma emissão especial, da qual fizeram parte os primeiros três episódios da terceira temporada desta série. Ao longo da tarde pudemos, assim, acompanhar novamente as peripécias de Jack, Kate, Sawyer e Companhia, à medida que íamos também tentando descortinar algumas das respostas para as inúmeras perguntas que são levantadas ao longo das duas primeiras temporadas. No entanto, a primeira conclusão que tiramos quando chegamos ao fim do terceiro episódio é que temos igual número de respostas dadas e de questões renovadas.

Após algumas trocas de opiniões e discussões mantidas hoje é difícil não constatar algumas expectativas defraudadas no seio da comunidade que segue a série, e do manifesto desalento perante este arranque a meio gás. Quando outras séries, como Prison Break, 24, ou mesmo House, parecem ganhar terreno e popularidade, convém não esquecer que este se mantém ainda como um dos projectos televisivos mais inovadores dos últimos anos. O início desta terceira série pode não ter sido tão auspicioso como acreditaríamos, e poderemos mesmo até não voltar a presenciar a qualidade de escrita que encontrámos na primeira temporada. Considerando que isso seria o ideal, esperamos apenas que, ao contrário do que acontece com as personagens, também os argumentistas não se percam no labiríntico ambiente florestal da ilha e, já agora, que a série receba o devido tratamento pela televisão portuguesa.

Alvy Singer

O reencontro de Winslet e Dicaprio


Não falar sobre isto seria como não falar sobre o elefante no meio da sala. A notícia surgiu este fim-de-semana, para gáudio dos inúmeros fãs do épico Titanic, e não só. Dez anos depois do blockbuster, Leonardo DiCaprio e Kate Winslet irão colaborar novamente no grande ecrã, desta feita na adaptação do romance Revolutionary Road, de Richard Yates, uma obra sobre um casal com problemas matrimoniais. O filme, com início da rodagem previsto para este verão, será assinado pelo marido da actriz, Sam Mendes (Beleza Americana). Dez anos depois do filme que arrebatou 11 estatuetas, Winslet é a mais jovem actriz a conquistar cinco nomeações para os Óscares, e Dicaprio, cujo currículo ostenta hoje títulos mais sonantes, o novo actor-fetiche de Scorsese. Acreditamos que, mais do que pela reconstituição do par, o filme promete pela concentração de talento.

Alvy Singer

domingo, março 25, 2007

História Trágica... com O Caimão

Num fim-de-semana com cinco estreias, o destaque vai para Música e Letra, comédia-romântica com Hugh Grant e Drew Barrymore; O Homem do Ano, o novo filme de Barry Levinson, com Robin Williams; e Epic Movie, uma espécie de máquina centrifugadora que aglomera e satiriza personagens de diversos títulos. Para aqueles que já viram algum destes filmes, nada melhor do que dizerem de vossa justiça sobre aquilo que esta semana chegou a cartaz.

Contudo, deveremos também aqui sublinhar a estreia de O Caimão de Nanni Moretti (O Quarto do Filho) e a curta-metragem que com ele nos chega em forma de complemento: História Trágica com Final Feliz, de Regina Pessoa. A premiada curta-metragem ganhou o Grande Prémio do Festival de Animação de Annecy, um dos mais importantes certames do mundo, e continua a receber distinções um pouco por toda a parte. História Trágica com Final Feliz esteve na lista dos dez filmes de onde saíram os nomeados para os Césares e para os Óscares, na categoria de melhor curta-metragem de animação, mas acabaria por não ser seleccionada em nenhum dos casos.

Duas obras que merecem ser vistas. Esperemos que esta seja uma decisão estratégica com final feliz.

Alvy Singer

Nolan e Spielberg



A informação já anda a circular por aí há algum tempo. Surgiu primeiro na Variety, na passada quinta-feira, para logo depois saltar para o Ain’t it Cool News.com, no dia seguinte. Ao receber este nível de exposição por parte da imprensa, pensamos que a notícia tenha atingido o nível de veracidade exigido para ser incluída neste blogue.

Jonathan Nolan, irmão do Christoper com o mesmo apelido (Batman – O Inicio), é a mais recente aquisição na equipa de Interstellar, um dos próximos títulos de Steven Spielberg. O homem por detrás da história que originou Memento, e que com o irmão trabalhou primeiro no argumento de O Terceiro Passo, para agora colaborarem também na sequela de Batman (The Dark Night), é assim apontado como argumentista na adaptação da obra ficção cientifica de Kip S. Thorne, que Spielberg planeia levar ao grande ecrã lá para meados de 2009.

Antes deste, o realizador deverá ainda estrear o quarto filme de Indiana Jones, e um biopic sobre Abraham Lincoln, com Liam Neeson no papel do histórico presidente norte-americano. Com Nolan como argumentista deste filme, já não nos parece tão bem que Interstellar seja apenas a terceira prioridade de Spielberg. Que os dois primeiros se concluam rapidamente, para que este não tarde muito a chegar.

Alvy Singer


quinta-feira, março 22, 2007

Boa Noite...ainda sem sorte

'We cannot defend freedom abroad by deserting it at home.' - Edward R. Murrow

Quando, em pouco mais de duas semanas, uma mão cheia de filmes que chegaram às salas de cinema no final de 2006, serão lançados em DVD, algo de perturbador emerge. Não que estejamos contra esta célere resposta das editoras, muito pelo contrário. Salvo raras excepções, quanto mais rápido um filme chegar à prateleira das lojas melhor. É muito bom poder adquirir já o DVD de 007 – Casino Royale, Os Filhos do Homem ou, num futuro muito próximo, o de Crank e The Departed – Entre Inimigos. Aplaudimos mesmo, esta tremenda disponibilidade das distribuidoras.

Agora, a questão colocada pelo leitor João Redondo (Braga), à qual o mestre Criswell respondeu na PREMIERE de Dezembro, não deixa de ser pertinente e incisiva. Onde está o DVD de Boa Noite e Boa Sorte? Na verdade, os direitos do filme estão entregues a uma distribuidora que não faz edições em DVD. E até agora ainda ninguém manifestou interesse em comprar esses direitos e lançar o filme no mercado. Não será este um extraordinário erro de marketing? Será que os resultados de bilheteira foram assim tão fracos, que há quem pense que o filme não tem pernas para andar em home vídeo? Mesmo que o anúncio do lançamento em DVD fosse feito amanhã, esta demora só poderia ser desculpada, se como recompensa tivéssemos direito a uma desmedida oferta de extras. Caso contrário, não poderíamos aceitar este atraso sem uma dose justificada de incompreensão. Este é sem sombra de dúvidas um dos melhores filmes de 2005, e esta é uma história que merece chegar ao grande público. O espaço abaixo para comentários, destina-se a todos aqueles que partilhem este sentimento de pacifica indignação.

Alvy Singer

quarta-feira, março 21, 2007

Uma Familia... e 007 em DVD

Neste primeiro dia de Primavera, nota para o lançamento do DVD de dois dos filmes mais aplaudidos no ano que passou. Uma Família à Beira de um Ataque de Nervos e 007 – Casino Royale, ambos presentes na lista dos melhores de 2006 para os leitores da PREMIERE, em 8º e 10º lugar, respectivamente, chegaram hoje às lojas.

Se, no caso de James Bond temos possibilidade de optar por uma edição especial, recheada de extras, no que respeita à disfuncional família norte-americana teremos que nos contentar com um “Comentário Áudio dos Realizadores Jonayhan Dayton e Valerie Faris” e “Finais alternativos com Comentário Opcional”. Verdadeiramente pouco, para uma das maiores lufadas de ar fresco que nos chega da América nos últimos anos. Aliás, as habituais frases promocionais que constam nas capas dos DVD’s reforçam bem esta ideia. Quando estamos perante “Uma irresistível sátira à vida americana”, “Uma Fita Vencedora”, e um filme que “Aconselha-se sem reservas”, mais alguns extras não ficariam mal a ninguém. Aliás, é pena que o filme já tenha saído, e que estas citações já tenham sido escolhidas. Mas aqui fica uma sugestão para quando for lançada a “Edição Especial de Coleccionador”: “Um filme tão bom como o da primeira edição, mas agora com extras a acompanhar”. Contudo, se ainda não viu estes filmes, que isto não seja um impedimento. Pois o cinema independente norte-americano, e os filmes do mais famoso agente dos serviços secretos britânicos, nem sempre atingem estes níveis de grandiosidade.

Alvy Singer

terça-feira, março 20, 2007

Grindhouse


O trailer já por aí anda, e vamos contando cada vez com maior expectativa, os dias que faltam para a estreia deste filme. Perdão, filmes. O primeiro, Planet Terror, é-nos oferecido pela inventiva mente de Robert Rodriguez (Sin City); o segundo, Death Proof, é uma criação com a chancela de qualidade Quentin Tarantino (Jackie Brown). A união destes dois segmentos chamar-se-á Grindhouse e, adiamentos à parte, a estreia está marcada lá para meados de Julho.

Esta não é a primeira vez que estes dois cineastas colaboram. Dos títulos em que ambos marcaram presença fazem parte Desperado, Kill Bill – A Vingança, e Aberto até de Madrugada, entre outros. Depois da realização de Sin City (esqueçamos por alguns momentos a incursão na saga Spy Kids), a cotação de Robert Rodriguez está novamente em alta. Quanto a Tarantino, os filmes que vai lançando continuam a não ser suficientes para satisfazer a necessidade dos seus seguidores, que aguardam já ansiosamente o anúncio do seu próximo projecto. Mas a verdade é que algo nos diz que faz sentido questionar, se a vontade que temos hoje de ver este binómio cinematográfico, é maior do que aquela que tínhamos antes de ver Jackie Brown, ou até mesmo Kill Bill. Será que o estado de graça destes realizadores se mantém? Ou será que ele está maior do que nunca?

Alvy Singer

Eddie Murphy - Depois da nomeação

Aqui fica um excerto do filme que levou cerca de 62 mil pessoas às salas de cinema, no passado fim-de-semana. A razão de tanto sucesso é deveras uma incógnita, na medida em que, após uma cuidada análise da obra, é possível constatar que Rasputia está longe de se poder considerar bela, e que o pequeno Norbit, de mestre tem muito pouco… Num filme que não parece seguir a fórmula de êxito do momento, este é um enigma que dificilmente conseguiremos descortinar.


Alvy Singer

Stuart Rosenberg (1927-2007)


Faleceu na passada quinta-feira, mas apenas hoje foi tornada pública a sua morte. Stuart Rosenberg, realizador de O Presidiário (1967), faleceu aos 79 anos, na sua residência, em Beverly Hills, vítima de ataque cardíaco. Rosenberg, que começou por dirigir episódios para séries de televisão como “Alfred Hitchcock Presents” e “The Twilight Zone”, e que foi responsável por filmes como Brubaker (1980), com Robert Redford, e The Amityville Horror (1979), atingiu o topo do estrelato em 1967, ao assinar um filme incontornável, e um dos melhores da carreira de Paul Newman. O Presidiário retrata a vida de Lucas “Cool Hand” Jackson (Luke) (Paul Newman), um homem comum encarcerado numa prisão rural por cortar o topo dos parquímetros. Chegado à prisão, Luke entra em rota de colisão com o regime ditatorial aí em vigor, forçosamente mais teimoso do que ele, mas contra o qual luta estoicamente. A gradação das punições que lhe são aplicadas é inevitável, e na memória ficam os diálogos desarmantes e as portentosas sequências no pátio da prisão. O filme ainda não está editado no nosso país, pelo que a única forma de fazê-lo chegar até nós é importando o clássico. Para aqueles que quiserem ir mais além, e adquirir um senhor pack dos anos 60, esta parece ser uma boa opção. O Presidiário está lá, assim como a frase enigmática que marca o filme: “O que temos aqui é um problema de comunicação”.

Alvy Singer

domingo, março 18, 2007

David Fincher: Os primeiros anos

“As pessoas dizem que uma cena pode ser filmada de mil formas diferentes. Eu penso que só existem duas. E uma delas está errada” – David Fincher

Depois de verificarmos em espaços dedicados a outros filmes, alguns comentários referindo que Zodiac, a próxima obra de David Fincher, é o titulo mais aguardado da temporada, concluímos que será possivelmente oportuno recuperar aqui o percurso deste conceituado cineasta norte-americano, e tentar perceber um pouco as razões de tamanho apreço demonstrado pelos cinéfilos portugueses. Para aqueles que atestam esta vontade superior em ver o próximo filme de Fincher, talvez uma viagem pela sua filmografia mais não seja do que revisitar a construção da sua própria cinéfilia. Exactamente por esse motivo é que este post será desdobrado num outro, de modo a permitir a inclusão de outros dados, numa biografia por muitos admirada. De qualquer forma, se nada disto constituir uma real novidade para os mais devotos Fincherianos, teremos sempre disponível a discussão daquilo que aqui for apresentado.

Como diria o outro, vamos por partes. O jovem Fincher entrou em Hollywood como assistente de efeitos especiais participando em filmes como O Regresso de Jedi (1983) e Indiana Jones e o Templo Perdido (1984). Ao assinar pela N. Lee Lacy, Fincher colocou de lado a 7ª arte e dedicou-se exclusivamente à realização de anúncios. Ao fundar a Propaganda em 1987, Fincher alargou consideravelmente a sua carteira de clientes, passando a ser responsável pelas campanhas da Coca-Cola, Nike, Budweiser, Heinekin, Pepsi, Levi’s, Converse, e Chanel. Num ápice transita para a realização de videoclips. Entre os artistas que se colocaram à frente da câmara do realizador encontramos Madonna, Sting, The Rolling Stones, Michael Jackson, Aerosmith, George Michael, Billy Idol e Iggy Pop.

É só em 1992 que David Fincher realiza o seu primeiro filme. Alien 3 – A Desforra acabou por ser uma estreia pouco feliz. A New Line Cinema e os estúdios FOX fizeram questão de vincar o seu desagrado perante uma sequela que ficou aquém dos seus dois antecessores. Para muitos o filme não destoa dos anteriores, contribuindo mesmo para a edificação do ambiente que marca a saga. Porém, para outros, este título marca o ponto de viragem na história da Tenente Ripley, sendo que os dois primeiros são a jóia da coroa, enquanto que os últimos dois são uma penosa continuação.

A verdade é que Fincher recebeu uma segunda oportunidade, e três anos depois realizaria um filme que ficará para a história do cinema. Já praticamente tudo se escreveu sobre Se7en, e pouco mais haverá a dizer sobre uma obra de culto que define na perfeição aquilo que é o neo-noir. O filme, escrito por um caixa da Tower Records (Andrew Kevin Walker), retrata dois detectives com personalidades antagónicas, Morgan Freeman e Brad Pitt, que tentam resolver uma série de crimes hediondos baseados nos sete pecados mortais. Se a premissa do filme já é material de qualidade refinada, tudo aquilo que lhe dá continuidade transforma o resultado final numa obra-prima. O ambiente desordenado em que tudo se passa, o clima como antagonismo da investigação em curso, ou a mutação da relação formal entre os dois detectives, são aspectos de uma película que Fincher optou por filmar de acordo com as suas convicções. Apenas o final original, terrivelmente mais trágico, foi rejeitado pelo público da antestreia. Este extra pode ser agora encontrado no DVD. A nomeação para Melhor Montagem nos Óscares desse ano soube a pouco.

Alvy Singer

sexta-feira, março 16, 2007

Depois de Half Nelson...


Esta é mais uma daquelas que é difícil entender. The Fountain – O Último Capítulo, o filme de Darren Aranofsky que vem sendo falado há meio ano, reúne à partida, diríamos nós, todas as condições para se portar bem na bilheteira nacional. Porém, ao que parece, esta é a nossa opinião, e não a dos responsáveis pela distribuição do filme. Tal facto pode ser comprovado quando verificamos que o filme apenas estreou em duas salas. A saber: UCI Cinemas, em Lisboa, e UCI Arrábida, no Porto. Sim, quem for de outra parte do país, que não seja as áreas metropolitanas destas duas cidades, terá de ultrapassar maiores obstáculos para visionar este filme.

Depois de Half Nelson, a saga continua. Será que estas políticas se coadunam com uma tentativa de levar mais portugueses às salas de cinema? Por favor, digam que sim, pois de outra forma, é realmente difícil compreender.

Alvy Singer

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quinta-feira, março 15, 2007

Mais uma semana

Apenas para manifestar o desagrado: The Departed – Entre Inimigos seria lançado no próximo dia 21 mas, ao que parece, só chegará às lojas dia 28. Contentemo-nos então dia 21 com o lançamento de Os Filhos do Homem e 007 – Casino Royale. Para vermos o melhor filme para a redacção da PREMIERE e para os leitores da revista, vamos ter que aguardar mais uma semana.

Mas é como diz o site da Fnac: Faltam só 13 dias! Numa letra muito pequena, praticamente imperceptível, pode ler-se em baixo: Treze penosos dias, meus senhores.

Alvy Singer

terça-feira, março 13, 2007

Toy Story 3

Parece que os estúdios da Disney não resistiram à actual tendência que se verifica, tendo sido também contagiados pela recente febre da Terceira Parte. Talvez os diversos filmes que estreiam este ano com o número 3 sejam apenas uma coincidência, mas a verdade é que em boa hora, a Disney, pela mão de John Lasseter (Toy Story - Os Rivais, Carros), anunciou que os meios já entraram em acção para levar a cabo a produção de Toy Story 3. Tom Hanks e Tim Allen regressarão assim às vozes de Woody e Buzz Lightyear. Boas novas que chegam de Hollywood, ou não se tratasse este do regresso de uma pequena saga, que se constitui como a primeira e, talvez ainda, a maior das preciosidades que a animação por computador já deu até hoje. Curioso será ver o enredo desta história, ou não fosse o argumentista, o recentemente galardoado Michael Arndt, responsável pela narrativa de Uma Família à Beira de um Ataque de Nervos. A má notícia prende-se apenas com o ano de estreia: 2010.


Mas as novidades não se ficam por aqui. Na mesma reunião anual da Disney, Lasseter confirmou o regresso à animação tradicional. “Frog Princess” é o nome do projecto já conhecido no verão passado, e apostado em levar ao grande ecrã, a primeira princesa afro-americana da Disney. Num universo de animação cada vez mais computorizado, e voltado para a componente digital, existirá ainda mercado para a animação tradicional? A avaliar pela entusiasta adesão aquando do anúncio, a resposta parece ser um vigoroso sim. Jennifer Hudson e Alicia Keys são os primeiros nomes em cima da mesa.

Alvy Singer

domingo, março 11, 2007

A Terceira Parte


Estas são provavelmente as duas sequelas mais aguardadas do ano. No caso destes filmes não poderemos falar em blockbusters de verão, simplesmente pelo facto de que ambos estreiam já no próximo mês de Maio. É verdade que este é o ano de Transformers e de Simpsons: O Filme, no entanto, podemos antecipar com enorme convicção que, exceptuando o quinto capítulo de Harry Potter, estes serão os dois grandes êxitos de bilheteira de 2007.

Com estreia mundial marcada para 05 de Maio, Spider-Man 3 recorre ao factor da antecipação, levando primeiro a sua legião de fãs de todo o mundo às salas de cinema. Quando o título que o precede já tem três anos, fará sentido que este complemento surja o mais rapidamente possível. Por seu lado, Pirates of The Caribbean: At World’s End chegará três semanas depois. Tendo em conta o facto de que Piratas das Caraíbas: O Cofre do Homem Morto estreou apenas há um ano, será de esperar que o público recorde melhor as últimas peripécias de Jack Sparrow, do que o último inimigo de Peter Parker.



Numa altura em que estas estreias se aproximam, qualquer detalhe poderá condicionar o resultado de bilheteira. Em Spider-Man 3, por exemplo, tudo indica que esta não será a terceira e última parte conduzida por Sam Raimi. O realizador já manifestou interesse em dar seguimento às aventuras do super-herói, apesar de o actor que encarna o personagem, Tobey Maguire, não ser da mesma opinião. Sendo assim, esta será, ao que tudo indica, a ultima participação do actor na adaptação desta BD da Marvel, que precisará neste momento de partir em busca de um novo rosto.

É difícil prever qual destes levará mais cinéfilos às salas. Garantidamente, muitos serão aqueles que não querem perder a resolução dos hilariantes episódios em que o pirata mais trapalhão dos sete mares se envolveu, assim como muitos serão aqueles que acompanharão de perto a temível transformação do Homem-Aranha, e o romance do homem por detrás da máscara com Mary Jane. Para já, a pergunta que se coloca é esta: Qual destes filmes parece ser o mais apelativo?

Alvy Singer

sábado, março 10, 2007

Esperemos então...


Por motivos de força maior, este sábado será passado em casa. E por motivos de força menor, grande parte dele será passado em frente da televisão. No entanto, quando constatamos a programação dos quatro principais canais portugueses para hoje, algo me diz que o espaço dedicado ao cinema não se encontra tão bem preenchido quanto desejaríamos.

Quando a TVI avança com American Pie – O Casamento, e a SIC responde com Divórcio de Milhões, rapidamente concluímos que a solução passa por partir à procura de um qualquer DVD por descobrir, perdido no meio das estantes. Confesso, contudo, que a curiosidade em volta de A Máscara 2: Nova Geração, talvez me agarre ao pequeno ecrã lá mais para as seis da tarde.

Por outro lado, quando conferimos que, às 00:30, a dois passa Fim-de-semana Alucinante (John Boorman, 1972), mais rapidamente ainda nos apercebemos, qual é o filme que deveria passar a horas mais decentes. Na impossibilidade de ver Jon Voight e Burt Reynolds em acção mais cedo, numa das obras mais marcantes da década de 70, resta-nos aguardar pacientemente pela última sessão. Vale a pena esperar.

quinta-feira, março 08, 2007

Já foi ver...

... este filme?

Se foi, então parabéns, pois ele levou menos de dois mil espectadores às salas na semana de estreia. Apesar de Ryan Gosling estar nomeado ao Oscar. Half Nelson — Encurralados não aparece entre os 20 filmes mais vistos entre 22 e 28 de Fevereiro na tabela do ICAM com os dados de bilheteiteira.

O motivo para isto acontecer não deve ser os portugueses não gostarem de histórias sobre rapazes com uma vida dupla e que se portam mal à noite. Afinal de contas, eles devem ir a correr atrás do...
E a propósito, Venus também falhou a entrada na tabela. Claro que Peter O`Toole, nomeado pela oitava vez ao Oscar, era um rapaz que se portava mal à noite. E durante o dia...

Consultório CRISWELL: "A Senhora da Água" e os 'críticos' — Director´s Cut

Na PREMIERE de Janeiro, o Consultório do Mestre Criswell respondeu à carta do leitor José Couto de Tavira. Intitulada “A crítica de cinema em Portugal”, esta tecia considerações sobre as reacções negativas de alguns críticos de cinema do nosso país ao filme A Senhora da Água.

É um príncipio elementar em imprensa: os textos, mesmo os da época de "caça ao crítico", ajustam-se ao espaço disponível e não o contrário. Foi necessário editar a carta, deixando uma parte de fora. Apesar da generosa transcrição, o leitor acusou Criswell de usar “de desonestidade ao mutilar o meu texto, truncando a citação” que fazia do historiador Rui Tavares, “indispensável para a defesa” dos seus argumentos "por forma a, facilmente, me rotular de simplista, demagogo e maniqueísta".

Na PREMIERE de Março, Criswell defendeu que o que ficara de fora não mutilava os pontos de vista defendidos pelo leitor, mas pediu à redacção para publicar neste blogue a carta original e a sua resposta para os leitores decidirem por si mesmos. A parte que foi cortada está a vermelho.

José Couto (Tavira): À maioria da ‘crítica’ de cinema em Portugal não subjazem critérios de análise que nos permitam considerá-la efectivamente ‘crítica’, mas meramente ‘opinião’. Reconheço que uma crítica, seja do que for, jamais poderá ser completamente isenta de subjectividade. No entanto, entendo que o ‘crítico’ não deverá fugir aos deveres de isenção e de imparcialidade; não deverá descurar conhecimentos sobre a obra anterior do cineasta/artista; não deverá ater-se a aspectos/características irrisórios; não deverá ser preconceituoso, manifestando, por exemplo, um anti-americanismo primário quando procede à análise de uma obra, sob risco de ser considerado um mero opinante, ao invés de crítico. Quero com isto dizer que qualquer um poderá opinar sobre uma obra artística – de Picasso, por exemplo –, mas que a capacidade, a competência e, obviamente, a autoridade para a criticar estará somente a cargo de muito poucos. Vem esta reflexão a propósito de algumas ‘críticas’ jornalísticas sobre A Senhora da Água, de M. Night Shyamalan, nomeadamente das que o classificam como um filme ‘péssimo’. A esses ‘críticos’, gostaria de dizer, fazendo minhas as palavras do historiador Rui Tavares, que a única responsabilidade de um artista é fazer arte. E o seu trabalho, bem desempenhado, inclui comover-nos, assustar-nos, divertir-nos e – isto é essencial – ofender-nos. É para isto que lhes pagamos, literalmente, através da compra do ingresso ou do pagamento do subsídio – para que nos possam ofender (ou alegrar, ou irritar) em segurança, porque isto é importante para nós enquanto comunidade". A esses ‘críticos’ eu digo que se sentiram tão inequivocamente retratados na figura do crítico de cinema – personagem do filme – e tão enxovalhados (porque ‘enfiaram a carapuça’), que não viram absolutamente mais nada a não ser o que quiseram ver! Em particular, gostaria de saber o que leva os ‘críticos’ Pedro Mexia (DN), José Vieira Mendes (PREMIERE), Luís Miguel Oliveira e Vasco Câmara (Público) a classificar o filme em causa como sendo ‘de fugir’. Uma vez que não foram publicados os seus textos ‘críticos’, mas tão-somente mostrada a ‘bolinha preta’, desconheço os seus argumentos. Sobre o último filme de Shyamalan – o único cineasta do presente que leva Bénard da Costa a ‘sair’ da Cinemateca para assistir às suas obras –, o que tenho a dizer já foi, felizmente, dito/escrito pelos críticos João Lopes (DN), Francisco Ferreira, Jorge Leitão Ramos e Manuel Cintra Ferreira (Expresso), melhor do que quaisquer outros. Resta-me apenas deixar um conselho aos opinantes (especialmente aos que ganham a vida como críticos em certos periódicos): façam o favor de (re)ver, ‘com olhos de ver’ e espírito impoluto A Senhora da Água!

Nos desabafos que recebo relacionados com a crítica cinematográfica em Portugal, normalmente acontecem duas coisas: os ‘críticos’ vêm entre aspas e, mais cedo ou mais, tarde, surge o termo ‘pseudo-críticos’, uma derivação do ‘pseudo-intelectuais’. Isto acontece porque as aspas podem ser demasiado subtis e os autores das cartas querem que fique claro o que pensam sobre os críticos de cinema. Infelizmente, na maioria das vezes, os detractores não se incomodam a esclarecer o que pensam ser um crítico que não é pseudo. Agradeço ter tido esse incómodo e, ao mesmo tempo, confiar no meu discernimento ao ficar-se pelas aspas, que usou com requinte nos que detestaram a Lady in the Water e retirou para aqueles com quem partilhou os pontos de vista. Dito isto, vamos lá ver: uma crítica, sobre o que quer que seja, será sempre subjectiva, na medida em que é uma reflexão da parte de quem a faz. Ela resulta não só de alguns dos elementos que referiu, mas também de todo um conjunto de influências e experiências que fazem dela uma reacção profundamente pessoal. No seu melhor, uma crítica de cinema ajuda-nos também a pensar, chama a atenção para algo que não tínhamos visto. Nos argumentos utilizados, cada um poderá avaliar a capacidade, competência e autoridade da pessoa que a fez, embora só seja possível aferir dessas qualidades conhecendo várias dessas reflexões. Sendo o cinema uma arte, não se pode esperar que as pessoas reajam da mesma forma às suas manifestações. Não podemos é cair nos lugares-comuns que surgem quando se quer dizer mal da crítica, achando que uns estão certos e outros errados. Mesmo reconhecendo que a capacidade para criticar não está ao alcance de todos, na essência o que escreveu nega um princípio elementar: o direito que outra pessoa tem de exprimir um ponto de vista diferente do nosso. Existem coisas que não gosto na crítica nacional – veja-se a forma como reagiu ao Borat –, mas Rui Tavares ficaria muito desapontado pela forma como usou a sua citação para o Lady in the Water. O que me escreveu sobre quem não gostou do filme é simplista, demagógico e maniqueísta. O leitor não quer realmente conhecer as razões desses críticos porque claramente já decidiu quais foram. Para si, eles sentiram-se ‘retratados’ e ‘enxovalhados’ na personagem do crítico de cinema. E não viram o filme com ‘espírito impoluto’. Não acredito que o historiador achasse esta sua explicação intelectualmente leal, bem como a sua decisão de chamar à pedra apenas os que não apreciaram o trabalho de M. Night Shyamalan. Tem toda a legitimidade para desejar conhecer as suas opiniões, mas não de os diminuir intelectualmente com as suas aspas, como se, não existindo opções editoriais e limites de espaço, eles não tivessem capacidade para as dar. A verdade é que o filme dividiu a crítica portuguesa e aqui a pergunta é elementar: seguindo o seu ponto de vista, qual o motivo para os que gostaram e também não escreveram ficarem desobrigados de o fazer? Por exemplo, o leitor. Já viu bem a razão que me deu para não dar a sua opinião? Para quê ‘chutar’ para os críticos com os quais concordou? Não teria sido mais interessante para este debate conhecer a sua visão singular? Pedro Mexia fê-lo em Outubro no seu blogue Estado Civil (http://estadocivil.blogspot.com), considerando Shyamalan um ingénuo simpático que quer fazer passar a sua ingenuidade por sofisticação. Deixe-me também dar-lhe um conselho: nunca abdique de dar a conhecer a sua opinião só porque outros já o fizeram. Quanto mais não seja, para sustentar esse ‘olhos de ver’ que convocou.

terça-feira, março 06, 2007

L.A. Confidential - Sequelas


A ser verdade, esta é uma das melhores noticias dos últimos meses. Depois de ter sido confirmada a adaptação do quarto e último livro da tetralogia de James Ellroy sobre Los Angels, White Jazz, surgem agora rumores de que Curtis Hanson estará em negociações para uma possível sequela de L.A. Confidential (1997). Esta não será baseada em qualquer material previamente escrito pelo criador dos personagens, mas recuperará a história exactamente no ponto em que esta terminou. Em vez de um, estaremos assim perante dois filmes que continuam o relato da vida dos principais personagens de L.A. Confidential.

Quem não deverá ter gostado muito de saber que estes reboliços acontecem para os lados de Hollywood é Joe Carnahan (Um Trunfo na Manga), o realizador por detrás de White Jazz, filme baseado no livro homónimo de Ellroy. É verdade que, mesmo que se confirmem os rumores, Carnahan terá sempre a vantagem de começar primeiro o seu projecto, para além de já contar no elenco com o nome de George Clooney. Por outro lado, constatar que o realizador e argumentista (Brian Helgeland), de um dos filmes mais elogiados dos últimos anos, pretendem fazer uma sequela semelhante àquela que havia anunciado há alguns meses, não deverá ter sido muito agradável...

Segundo consta, a sequela de Hanson não terá em consideração o plot de White Jazz, preocupando-se apenas em prosseguir a narrativa no exacto momento em que esta terminou: Com o Tenente Ed Exley (Guy Pearce), numa ascensão meteórica dentro da polícia de Los Angels, e Bud White (Russell Crowe), um ex-polícia que vive com uma ex-prostituta.

Pearce, que tem sido abordado para regressar ao papel de Exley em White Jazz, não se tem mostrado muito receptivo à proposta.

“Não sinto uma grande motivação para revisitar personagens que já tenha desempenhado. Contudo, isso poderá mudar, dependendo da forma como tudo for realizado.”

Talvez se o convite for feito por Curtis Hanson as coisas mudem… De facto, Exley tem uma importância menor em White Jazz. Porém, tudo indica que no projecto de Helgeland e Hanson reassuma o papel de protagonista, a par de Bud White.

Depois de A Dália Negra ficámos a saber que um best-seller de James Ellroy não é sinónimo de um bom neo-noir. E após o dúbio Hollywoodland, a sede não ficou inteiramente saciada. Resta agora esperar por estes dois. Isto, se forem dois. Porque não esqueçamos o que recentemente aconteceu a Infame. Será que se os dois filmes avançarem mesmo, poderemos dizer, ao contrário do que se passou com Capote, que quem ri por último, ri melhor? Apostaria que sim.

Alvy S.

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