20 ANOS DA MORTE DE ANDREI TARKOWSKY (1932-1986)

3 DA ESCOLA AO LEÃO DE OURO
A Caldeira a Vapor e o Violino (Katoki I Skripka, 1960), foi o filme de fim de curso de Tarkovsky, uma obra que chamou imediatamente a atenção tanto de professores como da critica empenhada em encontrar um novo símbolo, para além de o filme ter recebido vários prémios universitários. A Caldeira a Vapor e o Violino conta a história de Sasha, um jovem violinista que não se relaciona com os outros miúdos do prédio onde vive, pela simples razão que tem uma sensibilidade mais apurada. Por isso ganha amizade por um operário de um compressor a vapor, isto numa referência directa a um dos temas favoritos do cineasta, que sempre defendeu uma aproximação maior entre a arte e o povo, ao mesmo tempo que a presença da severa figura da professora do rapaz, parecia representar uma crítica directa ao controlo rígido exercido pelo regime à produção cultural na URSS. A Infância de Ivan (Ivanovo Detstvo, 1962), a sua primeira longa-metragem, é mais uma vez um filme que se desenrola num ambiente de guerra onde não há heróis, actos de bravura ou espaço para grandes patriotismos e que tem, como aliás o primeiro, uma criança como protagonista. Ivan é um miúdo de 12 anos que ficou sem família devido ao absurdo do próprio conflito. Para sobreviver, trabalha para o exército russo, em perigosas missões de reconhecimento, surpreendendo os soldados mais experientes por não demonstrar qualquer medo no campo de batalha. A sua personalidade forte, que enfrenta os superiores e quase sempre discorda das suas ordens, é brilhantemente interpretada pelo jovem Nikolai Burlyayev, que o realizador dirige com grande mestria, conseguindo momentos de rara beleza e um lirismo nunca antes visto no Ocidente. Por isso, Tarkowsky ganhou o Leão de Ouro em Veneza, num ano em que na competição estavam também Godard, Kubrick, Pasolini e Polanski.
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