Deuxieme


quinta-feira, maio 15, 2008

CANNES BRANCA

A alegoria sobre a cegueira branca, de José Saramago, adaptada ao cinema por Fernando Meirelles em "Blindness", e que abriu ontem o Festival, deixou para já uma visão algo pálida e traumática na maioria da crítica e dos espectadores. De facto, não é fácil pegar na obra de Saramago e transpô-la para o ecrã. Depois de muitos test screenings e remontagens, assumidas pelo realizador, "Blindness" é, para já, um filme incompreendido, a menos que se volte a mexer-lhe. Tem momentos maravilhosos, como uma certa sequência da dança da chuva e as do caos da quarentena - que se transforma numa verdadeira Sodoma e Gomorra com Gael Garcia Bernal como o mau-da-fita - mas tem outros menos felizes que engasgam a narrativa: a inevitável voz off de ligação é algo irritante (mesmo sendo a de Danny Glover) e depois porque o realizador não consegue convencer-nos do pavor apocalíptico da praga que leva ao caos total, a verdadeira essência e a grande força do romance do Nobel da literatura portuguesa. Mesmo assim a névoa leitosa da praga não serve para desvirtuar uma abertura com muita elegância e muita expectativa, digna de uma competição de alto nível, com um filme que talvez venha ser valorizado com justiça daqui por uns anos, e onde brilha uma Julianne Moore, interpretando curiosamente a única personagem que nunca perde a visão e a noção daquela assustadora realidade.

Afinal o argentino Pablo Trapero, já não é propriamente uma revelação, é sim aqui na Competição em Cannes, com este Leonera, a sua quinta película, em que a sua mulher, a actriz Martina Gusman (Julia), interpreta o papel principal de uma jovem universitária que mata o namorado e é condenada a uma pena numa prisão de mulheres em Buenos Aires. É um filme realista e de alguma dureza, onde se destacam também as interpretações do brasileiro Rodrigo Santoro e da cantora Elli Medeiros.

Hoje abre a Quinzena dos realizadores com 4 Nuits avec Anna, do realizador-pintor polaco Jerzy Skolimowski, há muito afastado dos filmes e que regressa com uma história intimista e alegórica sobre o universo mental de um homem, uma obra curiosamente produzida por Paulo Branco.

José Vieira Mendes (em Cannes)

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1 Comments:

Blogger claudiagameiro said...

Não entendi muito bem se esta é a opinião do José Mendes se um apanhado de toda a crítica de Cannes. Pessoalmente, que achou do filme?

15 de maio de 2008 às 14:30  

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