Deuxieme


domingo, março 18, 2007

David Fincher: Os primeiros anos

“As pessoas dizem que uma cena pode ser filmada de mil formas diferentes. Eu penso que só existem duas. E uma delas está errada” – David Fincher

Depois de verificarmos em espaços dedicados a outros filmes, alguns comentários referindo que Zodiac, a próxima obra de David Fincher, é o titulo mais aguardado da temporada, concluímos que será possivelmente oportuno recuperar aqui o percurso deste conceituado cineasta norte-americano, e tentar perceber um pouco as razões de tamanho apreço demonstrado pelos cinéfilos portugueses. Para aqueles que atestam esta vontade superior em ver o próximo filme de Fincher, talvez uma viagem pela sua filmografia mais não seja do que revisitar a construção da sua própria cinéfilia. Exactamente por esse motivo é que este post será desdobrado num outro, de modo a permitir a inclusão de outros dados, numa biografia por muitos admirada. De qualquer forma, se nada disto constituir uma real novidade para os mais devotos Fincherianos, teremos sempre disponível a discussão daquilo que aqui for apresentado.

Como diria o outro, vamos por partes. O jovem Fincher entrou em Hollywood como assistente de efeitos especiais participando em filmes como O Regresso de Jedi (1983) e Indiana Jones e o Templo Perdido (1984). Ao assinar pela N. Lee Lacy, Fincher colocou de lado a 7ª arte e dedicou-se exclusivamente à realização de anúncios. Ao fundar a Propaganda em 1987, Fincher alargou consideravelmente a sua carteira de clientes, passando a ser responsável pelas campanhas da Coca-Cola, Nike, Budweiser, Heinekin, Pepsi, Levi’s, Converse, e Chanel. Num ápice transita para a realização de videoclips. Entre os artistas que se colocaram à frente da câmara do realizador encontramos Madonna, Sting, The Rolling Stones, Michael Jackson, Aerosmith, George Michael, Billy Idol e Iggy Pop.

É só em 1992 que David Fincher realiza o seu primeiro filme. Alien 3 – A Desforra acabou por ser uma estreia pouco feliz. A New Line Cinema e os estúdios FOX fizeram questão de vincar o seu desagrado perante uma sequela que ficou aquém dos seus dois antecessores. Para muitos o filme não destoa dos anteriores, contribuindo mesmo para a edificação do ambiente que marca a saga. Porém, para outros, este título marca o ponto de viragem na história da Tenente Ripley, sendo que os dois primeiros são a jóia da coroa, enquanto que os últimos dois são uma penosa continuação.

A verdade é que Fincher recebeu uma segunda oportunidade, e três anos depois realizaria um filme que ficará para a história do cinema. Já praticamente tudo se escreveu sobre Se7en, e pouco mais haverá a dizer sobre uma obra de culto que define na perfeição aquilo que é o neo-noir. O filme, escrito por um caixa da Tower Records (Andrew Kevin Walker), retrata dois detectives com personalidades antagónicas, Morgan Freeman e Brad Pitt, que tentam resolver uma série de crimes hediondos baseados nos sete pecados mortais. Se a premissa do filme já é material de qualidade refinada, tudo aquilo que lhe dá continuidade transforma o resultado final numa obra-prima. O ambiente desordenado em que tudo se passa, o clima como antagonismo da investigação em curso, ou a mutação da relação formal entre os dois detectives, são aspectos de uma película que Fincher optou por filmar de acordo com as suas convicções. Apenas o final original, terrivelmente mais trágico, foi rejeitado pelo público da antestreia. Este extra pode ser agora encontrado no DVD. A nomeação para Melhor Montagem nos Óscares desse ano soube a pouco.

Alvy Singer

3 Comments:

Blogger João Bizarro said...

É dos cineastas que me levam a uma sala de cinema.

22 de março de 2007 às 11:41  
Blogger Pedro Pereira 77 said...

Este comentário foi removido pelo autor.

25 de março de 2007 às 19:41  
Blogger Pedro Pereira 77 said...

Sem sombra de dúvidas, o melhor cineasta da actualidade. Mesmo o criticado "Alien 3" é uma obra de arte, pois decalca na perfeição todo o ambiente negro esboçado na perfeição no primeiro filme e que tinha sido algo perdido no segundo devido à inclusão do poder fogo.
Quanto a mim, todos os filmes de Fincher são dignos de obras primas, sendo que porém, talvez se possa considerar a "Sala de Pânico" como o filme mais fraquinho da sua filmografia e por outro lado Se7en e Clube de Combate (qual deles o melhor) os mais fascinantes.
Por fim, como Fincheriano que sou, espero ansiosamente pela estreia de Zodiac para me deliciar uma vez mais com a sua tremenda habilidade para dirigir as câmaras.

25 de março de 2007 às 19:43  

Enviar um comentário

<< Home

Menu Principal

Home
Visitantes
Website Hit Counters

CONTACTO

deuxieme.blog@gmail.com

Links

Descritivo

"O blogue de cinema"

  • Estreias e filmes em exibição
  • Próximas Estreias
  • Arquivos

    outubro 2006 novembro 2006 dezembro 2006 janeiro 2007 fevereiro 2007 março 2007 abril 2007 maio 2007 junho 2007 julho 2007 agosto 2007 setembro 2007 outubro 2007 novembro 2007 dezembro 2007 janeiro 2008 fevereiro 2008 março 2008 abril 2008 maio 2008 junho 2008 julho 2008 agosto 2008 setembro 2008 outubro 2008 novembro 2008 dezembro 2008 janeiro 2009 fevereiro 2009 março 2009 abril 2009 maio 2009 junho 2009 julho 2009 agosto 2009 setembro 2009 outubro 2009 novembro 2009 janeiro 2010 fevereiro 2010 março 2010 abril 2010 maio 2010 junho 2010 julho 2010 setembro 2010 outubro 2010 novembro 2010 dezembro 2010 janeiro 2011 fevereiro 2011

    Powered By





     
    CANTINHOS A VISITAR
  • Premiere.Com
  • Sound + Vision
  • Cinema2000
  • CineCartaz Público
  • CineDoc
  • IMDB
  • MovieWeb
  • EMPIRE
  • AllMovieGuide
  • /Film
  • Ain't It Cool News
  • Movies.Com
  • Variety
  • Senses of Cinema
  • Hollywood.Com
  • AFI
  • Criterion Collection