SOAP ou a história de um filme que tinha tudo para ser um hit mais não foi
Dissertar sobre Snakes on a Plane é quase como descrever a lamentável história daquelas equipas que eram favoritas a vitória final, mas que por qualquer infortúnio a que foram alheias, acabaram por perder o campeonato. O discurso derrotista é apanágio, e as qualidades do conjunto passam despercebidas. Não deveria ser assim.
Aproveita-se o facto do filme ter sido editado agora em DVD, para tentar lançar uma nova luz sobre esta obra, incompreendida desde a sua concepção. Há um ano começava a falar-se, mais incessantemente em alguns fóruns, sobre o filme que contaria com Samuel L. Jackson, no verão. O nome Snakes on a Plane provocava risadas monumentais na comunidade dos blogs mas, paulatinamente, estas gargalhadas foram-se transformando num mecanismo publicitário sem precedentes. Surgiram defensores acérrimos do filme, argumentistas à distância que sugeriam linhas da narrativa, e anónimos que ocuparam grande parte do seu tempo na criação de t-shirts, bandas de rock, sites, e outros artefactos que veneravam um filme que ainda não tinha saído. Todos acreditavam que seria o blockbuster de 2006. Mais, chegou a pensar-se que estaríamos na presença de um grande filme.
Errado. SOAP não só não foi um êxito de bilheteira, como também não é um grande filme. É um filme invulgar é certo, no entanto, não deixa de seguir os cânones do género, e todos nós sabemos como é que aquilo vai acabar, pouco depois do avião descolar. Contudo, o facto de não ser uma obra-prima, aliado à enorme pujança oriunda da net que não se concretiza, não significa necessariamente que estas não sejam duas horas de entretenimento puro. Aqui a+b é sempre c, e não há grande espaço para questões filosóficas. Quando um objecto que pesa toneladas voa a 10000 pés de altitude, e cobras hediondas aparecem de todos os lados, a única coisa que importa realmente saber é quem é que não vai morrer, se é que o avião não se despenha mesmo e não resta alguém para contar a história. Para alguns, incluído Alvy Singer, o filme acabou por ser exactamente aquilo que se esperava, e no fim, o dinheiro foi dado por mais do que bem empregue. I’ve had it with these motherf*****g snakes on this motherf*****g plane! era já uma frase citada, muito antes de Jackson a dizer no grande ecrã. Quando aquilo que parecer ser, não o é na realidade, a desilusão é o único desfecho. No caso de SOAP, se mantivermos os pés bem assentes no chão, e deixarmos que seja apenas o avião a levantar voo, o espectáculo que vemos cá de baixo não é nada mau. E o filme era bom na mesma, se o nome fosse outro. Mas, ao menos assim, toda a gente sabe ao que vai. Sugestão: ver o filme com o maior número possível de pessoas. Interessante como para uns alguns momentos podem ser arrepiantes, enquanto para outros são do mais parecido que um filme de terror pode ter com comédia slapstick.
Alvy Singer
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home