Deuxieme


domingo, maio 27, 2007

This is Africa - Diamante de Sangue em DVD

Podem até chover carradas de criticas a este post. A psique está mais do que preparada para a perplexidade de todos aqueles que olhem para este texto como uma das maiores atrocidades cinéfilas. Sim, porque quando se trata de bajular um filme que não ficou muito longe de agradar apenas a uma imensa minoria, nada melhor do que antecipar reacções, e partir para as dissertações elogiosas com uns quantos trunfos na manga. Assim sendo, como se de uma partida de Sueca se tratasse, e considerando que o jogo que temos na mão não é suficiente para triunfar por si só, a estratégia passará por começar imediatamente a destrunfar: DiCaprio, Edward Zwick, e Jennifer Connely.

Apresentados os trunfos, e porque para os mais cépticos estes estão longe de ser rei, manilha e ás, nada como partir para uma decente apresentação dos valores de Diamante de Sangue, e tentar justificar o porquê deste ter sido o filme que mais fez as delicias de Alvy Singer, no ano que passou. Sim, o melhor filme de 2006 (seguido de muito perto pela família na carrinha amarela), que teria nos Óscares, pelo menos, ocupado o lugar de A Rainha.

Certamente que esta opinião estará longe de ser consensual – nem o objectivo deste post passa por atingirmos uma –, o que é totalmente compreensível (como se comprova na discussão de Ebert e Roeper), dada a natureza do filme. O tema é delicado, e a abordagem de Zwick ainda o fragiliza mais. Mas, fiquem descansados, pois, no final, não só todos os elementos permanecem intactos, como ainda passamos por uma experiência vertiginosa, num rodopio de emoções para o qual não estávamos avisados. A verdade é que o filme surpreende por duas ordens de razões. A primeira, a subtileza com que nos é presenteado o problema da extracção de Diamantes em África. Há quem afirme que seria desnecessário Zwick colocar uma frase, já no fim do filme, a relembrar-nos do nosso papel activo nesta questão, se o realizador se tivesse entregue um pouco mais a essa mesma causa durante a obra. Esta tese é apoiada pelos mesmos que defenderiam, se as coisas se passassem de outra forma, uma história mais aberta, não tão sufocante e centrada no conflito civil… A narrativa não podia ser mais informal, e chega até a ser por vezes insultuosa a forma como somos afastados do centro do conflito. Mas, só poderia ser assim. Se, nas palavras de Archer (Dicaprio), até ‘Deus abandonou este local há muito tempo…’, porque é que nós também não o podemos fazer? A segunda razão, DiCaprio. Se, em The Departed, já tínhamos ficado com algumas incertezas (positivas) quanto ao seu real valor, este seu desempenho vem apenas consolidar a imagem de menino bonito que se dedicou, finalmente, de corpo e alma, à arte da representação. A nomeação para o Oscar foi merecida. Assim como teria sido a outra, caso tivesse acontecido. O rapaz que já não o é deixa boas indicações para o seu futuro, que aguardamos agora com outro entusiasmo.

Podemos fazer nossas as palavras de Lowel Bergman, em O Informador, e dizer que esta é uma mera história de ordinary people under extraordinary pressure. Nem mais, nem menos do que isso. Só assim poderemos entender o conjunto de acções tomadas pelas personagens de DiCaprio, Djimon Hounsoun (um outro papel extraordinário), e Jennifer Connelly (talvez a mais apagada do trio principal).

Um filme sobre a solidez do carácter, sobre o valor da vida humana, e sobre a difusão de responsabilidade social que se vive em torno deste problema dos nossos dias. O filme, editado esta semana em DVD, merece ser visto por todos aqueles que ainda não o descobriram. Pode não vir a cair nas graças de todos, como caiu nas de Alvy Singer. No entanto, responsabilizo-me aqui e agora por todos aqueles que ficarem indiferentes à última frase deste clip. Também ela, muito provavelmente, a melhor sentence do ano.

Alvy Singer

6 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Caro Alvy,

Este não foi um filme que somente lhe encheu as medidas a si. Concordo consigo quando diz que este é um filme belissimo, possuidor de um tema delicado, que Zwick soube trabalhar de uma forma competente e única (ainda assim continuo a afirmar que O ÚLTIMO SAMURAI é a sua peça de cinema mais bem conseguida). Di Caprio está estupendo, Connely é uma boa supporting actress e Zwick assina com o seu olhar próprio uma análise aos diamantes africanos e ao seu conflito em escala mundial. É um filme muito importante, bem conseguido a todos os níveis, e é sem dúvida um DVD a colocar entre a colecção de qualquer bom cinéfilo que se preze.

27 de maio de 2007 às 15:06  
Anonymous Anónimo said...

Não há muito mais a dizer... sem dúvida que foi um filme que eu adorei. não podia estar mais de acordo com o que o Alvy disse.

acho que este filme foi necessário para mim, para perceber que DiCaprio realmente "cresceu" no que respeita ao seu título de actor, e já começo a olha-lo com outros olhos.

nada mais há a dizer, que já não tenha sido dito :)

27 de maio de 2007 às 16:53  
Anonymous Anónimo said...

Concordo que o considere bom filme, mas pessoalmente não o considero o melhor do ano passado. Preferi o "Cartas de Iwo Jima". Achei muito mais profundo.

Seja como for, o DVD é uma questão a equacionar.

27 de maio de 2007 às 18:00  
Blogger inêsgens said...

É, de facto, um grande filme que marca definitivamente a transposição do DiCaprio menino para o DiCaprio senhor.
Não foi, para mim, o melhor do ano mas está decididamente na lista dos favoritos.
Quanto à frase, é um "toma lá que já comeste" no seu estado mais cristalino.

Cumprimentos, Alvy

27 de maio de 2007 às 20:22  
Blogger Ricardo said...

Gostei de Blood Diamond, mas não entra, certamente, no meu pódio dos melhores filmes de 2006.
"Little Miss Sunshine", "The Departed", Babel e "O Labirinto do Fauno", que vi muito recentemente, estão sem dúvida entre os meus preferidos.

"Blood Diamond" não é se quer o meu filme preferido de Zwick, muito menos "O Último Samurai", apesar de lhe reconhecer algum mérito.

Chamem-me meloso - todos os filmes de Zwick puxam pela lágrima; aspecto que até aprecio - ou politicamente correcto, mas "Tempo de Glória" é o meu preferido do realizador. Interpretações portentosas de Morgan Freeman, Denzel Washington e companhia não deixam ninguém indiferente.

A qualidade dos protagonistas em Blood Diamond é inquestionável. Há já muito tempo que considero DiCaprio um excelente actor. Filmes como "Gilbert Grape" e "Basquetball Diaries" são exeplos flagrantes das potencialidades de um actor de corpo inteiro e que, mais tarde, filmes como "The Departed" e "Blood Diamond" vieram convencer os (ainda) cépticos...

28 de maio de 2007 às 19:08  
Anonymous Anónimo said...

Ainda não tive oportunidade de ver Diamante de sangue, mas relativamente a Edward Zwick, gostei muito do Estado de Sítio (ainda no outro dia o revi) mas o Tempo de Glória é um filme que me fala ao coração, que já revi muitas vezes e que me deixa sempre emocionado,especialmente na cena quando o regimento parte rumo ao assalto final na praia e recebe o apoio moral daqueles que pouco antes não lhes davam qualquer valor. Interpretações magníficas de Matthew Broderick; Morgan Freeman e especialmente Denzel Washisghton.

28 de maio de 2007 às 22:21  

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