17 - E Tudo o Vento Levou (1939)

Intervenientes: Scarlett O’Hara (Vivien Leigh) e Rhett Butler (Clark Gable).
A cena: Após o conflito em Atlanta, Scarlett e Reth preparam-se para abandonar a cidade numa carroça. No cimo de uma colina, Reth decide parar e informar Scarlett que a deixará ali, juntamente com Melanie (Olívia deHavilland), e que as duas deverão continuar a viagem sozinhas, até chegarem a Tara. A reacção de Scarlett a esta decisão de Reth se juntar ao exército não é, obviamente, a melhor. O momento torna-se tenso, e o romantismo que segundos antes era tão evidente, praticamente desaparece.
Não a esquecemos porque… é o término arrebatador de uma sequência memorável. Os planos da guerra em Atlanta ajudaram a colocar E Tudo o Vento Levou num patamar onde nenhum outro filme ousou chegar durante largos anos. A cena em que Reth e Scarlett abandonam a cidade devia ser, também para nós, a cena em que deixamos para trás todo aquele trauma. No entanto, não é isso que acontece. A harmonia é destabilizada no momento em que Reth salta da carroça. Algo está mal. O diálogo que os dois mantêm, apenas com um ardente céu vermelho por trás, é do mais simples que pode existir na arte da representação. Duas personagens e um texto soberbo. “Never mind about loving me. You're a woman sending a soldier to his death with a beautiful memory. Scarlett, kiss me. Kiss me, once”. O instante que se segue não termina bem. Mas isso nada quer dizer sobre os seus sentimentos. E a beleza da cena está precisamente no facto de o espectador saber isso mesmo.
Alvy Singer
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