Festival de Animação de Annecy - Dia 6 (Parte 1)
O último dia do Festival de Cinema de Animação de Annecy é, eventualmente, o mais calmo do certame, pelo menos até à cerimónia de entrega dos prémios, que tem inicio às 20h00. Os filmes em competição oficial já foram todos apresentados, mas as salas ainda continuaram cheias, com as muitas propostas que o certame oferece sempre.
A manhã foi marcada por nova apresentação de "Azur et Asmar", de Michel Ocelot, mas desta feita com legendagem especial para surdos e uma narrativa especial para invisuais, à qual podiam aceder através de um aparelho específico para o efeito. No fim da sessão, foi um Ocelot visivelmente comovido que respondeu às perguntas da plateia.
Já a tarde teve o seu ponto alto na muito aguardada projecção fora de competição de "Tales from the Earthsea", o primeiro filme realizado por Goro Miyazaki, filho de Hayao Miyazaki. Trata-se de uma adaptação livre da série de livros "Contos de Terramar", de Ursula K. Le Guin, que gerou alguma polémica inicial pelo facto de Goro nunca ter estado ligado à animação (excepto de forma lateral, como principal responsável pelo Museu Ghibli) e pelo facto do seu pai se ter inicialmente oposto à nova tarefa do filho.
O filme tem a marca de qualidade do Studio Ghibli, com animação fluida e cenários luxuosos, mas está longe da mestria das obras de Hayao Miyazaki. Falta-lhe economia narrativa, tem um argumento complexo e demasiado confuso, nem sempre casa bem as cenas intimistas com as de maior fôlego épico e tem personagens com quem não é fácil empatizar. Apesar de tudo, não nos podemos esquecer que se trata de uma primeira obra, e nesse sentido o filme é particularmente impressionante, não denunciando a falta de experiência de Goro Miyazaki no cinema, num filme, apesar de tudo, visualmente forte e com qualidade o suficiente para não desmerecer o currículo do Studio Ghibli.
À hora de escrita destas linhas, falta cerca de meia hora para a cerimónia de entrega de prémios. Que ganhe o melhor e nós aqui estaremos (assim que nos for possível dado que a sala de imprensa esta prestes a fechar) para divulgar os grandes vencedores do festival.
1 Comments:
As imagens, o trailer, a sinopse deixaram-me com água na boca (quase todos os filmes deste género orientais deixam, eheh).
Mas permita-me discordar de uma coisa. Este filme, do filho de Hayao Miyazaki, se tem um argumento complexo como refere, não se afasta muito do que o seu pai fazia, pois os seus filmes (pelo menos os que já vi) são muito complexos.
Existe um que só o percebi à terceira vez que o vi: o Castelo Andante (Howl's Moving Castle). Por vezes torna-se muito confuso.
Mas depois de o perceber passei a gostar dele e é um filme magnífico.
Vamos lá ver como será este filme.
Uma pergunta, este filme irá estrear nas salas de cinema em Portugal?
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