Paz Vega: Sensualidade santificada

A propósito de Teresa Corpo de Cristo, de Ray Loriga, já em cartaz nas salas nacionais, um filme que mistura misticismo com sensualidade, a PREMIERE, encontrou-se com a protagonista em Madrid, para falar da sua ‘interpretação carnal’, neste ‘biopic’ sobre Santa Teresa d’Ávila.
Por José Vieira Mendes (em Madrid)
PREMIERE: Como é que interpretou um papel tão difícil como o de Santa Teresa d’Ávila, com toda a sua sensualidade pessoal?
PAZ VEGA: Foi um papel muito difícil sem dúvida, sobretudo pelo seu peso histórico e pela importância desta mulher na vida das pessoas de religião católica. Agarrei o papel como muita humildade e com uma ajuda fundamental do realizador e acima de tudo muito respeito, pois recriar a vida de Teresa é algo de muito pretensioso. Tentei por isso, cingir-me ao que o realizador queria mostrar, e foi uma experiência maravilhosa.
P.:Mas esta é uma visão algo polémica uma vez que introduz alguma sensualidade e forma de pecado numa figura extremamente religiosa…
P.V.:Sim, mas a própria história de Teresa tem a sua componente sensual porque ela amava perdidamente Deus, de uma forma por vezes carnal, ainda que muito espiritual. O filme baseia-se no seu primeiro livro, que se chama Vida, onde relata a sua experiência mítica que serviu de mote ao filme para que chegasse às pessoas de uma forma cinematográfica a sua vivência.
P.: Este é um filme que nos fala de um poder feminino forte, onde se demonstra a ousadia de Teresa ao desafiar as convenções históricas e sociais e a seguir um caminho delineado por si mesma. ..
P.V.:Esta atitude é, sem dúvida, uma das características básicas para se construir e interpretar a personagem – uma mulher que se nega a aceitar os horrores que a sociedade lhe impõe, ou se limita a ser mãe, ou esposa de alguém, ou filha de alguém. É na procura de uma liberdade que ela encontra no seu caminho o misticismo, a reunião com Deus. Para mim trata-se de uma mulher que descobre que somente se pode libertar física e intelectualmente através da religião.
P.: De que forma Teresa sendo uma mulher tão culta e instruída, revoltada com a ideia de lhe limitarem o conhecimento, se dedica avidamente a uma religião e a Deus?
P.V.: Penso que, por um lado, é uma personagem muito inteligente e conhecedora, que também pode ser fria e calculista e que, por outro lado em certos momentos do filme também é alguém quente, com muita paixão e amor dentro de si, ama sem limites – são duas características que enchem esta personagem de riqueza.
P.: De que forma a personagem Teresa se encontra em si mesma enquanto pessoa?
P.V.: Creio que possuo ambas as características que referi há pouco que nela se encerram. Eu venho de Sevilha, do sul de Espanha, onde as mulheres são muito apaixonadas e sobretudo carregam muita força consigo. Por outro lado também tenho uma faceta mais racional, sem lhe querer chamar fria, mas que faz parte da minha personalidade e que acho necessária à minha vida. Eu não feminista, pois penso que isso faz com que as mulheres deixem de ser o que são ao se quererem equiparar ao homem. Uma mulher pode ser tudo aquilo que quiser sem comparações ou outros apoios, e uma mulher tem de ser o que é como os homens tem de ser exactamente o que são, são percursos separados mas que em simultâneo se complementam. Para além disso, também sou religiosa, ainda que não seja praticante.
P.: Como é que reage à má aceitação do filme em Espanha, que é um país tão religioso?
P.V.: A reacção não foi boa. Houve sobretudo um certo público que foi ver o filme por causa do cartaz. No cartaz a minha imagem serve para divulgar mas sobretudo vender o filme. É uma estratégia de marketing, e para mim não explica nada do filme em si. Muitos foram os católicos e religiosos que fugiram deste filme com medo do que viram no cartaz, e é uma pena pois está bem retratada a figura de uma Santa dotada com muita honra. E que de certa forma se pode associar a uma heroína do seu tempo, quer em termos de Igreja quer em termos de Mulher enquanto ser humano. Assim muitos fugiram ao filme com receio de me ver a mim numa interpretação recheada de um conteúdo sexual considerável, o que não é verdade. Espero por isso que noutros países não se passe a mesma situação.
P.: Para o futuro, agora que foi mãe recentemente, como se encontra a sua agenda?
P.V.: Agora vou gozar umas férias em Julho, mas para este Verão tenho dois projectos, e conto começar a trabalhar já em Agosto, em Los Angeles.
PAZ VEGA: Foi um papel muito difícil sem dúvida, sobretudo pelo seu peso histórico e pela importância desta mulher na vida das pessoas de religião católica. Agarrei o papel como muita humildade e com uma ajuda fundamental do realizador e acima de tudo muito respeito, pois recriar a vida de Teresa é algo de muito pretensioso. Tentei por isso, cingir-me ao que o realizador queria mostrar, e foi uma experiência maravilhosa.
P.:Mas esta é uma visão algo polémica uma vez que introduz alguma sensualidade e forma de pecado numa figura extremamente religiosa…
P.V.:Sim, mas a própria história de Teresa tem a sua componente sensual porque ela amava perdidamente Deus, de uma forma por vezes carnal, ainda que muito espiritual. O filme baseia-se no seu primeiro livro, que se chama Vida, onde relata a sua experiência mítica que serviu de mote ao filme para que chegasse às pessoas de uma forma cinematográfica a sua vivência.
P.: Este é um filme que nos fala de um poder feminino forte, onde se demonstra a ousadia de Teresa ao desafiar as convenções históricas e sociais e a seguir um caminho delineado por si mesma. ..
P.V.:Esta atitude é, sem dúvida, uma das características básicas para se construir e interpretar a personagem – uma mulher que se nega a aceitar os horrores que a sociedade lhe impõe, ou se limita a ser mãe, ou esposa de alguém, ou filha de alguém. É na procura de uma liberdade que ela encontra no seu caminho o misticismo, a reunião com Deus. Para mim trata-se de uma mulher que descobre que somente se pode libertar física e intelectualmente através da religião.
P.: De que forma Teresa sendo uma mulher tão culta e instruída, revoltada com a ideia de lhe limitarem o conhecimento, se dedica avidamente a uma religião e a Deus?
P.V.: Penso que, por um lado, é uma personagem muito inteligente e conhecedora, que também pode ser fria e calculista e que, por outro lado em certos momentos do filme também é alguém quente, com muita paixão e amor dentro de si, ama sem limites – são duas características que enchem esta personagem de riqueza.
P.: De que forma a personagem Teresa se encontra em si mesma enquanto pessoa?
P.V.: Creio que possuo ambas as características que referi há pouco que nela se encerram. Eu venho de Sevilha, do sul de Espanha, onde as mulheres são muito apaixonadas e sobretudo carregam muita força consigo. Por outro lado também tenho uma faceta mais racional, sem lhe querer chamar fria, mas que faz parte da minha personalidade e que acho necessária à minha vida. Eu não feminista, pois penso que isso faz com que as mulheres deixem de ser o que são ao se quererem equiparar ao homem. Uma mulher pode ser tudo aquilo que quiser sem comparações ou outros apoios, e uma mulher tem de ser o que é como os homens tem de ser exactamente o que são, são percursos separados mas que em simultâneo se complementam. Para além disso, também sou religiosa, ainda que não seja praticante.
P.: Como é que reage à má aceitação do filme em Espanha, que é um país tão religioso?
P.V.: A reacção não foi boa. Houve sobretudo um certo público que foi ver o filme por causa do cartaz. No cartaz a minha imagem serve para divulgar mas sobretudo vender o filme. É uma estratégia de marketing, e para mim não explica nada do filme em si. Muitos foram os católicos e religiosos que fugiram deste filme com medo do que viram no cartaz, e é uma pena pois está bem retratada a figura de uma Santa dotada com muita honra. E que de certa forma se pode associar a uma heroína do seu tempo, quer em termos de Igreja quer em termos de Mulher enquanto ser humano. Assim muitos fugiram ao filme com receio de me ver a mim numa interpretação recheada de um conteúdo sexual considerável, o que não é verdade. Espero por isso que noutros países não se passe a mesma situação.
P.: Para o futuro, agora que foi mãe recentemente, como se encontra a sua agenda?
P.V.: Agora vou gozar umas férias em Julho, mas para este Verão tenho dois projectos, e conto começar a trabalhar já em Agosto, em Los Angeles.
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