Quem dá o melhor título?
Numa nova demonstração do estado vanguardista que impera no mundo do cinema em terras lusas, o cinéfilo português não pode deixar de ficar novamente abismado com tamanha originalidade. Se muitas têm sido as inovações das distribuidoras, que nos têm deixado perplexos, vezes sem conta, esta que hoje decido partilhar é absolutamente assombrosa, tal será o seu impacto… na vida de duas pessoas.
Falo então deste papel que me saltou à vista, no último fim-de-semana, quando, numa bilheteira de um centro comercial, me preparava para comprar dois bilhetes para O Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado.
Quando a premissa Filme que leva cinéfilo à sala de cinema parece esgotada, e quando toda essa romaria começa a perder o seu encanto, eis que a Lusomundo encontra uma forma revolucionária de excitar todos aqueles que se preparavam para o afastamento definitivo do cinema. Este concurso é a resposta a esses problemas.
Parece que o título em Portugal de I Could Never Be Your Woman, poderá estar então, neste preciso momento, numa pacata mente que nem sequer ouviu ainda falar do filme. Pois, para ganhar este concurso, isso é irrelevante. Basta é ser criativo, desde que se proponha um título adequado. Tendo por base, obviamente, o título original.
Existe qualquer coisa cujo termo preciso não me recordo, mas que poderíamos apelidar de ‘Fidelidade para com o produto original’, que não me permite olhar com muito bons olhos para este concurso. Não se estará a ir longe de mais, corrompendo um pouco a ideia de quem se deu ao trabalho de escrever o argumento? Como é que se sentiria o Marco Martins se soubesse que, por exemplo, na Suécia, estava agora a decorrer um concurso para se saber como se chamaria o Alice? Ou, viajando no tempo, parece que estou a ver O Padrinho a votos na Argentina.
O filme ainda não estreou, mas o projecto ganha logo uma enorme credibilidade quando sabemos que o titulo nascerá desta forma. Ah, maldito sejas Lisbon Village Festival por mostrares ao mundo o filme órfão do seu melhor titulo. Das duas uma: ou nos estão a dizer que a tradução literal é tão má que aceitam qualquer coisa, ou então esta é só mais uma maneira fácil de fazer dinheiro. Ainda que má, prefiro a primeira opção. Contudo, não nos esqueçamos que quem ganhar vai a Paris. O que eles não revelam é o verdadeiro prémio: num first date, alguém poderá dizer para todo o sempre: Sabes, fui eu que dei o nome a este filme?
3 Comments:
Acho que os tipos que dão os titulos em português a alguns filmes deviam concorrer.
Ganhavam de certeza pois em originalidade (e parvoice) ninguém os bate.
Se me pedirem sugiro: "As loucas aventuras de um jovem com uma gaja mais velha"
Não vejo o mal de pedirem ao público para dizerem um nome em português para este filme que nunca viram. Por menos mantém-se o nível de amadorismo que a grande maioria dos filmes com títulos traduzidos hoje em dia possuem em Portugal.
Não que ache piada ao facto de darem a pessoas, que nem viram o filme, a possibilidade de escolherem um título e ainda são recambiadas para Paris, mas se é para ficar um título mau, que por menos alguém se possa divertir com isso e ganhar algo de valor.
Se me perguntassem assim um título (e se quisesse ir a Paris), sempre poderia inventar algo como "Se não a comes, como eu!", ela está bem conservada para a idade que tem =P
Ou então, "Quanto mais usada, mais gasta vai ficar" porque realmente, este tipo de histórias já estão um pouco gastas... pensam que estava a falar do quê?! =P
“Como ser a mulher mais sexy do mundo, e andar na ramboiada com o gajo que se quiser aos 50”.
Ou então, assim um daqueles mais comerciais “Dá-me espaço!” e “Um amor incontrolável”.
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