Amor à segunda vista.
Esta é a história de um filme que desiludiu ao primeiro visionamento, e que conquistou em definitivo ao segundo. Aquilo que acontecerá depois do terceiro, só o futuro o dirá. Hoje, Miami Vice é um grande filme.
Enquanto uns dirão que a opinião sobre um filme é algo imutável, inalterável com o passar do tempo, e que não vale a pena entregarmo-nos novamente à dolorosa experiência de assistir a tamanha atrocidade cinematográfica, outros há que gostam de revisitar alguém carrancudo e que nos recebeu de braços fechados. Foi assim que encontrei Miami Vice da primeira vez, numa sala de cinema, está a fazer agora um ano. Aquela que me pareceu ser, na altura, uma obra sisuda e prepotente, de um excepcional cineasta que se limitou a reproduzir até à exaustão uma técnica de filmagem da qual é exímio artesão, afigura-se hoje como um filme sólido, esteticamente irrepreensível, no qual Michael Mann recorreu a muitas das suas imagens de marca, é certo, mas, caramba, não é isso que distingue os bons realizadores uns dos outros?
Quando sai da sala do cinema há um ano, recordo-me de ter tentado comparar este filme com os anteriores de Michael Mann, e de procurar situar este título na sua filmografia. Seria este melhor do que Colateral ou Caçada ao Amanhecer? Seria melhor do que Heat, Ali ou O Informador? Nessa tarde, a resposta pareceu-me ser um redondo não.
Durante um ano, este título esteve a remoer cá dentro, pedindo insistentemente para ser revisto. A súplica foi finalmente atendida. E em boa hora o foi. Rever Miami Vice permitiu redescobrir alguns aspectos do filme que havia esquecido, e descobrir algumas coisas que passaram ao lado da primeira vez. Lá está, mais uma vez as expectativas estragaram o esquema. Até há um ano, nada do que Mann fizesse poderia estar abaixo da excelência. Ok, Ali não foi o seu melhor trabalho. Mas, no melhor pano cai a nódoa, e isso não era nada que não lhe pudéssemos perdoar. Contudo, depois de Miami Vice, o pano parecia estar a ficar com nódoas a mais.
Hoje, com a cabeça, o sofá e o comando no lugar, Miami Vice ganhou o lugar que por direito já era seu na estante aqui de casa. Já vimos Michael Mann fazer melhor. Colin Farrell continua a não conseguir prender. No entanto, basta um daqueles grandiosos tiroteios para vermos que estamos na presença de algo que em nada envergonha cenas míticas de Peckinpah ou John Woo. Não é que agrade particularmente andar a saltitar de opinião. Porém, a acontecer, que seja sempre neste sentido.
Alvy Singer
7 Comments:
"Não é que agrade particularmente andar a saltitar de opinião. Porém, a acontecer, que seja sempre neste sentido."
E que sejam com filmes considerados.. bons.
Não queremos que Scary Movie passe de mau a bom... ou queremos? ...
Para o caso das dúvidas, não reveja nem veja nenhum dos filmes! :P
Mais vale prevenir...
Adora ver Miami Vice a série e sinceramente dificilmente alguém conseguirá fazer esquecer o carisma de Don Johnson como Sonny Crokett e de Philip Michael Thomas como Rico Tubbs.
Talvez por essa adoração tenha ido ver o filme ao cinema. O final surpreende, o que é de estranhar (...), mas o filme não conseguiu superar as minhas expectativas, apesar de ter gostado do filme.
O pior filme de Michael Mann...
Cada vez sinto mais aversão aos filmes Americanos de acção. Nem Miami Vice nem Missão Impossível,etc. Nunca os consigo ver até ao fim.
Gostei do Heat e do Ultimo dos moicanos
Não gostei de Miami Vice e nem um 3º visionamento me faria mudar de opinião. Para mim o melhor filme de Michael Mann foi Heat.
Eu adoro o Michael Mann desde que vi o Informador e o Heat. Também gostei bastante do Miami Vice e do Colateral e esta adoração é tão grande que nem permito continuar a ler alguns críticos que aprecio quando vejo que já vão desconsiderar our Mann.
E não sei porquê tenho reservas em ver o Ali...humm, mas o Informador é grande!
Ora comigo aconteceu exactamente o mesmo. Da desilusão inicial à inclusão na lista dos melhores 10 filmes do ano passado. São coisas que acontecem, e ainda bem que assim é, e que um filme pode crescer desta forma dentro de nós. É por isso também que o cinema é a mais grandiosa forma de arte do mundo :-)
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