Deuxieme


sexta-feira, agosto 31, 2007

Mas, afinal, o que é que se passou aqui?


Ontem à noite, entre várias estreias possíveis, a sessão da meia noite puxou-me para ver algo mais "pesado" (alegadamente), e O Motel surgiu-me como aquele poster que "tem tudo para ser bom" e por isso vamos lá a passar o Kingcard e, seja o que Deus quiser...

Mas Deus não quis. Nem Deus, nem o realizador, nem os actores, nem o argumentista. Ninguém. O Motel tem uma premissa simples: um casal em vésperas de divórcio (Luke Wilson e Kate Beckinsale) vê-se obrigado a passar a noite num motel degradado, face a "inevitáveis" problemas com o seu carro e devido a estarem perdidos no meio de nada (onde é que eu já vi isto?). Para espanto de ambos, o quarto que alugam contem inúmeras cassetes de vídeo que possuem filmes onde várias pessoas são atacadas violentamente e mortas sem piedade por desconhecidos. Apoderados pelo medo, tudo muda de figura para o casal quando se apercebem que tudo foi filmado no quarto que lhes foi destinado por um recepcionista de aspecto bizarro, e, de repente, um jogo de toca e foge (é indescrítivel) começa entre o casal e desconhecidos sedentos por sangue.

A premissa, como referi anteriormente por alto, tem alguma base, mas que não foi trabalhada. O filme é uma pilha de clichés estapafúrdia, sem um pingo de representação artística, com momentos de climax onde somente o riso ridículo dos espectadores impera. Não existe fio condutor, não há ponta por onde se pegue - não há uma razão lógica para a história se desenrolar. Tudo é tão óbvio, tão previsível. Os diálogos são de uma nulidade gigante, não há uma gota de emoção sobre aquele guião, nenhum prazer sobre o olhar da câmara. O final é, de longe, das coisas mais absurdas que me recordo de ver, onde até os mortos ganham vida, não pelo amor, mas pelo enorme arrepio que recebem na espinha com tais imagens! Mas alguém ali tem noção das asneiras que está a fazer?

Há muito tempo que eu não saía de uma sala de boca aberta, estupefacto com uma barbaridade tão grande, a soro com uma intravenosa simpática no braço... É que, com tanto que se podia fazer, eu só cheguei ao fim do filme (enquanto estive lúcido antes de desmaiar) e perguntei: "Mas, afinal, o que é que se passou aqui?"

Entre géneros e parencenças muito muito dúbias, Psycho terminava num grande "vazio", como referiu João Benárd da Costa na sua excelente crítica. Mas nunca um "vazio" foi tão cheio, tão grandioso e desolador em simultâneo. É que O Motel nem num vazio termina; ele nunca esteve sequer meio cheio de alguma coisa, e além disso é um pesadelo duro de roer.

Agora sim, tenham medo... muito medo... e fujam a sete pés disto.

Francisco Silva

5 Comments:

Anonymous Anónimo said...

A única coisa relevante e positiva que se retira dessa experiência é a do uso do Kingkard, porque senão, penso que teria sido ainda mais terrífico do que realmente foi.

Por também ter partilhado dessa experiência, sublinho tudo o que já referiste acrescentando apenas que, hoje de manhã, acordei ainda a pensar no pesadelo que tinha visto. E lembrei-me imediatamente de outro filme: não o Psycho (inevitável, obviamente) mas a Sala de Pânico. Aquilo que este último tinha de claustrofóbico e de bom argumento, interpretações etc, parece que no Motel dos clichés tudo de esfuma em nevoeiro baço de privisibilidade. Ainda esperava a habitual reviravolta no final, um regresso à viva dos mortos-vivos mas parece que nem isso iria ajudar alguma coisa...

É mesmo... a não ver!

Pedro Xavier

31 de agosto de 2007 às 15:31  
Blogger Luis Oliveira said...

lol

É em alturas como estas em que o comum dos cinéfilos tem a certeza de que consegue fazer um argumento muito melhor do que este supostamente escrito por "profissionais".

Eu como já sei do que estes filmes são feitos evito-os logo à partida. Evita desilusões e má digestão (e remorsos pelo dinheiro mal gasto).

31 de agosto de 2007 às 16:00  
Anonymous Anónimo said...

Apoio em tudo a ideia final do Luis Oliveira: os remorsos pelo dinheiro mal gasto!

E eu até tinha alguma curiosidade em ir ver este "Motel", fruto de mais um trailer e poster bem feitos, que até nos fazem acreditar que temos ali uns minutos bem passados com o coração nas mãos... e no fim...

Assim vou guardar o dinheiro para outra altura que os bilhetes cada vez estão mais caros :P

31 de agosto de 2007 às 17:08  
Blogger Miguel Ferreira said...

Bem eu já o tinha aqui prontinho para ser visto mas agora vou pensar melhor, é que ainda são 90 minutos, que sempre se guardam para algo melhor!
Parecido temos também agora Turistas, será também um desastre?

1 de setembro de 2007 às 19:40  
Blogger Cuca said...

Pena... Tinha esperanças que, dentro do género, até fosse um bom filme...

3 de setembro de 2007 às 14:07  

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