Um belo casal.
Numa altura em que já deve ter terminado o filme mais transmitido pela televisão portuguesa, Coyote Bar, importa falar de uma outra transmissão. Aquela que terá lugar esta noite, na RTP, por volta das onze e meia, quando passar Alguém Tem de Ceder. É certo que, antes disso, passará A Marcha dos Pinguins (Luc Jacquet, 2005) no mesmo canal, e Mr. & Mrs. Smith (Doug Liman, 2005) na TVI. No entanto, é sobre Alguém Tem de Ceder (Nancy Meyers, 2003) que devemos centrar as nossas objectivas.
Simplesmente porque esta parece ser uma das últimas comédias românticas decentes, e, quando dizemos decente, dizemos que este é daqueles títulos que vale a pena. Se há género susceptível de correr mal, esse é o das comédias românticas. Nos últimos anos, filmes deste tipo têm-se revelado como autênticos alvos a abater, andando sempre na corda bamba, no limiar de se estatelarem no chão por completo para regozijo de um punhado de críticos que avalia tudo a partir de Uma Noite Aconteceu. O problema das obras-primas é que ditam o termo de comparação. Se nos pusermos a confrontar todo e qualquer boy meets girl com Uma Noite Aconteceu (Frank Capra, 1934), Um Amor Inevitável (Rob Reiner, 1989), O Grande Escândalo (Howard Hawks, 1940), e O Despertar da Mente (Michel Gondry, 2004), por certo que o pobre coitado ficará de rastos. Por isso mesmo é que uns são clássicos, e outros não. Porém, nem tudo o que não figura nos anais da História do cinema deve ser considerado como material desprezível.
Seja pelo argumento escorreito de Nancy Meyers, pelo papel que assenta que nem uma luva a Jack Nicholson, pela interpretação brilhante de Diane Keaton (talvez o seu melhor desempenho desde aquele que tive o prazer de presenciar quando rodámos Annie Hall), aqui está uma obra que não envergonha ninguém. Não sendo um objecto de culto, é certo, esta é uma comédia romântica elegante e habilidosa. São duas horas bem passadas, e que mostram o que de melhor se fez até agora, no inicio deste século, neste género. Dizer que se gosta de Alguém Tem de Ceder não embaraça nenhum cinéfilo. Já, dizer que se é um admirador confesso de O Que As Mulheres Querem… Alguém desse lado partilha este entusiasmo para com esta obra de Nancy Meyers com Mel Gibson e Helen Hunt? Vá lá, há coisas bem piores do que apreciar um filme que gira em torno de um homem com acesso aos pensamentos das mulheres. Não se inibam. De peito aberto, Alvy Singer reconhece simpatizar com O Que As Mulheres Querem. Mesmo sem ter percebido ainda o final filme. Da primeira vez, ficou a dúvida. Da segunda, parecia que, finalmente, as peças tinham encaixado todas. Ao terceiro visionamento, ficou tudo estragado. Afinal, eles ficam juntos ou não?
Alvy SingerEtiquetas: Alguém Tem de Ceder, O Que As Mulheres Querem
2 Comments:
É de louvar que o filme de Nancy Meyers aposte no romance atribulado de um casal de meia-idade, mas o filme em si não me convence; acho que não apresenta grandes rasgos de criatividade e apenas os desempenhos salvam o barco de se afundar completamente. Hoje, à falta de melhor, fico-me pelas desventuras do casal Smith e pela "Infiel" Diane Lane, que passa logo a seguir ;)
Abraço
Completamente de acordo caro Alvy. Diane não irradiava tanto talento desde que tinha rodado consigo e o malandro Jack não pegava num filme pelos "cornos" desde o "As Good as It Gets" (o About Schimdt é bom mas Nicholson não precisou de se transcender). Para não falar da minha querida Amanda Peet, linda de morrer. Um filme saboroso ;) Um forte abraço!
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