Deuxieme


sábado, fevereiro 23, 2008

O discurso.

Para muitos, esta é a parte menos interessante. Muito por culpa de Greer Garson que, em 1943, demorou sete minutos para agradecer a sua vitória por Mrs. Miniver (William Willer), o discurso mais longo de sempre. O que importa é saber quem ganhou. Mas, mesmo que interesse saber o que o vencedor tem para dizer, ao fim de meio minuto, dirão alguns, já perdeu a piada. Há quem defenda a orquestra como o simpático convite para sair, com unhas e dentes, contudo, também há quem se regale com as palavras dos vencedores, e que goste sempre de ouvir o que eles têm para dizer. O segredo está em encontrar o equilíbrio. Uma reacção espontânea, uma pitada de humor, um raminho de honestidade, polvilhar com um agradecimento tocante, deixar a marinar com um estrondoso aplauso, e sair pela porta grande. Este é o discurso ideal. Daqueles que ficam para a História. Nem todas as cerimónias os têm. As grandes noites são aquelas em que gostamos dos vencedores, mas também gostamos daquilo que eles têm para dizer. Porque há um lado do sonho que perdura no triunfo, seja de um Oscar ou de uma Palma de Ouro. A magia de um filme é visível naqueles dez segundos em que o vencedor segura o Oscar com as duas mãos, com medo que caia, o microfone à sua frente, e conseguimos perceber que as palavras fogem da sua mente, quando a plateia o aplaude. Naqueles dez segundos, o filme valeu a pena. E, só por isso, a vida deste vencedor já dava um filme. Quando falta dia e meio, recuperemos algumas das melhores frases proferidas ao longo da História dos Óscares.

“What a thrill. You know you've entered new territory when you realize that your outfit cost more than your film”. – Jessica Wu (Melhor Documentário: Short Subjects - Breathing Lessons: The Life and Work of Mark O’Brien, 1996);

“When I was 19 years old I was the number one star of the world for two years. When I was 40 nobody wanted me”. – Mickey Rooney (Oscar Honorário, 1983);

“I’d like to thank Jake LaMotta, even though he's suing us”. – Robert De Niro (Melhor Actor – Touro Enraivecido, 1981);

“Thanks Jack Nicholson, for making being in a mental institution like being in a mental institution”. – Louise Fletcher (Melhor Actriz – Voando Sobre Um Ninho de Cucos, 1975);

“Rawley Farnsworth, who was my high school drama teacher, who taught me, 'To act well the part, there all the glory lies,' and former classmate John Gilkerson, two of the finest gay Americans, two wonderful men that I had the good fortune to be associated with”. – Tom Hanks (Melhor Actor – Filadélfia, 1993);

“Oh, wow. This is the best drink of water after the longest drought of my life”. – Steven Spielberg (Melhor Realizador – A Lista de Schindler, 1994).

“I can't tell you how encouraging a thing like this is”. – Ruth Gordon, aos 72 anos (Melhor Actriz Secundária – A Semente do Diabo, 1968).

Mas, porque a maravilha do Youtube permite ir mais além, aqui fica uma selecção dos dez melhores momentos. Falta o vídeo do discurso de Tom Hanks por Filadélfia (Jonathan Demme, 1993). Por isso, estes terão de ser os dez melhores momentos cujos clips estão disponíveis na Internet. Mas, verdade seja dita, mesmo que estivessem aqui todos os vencedores, não andaria muito longe disto.

10 – Adrien Brody – Melhor Actor por O Pianista (Roman Polanski, 2002). O beijo que não estava no gift bag. Naquele momento, os espectadores dividiam-se em dois grupos: as mulheres que sonhavam em ganhar um Oscar, e os homens que sonhavam fazer o mesmo a Halle Berry.

9 – Diane Keaton – Melhor Actriz por Annie Hall (Woody Allen, 1977). Ver a minha Annie subir ao palco foi das maiores alegrias. Durante muito tempo, achei que a nossa história não merecia o grande ecrã. Ver aquele sorriso com o Oscar na mão, provou que estava errado.

8 – Gerda Weissman Klein – Melhor Documentário: Short Subject por One Survivor Remembers (Kary Antholis, 1995). Se ainda alguém duvida que se justifica um Oscar para Melhor Documentário, este testemunho certifica-se de clarificar essa questão.

7 – Cameron Crowe – Melhor Argumento Original por Quase Famosos (Cameron Crowe, 2000). O momento, em si, não tem nada de especial. Mas, porque se trata do reconhecimento de um simples homem que adora cinema, respira musica, e não consegue escrever mal, esta foi das vitórias mais ajuizadas. Tudo fazia sentido ali. Até a homenagem a Billy Wilder e Audrey Hepburn. Já me roubaste a ideia, Cameron.

6 – Roberto Begnini – Melhor Actor por A Vida É Bela (Roberto Benigni, 1998). Roberto! A partir daí, é deixarmo-nos levar. Nunca se tinha visto uma coisa assim. Nem nunca veremos. Begnini, único e igual a si mesmo.

5 – Jack Palance – Melhor Actor Secundário por City Slickers (Ron Underwood, 1991). Flexões e Oscar, uma combinação que nunca tinha sido testada. Pela reacção, podemos dizer que teve sucesso.

4 – Cuba Gooding Jr. – Melhor Actor Secundário por Jerry Maguire (Cameron Crowe, 1996). Se algum dia recebesse um Oscar, seria assim que gostaria de agradecer. Sem restrições. Sem reservas. Deixar sair o contentamento, e assim contagiar a sala.

3 – The Streaker – David Niven apresentava a cerimónia de 1974. Era chegado o momento de abrir mais um envelope quando um homem atravessa o palco, tal e qual como veio ao mundo. A expressão de Niven diz tudo.

2 – Charlie Chaplin – Oscar Honorário (1972). A maior ovação de sempre na História dos Óscares. Quase que nos atrevemos a juntar ao coro de aplausos. E, porque não juntar? Ninguém mereceu tanto este momento como Charlot.

1 – Sidney Poitier – Oscar Honorário (2002). Se o Sam Spade de A Relíquia Macabra (John Huston, 1941) tivesse oportunidade de ver este discurso, diria certamente “The, uh, stuff that dreams are made of”. Enquanto um discurso conseguir inspirar desta forma, valerá sempre a pena ficar acordado até altas horas da noite. É porque não há qualquer resumo da cerimónia que se atreva a repor estes sete minutos. Mas, se for preciso, são estes sete minutos que levam alguém a meter mãos à obra, e tornar o sonho realidade.

Alvy Singer

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3 Comments:

Blogger Jubylee said...

Eu só acompanho os óscares de forma regular há uns 10 anos mas a recepção do óscar que mais me marcou foi mesmo a do Cuba Gooding Jr. Adorei aquele entusiasmo ao receber o prémio das mãos de Robin Williams. Sem restrições, "indeed"!

23 de fevereiro de 2008 às 15:19  
Anonymous Anónimo said...

e o oscar do scorcese! não acham que poderia estar empatado num dos tres primeiros lugares?

uma araço e boa noitada de oscars

23 de fevereiro de 2008 às 15:26  
Blogger Johnny Boy said...

Fantástico momento aquele do Charlie Chaplin! Quanto ao do Scorsese para mim está no primeiro lugar, até porque é o meu realizador favorito...eheh

Cumprimentos!

24 de fevereiro de 2008 às 00:04  

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