Deuxieme


segunda-feira, fevereiro 25, 2008

A Pluralidade dos Óscares

A 80ª edição dos Óscares – que tratou de premiar os melhores filmes de 2007 – ocorreu ontem no Kodak Theatre, uma vez mais, com grande pompa e circunstância. Jon Stewart foi o anfitrião da cerimónia, que foi uma das mais curtas (cerca de 3 horas e 15 minutos), mas soube agarrar o seu papel e proporcionou-nos vários momentos bons de televisão (a cena do iPhone com o Lawrence da Árabia e o “Óscar Bebé” e as suas nomeadas e vencedora foram delirantes). Perante um constante elogio e referência às edições anteriores, este, contudo, é (mais) um ano de viragem e de novas realidades.

O ponto mais importante centra-se na questão pluralista da arte que é celebrada e homenageada. Cada vez mais as grandes distribuidoras em Hollywood repensam a indústria, e todo o seu conceito do “That’s Entertainment!”, que adquire hoje novas formas criativas, como a noite passada nos demonstrou. Se é certo que o cinema americano ocupa o mais importante papel na sétima arte a nível de espectáculo e “showbizz”, é então certo que todas as escolas e formatos cinematográficos do resto do mundo fazem falta para marcar presença neste grande conceito. Nessa medida, é notório o crescimento plural nas várias áreas do cinema, ou seja é cada vez maior (e mais importante) a influência exterior artística – a nível do visual, da escrita, da representação e outras categorias – dentro do próprio cinema dito “americano clássico”, que se reinventa a cada ano sobre diversas formas (Haverá Sangue, Este País Não É Para Velhos e No Vale de Elah são os mais recentes exemplos a ter em conta).

Como tal, é com alegria que vemos Javier Bardem dirigir o seu (justíssimo) prémio para Espanha, país de grande cinema e autores; por isso também nos comovemos com a alegria inesperada de Marion Cotillard a receber o mais alto prémio feminino, num registo fílmico “poeticamente europeu”. Preferências de parte, contava com a consagração de Paul Thomas Anderson no prémio para melhor obra, sobretudo porque acho que Haverá Sangue "seria" o "justo" vencedor. No entanto, é-me impossível empregar a palavra "justo" desta forma, pois Este País Não É Para Velhos é uma obra-prima (possivelmente o melhor filme dos Coen, seguido de Sangue por Sangue e Fargo), e o prémio assenta-lhe que nem uma luva. Na verdade, não existia nenhum nomeado que não merecesse a estatueta dourada na categoria de Melhor Filme.

Em suma, Hollywood já não se faz valer exclusivamente da “prata da casa”, e reconhece, sem limites nem precedentes, a vida cinematográfica da actualidade, sem constrangimentos nacionais, ideológicos, religiosos ou políticos. E tudo isso nos encaminha para um futuro cada vez mais promissor, onde se alargam fronteiras e horizontes sobre o mundo do cinema. Por tudo isto, ontem foi-nos relembrado que os Óscares, se dúvidas houvesse, não são americanos, são do mundo inteiro.

Francisco Toscano Silva

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2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

"Na verdade, não existia nenhum nomeado que não merecesse a estatueta dourada na categoria de Melhor Filme".
Bem,ainda que não tenha visto o "Este Pais Não É para Velhos" acho que "Expiação" estava claramente a mais entre os nomeados é um filme,para mim,totalmente falhado tirando a prodigiosa montagem acelarada para caber o livro todo nas duas horas de filme e a direcção de fotografia que é excelente.De qualquer forma,como quem atribui os prémios é uma Academia,nada como nomear um filme atrozmente e enteadoramente académico como é "Expiação".Por isso uma Academia adora nomear filmes académicos e muitissimo bem comportados.Acho que claramente quem devia ter sido nomeado era "Promessas Perigosas" e para "Melhor Realizador" era David Cronenberg em lugar de Julien Schnabel e acho incrivel o guião de "Promessas.."não ter sido nomeado,se bem que não tenha visto os outros nomeados da mesma categoria.
Mas,lá está,o Academismo gritante tem de estar lá.

26 de fevereiro de 2008 às 20:13  
Anonymous Anónimo said...

Melhor momento da noite: sem dúvida a eleição da melhor canção...

27 de fevereiro de 2008 às 12:25  

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