Deuxieme


quinta-feira, fevereiro 21, 2008

Quatro dias.

Continuemos com a análise das três categorias de hoje, quando faltam apenas quatro dias para a cerimónia. Normalmente encarada com uma categoria menor, o galardão de Melhor Montagem é daqueles que demonstra um maior paralelismo com o de Melhor Filme. Se, a meio da noite, Ethan e Joel Coen se levantarem para receber o Oscar, então, nem vale a pena ficar acordado para ver quem levará o de Melhor Filme. Por sua vez, se cair para Dylan Tichenor (Haverá Sangue), as coisas de mudam de figura, e o jogo fica mais aberto. Agora, das quatro nomeações que os irmãos têm, esta é aquela com menor probabilidade de ser bem sucedida, e não por culpa do filme de Paul Thomas Anderson. Tendo ganho nos Eddie Awards (American Cinema Editors), BAFTA, Christopher Rouse é o principal favorito por Ultimato (Paul Greengrass). Aliás, o regresso após a nomeação do ano passado por Voo 93 (Paul Greengrass), pode também motivar os membros da Academia a premiá-lo pela boa forma. Recorde-se que, no ano passado, Christopher Rouse perdeu para Thelma Schoonmaker (The Departed – Entre Inimigos). Exceptuando a única vitória nos Online Film Critics Awards, Joel e Ethan Coen somam apenas duas nomeações para Melhor Montagem, precisamente para os prémios em que Ultimato levou a melhor. Dylan Tichener tem tido a mesma sorte até agora. Juliette Welfing (O Escafandro e A Borboleta) e Jay Cassidy (O Lado Selvagem) ainda não ganharam nada de registo nesta temporada, pelo que uma vitória de qualquer um deles seria algo inesperada.

A categoria de Melhor Actriz Secundária é o espaço reservado para surpresas por excelência. Esta é a categoria em que não são precisos muitos minutos para justificar o prémio (que o digam Judi Dench, por A Paixão de Shakespeare, e Beatrice Straight, por Network), e na qual novos valores aproveitam para se afirmar, como aconteceu com Marisa Tomei (O Meu Primo Vinny, 1992) e Angelina Jolie (Girl, Interrupted, 2001). Este ano as coisas também parecem compostas para todo e qualquer cenário. Cate Blanchett (I’m Not There), vencedora no Festival de Veneza, Globos de Ouro e National Society of Film Critics, terá a seu favor o desempenho duma figura carismática, uma lenda viva. As duas nomeações, não sendo na mesma categoria, ajudam a formar a ideia de que um ano tão bem conseguido merece ser reconhecido, pelo menos, numa delas. Ao mesmo tempo, é dos nomes mais respeitados actualmente em Hollywood. O facto de muita gente não ter visto o filme, e deste poder ser o seu segundo Oscar quando tem toda uma carreira auspiciosa pela frente, talvez atirem o prémio para as mãos doutra candidata. Aquela que estará mais preparada, no caso disto acontecer, deve ser Amy Ryan (Vista Pela Última Vez…). Para muitos a grande favorita da noite, Ryan já ganhou o National Board of Review e o Satellite Award. Premiar uma jovem actriz chegada à ribalta é sempre apetecível para os membros da Academia, no entanto, esta é a única nomeação do filme e a personagem interpretada não é das mais cativantes. Mas, quer-me parecer que quem vota no Salieri de F. Murray Abrahm, que era um tipo levado da breca, vota nesta aspirante a boa mãe. Ruby Dee (Gangster Americano), a outsider que já não o é, vencedora nos Screen Actors Guild, terá como principal trunfo o reconhecimento pela sua carreira (Não Dês Bronca e A Raisin In the Sun). Para além disso, este troféu, a acontecer, deverá ser entendido como a migalha que a Academia pôde dar a um grande estúdio, num ano em que os filmes independentes voltam a estar na mó de cima. E, considerando a forte probabilidade das outras três categorias de interpretação serem arrebatadas por estrangeiros, Ruby Dee (e, já agora, Amy Ryan), vê até na nacionalidade, um ponto a seu favor. Como contra, os cinco minutos no grande ecrã. Tão pouco tempo pode não ter sido suficiente para convencer os necessários. Tilda Swinton (Uma Questão de Consciência) poderá jogar com a surpresa que habitualmente impera nesta categoria. Ela será a escolha mais óbvia, não só numa noite em que o filme de Tony Gilroy decide levar tudo à frente, como também se a Academia se dividir nas três principais candidatas. Parecendo que não, Swinton tem mais hipóteses do que muitos julgarão. É claro que ser uma das estrangeiras menos conhecidas em Hollywood não ajuda, contudo, ganhou peso para o papel, e, passe a redundância, isso tem sempre o seu peso. Para estas contas, entra ainda Saoirse Ronan (Expiação). Não tendo ganho ainda qualquer prémio de relevo pela composição de Briony Tallis, a sua vitória seria mais do que imprevista. Premiar alguém tão novo já foi mais desejável. Depois de Anna Paquin, as coisas têm arrefecido um pouco, e recordamo-nos bem das portentosas interpretações de Haley Joel Osment, Abigail Breslin e Keisha Castle-Hughes que se ficaram pela nomeação. Apesar de estar um pouco fora da corrida, se Expiação for o vencedor da noite, a seguir ao Oscar de Dario Marianelli, este é o mais certo.

Bom, dizer que a categoria de Melhor Actriz Secundária é onde estão as surpresas, e não olhar para aquilo que a de Melhor Actor Secundário já nos reservou, dá nisto. É porque esta costuma ser igualmente interessante. Seja pelas vitórias inesperadas (Cuba Gooding Jr.) ou pelas consagrações (James Coburn e Alan Arkin). Ou, até mesmo, as duas ao mesmo tempo, como aconteceu com Jack Palance (City Slickers, 1991). Agora, este ano, a não ser que as peças do tabuleiro se alterem por completo, a corrida parece reservada a três. Javier Bardem (Este País Não É Para Velhos), vencedor nos Globos de Ouro, BAFTA, e Screen Actors Guild, assume-se como o favorito da crítica e do público. Esta segundo nomeação para os Óscares (a primeira, num filme de Julian Schnabel, Antes Que Anoiteça) pode ser o definitivo reconhecimento de Hollywood ao actor hispânico mais respeitado do momento. Emendar a omissão por Mar Adentro (Alejandro Amenábar, 2004) também joga a favor do actor. Contra si, praticamente nada. Talvez apenas a personagem. Mas, nem mesmo isso nos convence, ou não tivesse a Academia uma predilecção por sanguinários. Casey Affleck (O Assassinato de Jesse James Pelo Cobarde Robert Ford), vencedor do National Board of Review e Satellite Awards, fez aquilo que normalmente vem descrito nos livros como steal the show. O filme pertence-lhe por completo, e a Academia pode querer premiar este jovem actor que deixou de ser apenas o irmão mais novo de alguém. Um pouco como acontece com Amy Ryan (com quem contracena em Vista Pela Última Vez…), existirá a tentação de tornar Affleck uma estrela. Se aqueles que não gostaram da obra de Andrew Dominik se centrarem na sua interpretação, e não olharem para o facto do filme só ter recebido duas nomeações, até pode ser que aconteça. Hal Holbrook (O Lado Selvagem), ainda não ganhou qualquer prémio esta temporada. No entanto, se disser que esta é a minha aposta para o próximo Domingo, não interpretem esta afirmação como um equívoco, ou sinal dum estado de demência. Porque uma surpresa é isto mesmo, e o caso de Holbrook preenche todos os requisitos para levar a melhor. É certo que o filme só recebeu três nomeações, mas, até isso, pode ser visto como uma vantagem. Por muitos considerada como a principal omissão, alguns membros da Academia poderão querer distinguir o desempenho de Holbrook, precisamente para não deixar passar a oportunidade de enaltecer a obra de Sean Penn. Se os votos se dividirem entre Bardem e Affleck, Holbrook é quem subirá ao palco do Kodak Theater. Philip Seymour Hoffman, a única nomeação de Jogos de Poder (Mike Nichols), tem poucas hipóteses, para não dizer nenhumas. Tendo utilizado a senha de há dois anos atrás, por Capote (Bennett Miller, 2005), é pouco provável que a Academia o volte a premiar, quando passou tão pouco tempo. Uma personagem rica e um desempenho notável deviam ser suficientes mas, nem sempre é assim. Por último, Tom Wilkinson (Uma Questão de Consciência), o vencedor nos Satellite Awards, ex-aequo com Casey Affleck. Apesar duma carreira longa em Hollywood, ainda é cedo para falar em consagrações. Wilkinson é dos actores britânicos mais conceituados em Hollywood, no entanto, num ano em que a categoria reúne tantos ilustres, o futuro não parece risonho. A única esperança, à semelhança do que acontece com a sua colega, é que Uma Questão de Consciência fique com os louros que são esperados a Este País Não É Para Velhos e Haverá Sangue. Sem embed, aqui fica mais um vídeo para abrir o apetite. Literalmente.

Alvy Singer

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Queria só dar conta de um erro presente no post: o realizador do The Bourne Ultimatum chama-se Paul Greengrass, e não Peter.

21 de fevereiro de 2008 às 21:58  
Blogger Alvy Singer said...

Obrigado pela correcção, PTeixeira.

23 de fevereiro de 2008 às 19:41  

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