Deuxieme


segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Que venham os próximos!

Quando a análise dos Óscares é aquilo que se impõe, o dia de ontem de Alvy Singer é o que menos importa. Contudo, devemos dizer que, se partíssemos à procura de um título que melhor descrevesse a série de acontecimentos que tiveram lugar nas últimas 24 horas, o ideal seria uma mistura de Um Dia de Cão (1975), do mestre Sidney Lumet, e Quem Tramou Roger Rabitt? (1988), de Robert Zemeckis. No início da semana, o rato deu os primeiros sinais de que alguma coisa não estava bem. Ontem, todo o computador fez questão de confirmá-lo. Este aparelho que permite manter vivo o hobbie de chegar a esta secretária todos os dias e escrever sobre cinema, está prestes a dar o berro. No entanto, uma milagrosa oportunidade surgiu e este texto atingiu já um número de linhas a que nenhum outro ousou chegar durante o dia de ontem. É que o computador reinicia de 30 em 30 segundos, minando completamente todas as esperanças de contribuir para o Deuxieme. Minando, aliás, a esperança de fazer o quer que seja. Agora, se este texto chegar mesmo ao blog, é sinal de que o esforço valeu a pena. Só espero é que o pobre coitado não tenha de ir para arranjar. Aí é que teremos uma pausa maior.

Enfim, olhemos a magia dos Óscares, que é por isso que estamos aqui. Afinal, não tivemos em consideração todos os factores. Olhámos para a História, para o números de estatuetas que cada um tinha, para a nacionalidade, para o número de nomeações do filme, para os prémios que os nomeados já tinham ganho pelo mesmo, no entanto, esquecemo-nos de olhar para a orientação do vento, para o grau de humidade no ar, para a probabilidade de precipitação e para a vontade suprema de surpreender da Academia. Antes de olharmos os vencedores, vejamos aqueles que foram os principais candidatos para os visitantes do Deuxieme, na previsão que fizemos aqui ao longo da semana:

Melhor Filme – Empate – Haverá Sangue e Este País Não É Para Velhos – 37%
Melhor Realizador – Ethan e Joel Coen – 61%
Melhor Actriz – Marion Cotillard – 31%
Melhor Actor – Daniel Day-Lewis – 72%
Melhor Actriz Secundária – Cate Blanchett – 54%
Melhor Actor Secundário – Javier Bardem – 70%
Melhor Argumento Original – Diablo Cody – 68%
Melhor Argumento Adaptado – Ethan e Joel Coen – 45%
Melhor Fotografia – Seamus McGarvey (Expiação) – 41%
Melhor Montagem – Christopher Rouse (Ultimato) – 50%
Melhor Filme Estrangeiro – The Counterfeiters (Áustria) – 41%
Melhor Documentário – Sicko – 48%
Melhores Efeitos Especiais – Transformers – 74%
Melhor Banda Sonora – Dario Marianelli – 68%
Melhor Canção Original – Falling Slowly – 45%
Melhor Filme de Animação – Ratatui – 95%

Ou seja, todos juntos, só falhámos em cinco, se não contarmos com o empate entre Haverá Sangue e Este País Não É Para Velhos. Curioso que, na previsão para Melhor Actriz Secundária, Tilda Swinton era a segunda aposta daqueles que visitam este espaço. Assim como era Taxi To The Dark Side, na categoria de Melhor Documentário. Aquele em que atirámos mais ao lado (agora está alguém a dizer Ei, eu acertei caraças!) foi Melhor Fotografia. O trabalho de Robert Elswit era a quarta aposta. De qualquer forma, quantas pessoas poderão orgulhar-se de ter previsto todo um leque de interpretações estrangeiras ter levado a melhor? Nem o mais anti-americano dos cinéfilos deve ter sonhado com uma coisa destas. Se, nos actores, a coisa estava mais ou menos decidida, as vitórias de Marion Cotillard e Tilda Swinton não deixam de ser meias surpresas. Especialmente a última.

De Jon Stewart, tem o meu aval para o regresso. Deu-nos aquilo que esperávamos. Contudo, confesso ter gostado mais da sua estreia. Ontem, talvez pelas piadas escritas em cima do joelho após o fim da greve, não tivemos a mesma espontaneidade de há dois anos. Porém, o monólogo inicial, a piada sobre Angelina Jolie e a tirada sobre o agradecimento de Glen Hansard, confirmaram que Stewart jamais poderá ser uma má escolha, mesmo num ano abaixo das expectativas. Da cerimónia, ficam os sorrisos e os olhares ternos de Laura Linney, o assobio de Fraces McDormand a festejar a vitória de Joel Coen como se estivesse num estádio de futebol, o regresso de Markéta Irglová ao palco, o agradecimento de Diablo Cody e Tilda Swinton, a frieza de Ethan Coen, o nervosismo de Katherine Heigl, a emoção de Marion Cotillard, as sábias palavras de Robert Boyle e o vestido verde de Saorsie Ronan, a vencedora do prémio look up to.

De todas as edições que me lembro, esta foi aquela que vi com o espírito mais aberto. A única categoria capaz de me levar aos arames era a de Melhor Actor, se o Oscar não fosse parar a Daniel Day-Lewis. Fora isso, a qualidade dos filmes, desempenhos e trabalhos de outros profissionais era tanta, que devíamos rasgar a nossa mente e permitir que qualquer um fosse premiado. É claro que os nossos favoritos fazem-nos sempre torcer por alguém. No entanto, a força de uma recomendação pessoal não deve ser menosprezada. É certo que estes foram os eleitos, contudo, os nossos vencedores, aqueles que jamais esqueceremos, independentemente do número de Óscares que arrebataram, esses têm a mais valia de contar com a nossa palavra. Na parte que me toca, Juno e Haverá Sangue podem contar com todo o meu apoio. Viggo Mortensen e Johnny Depp também. Ellen Page e Cate Blanchett. Tom Wilkinson e Casey Affleck. Paul Thomas Anderson e Chistopher Hampton. Roger Deakons e Dylan Tichenor, por aí fora. Assim como aqueles que nem sequer marcaram presença nas grandes categorias. O Lado Selvagem, Gangster Americano, Uma História de Encantar, Sweeney Todd, e outros tantos. Porque estes prémios dizem-nos muito, pois vivemos e respiramos cinema. Mas, para o comum dos mortais, para quem ver um filme é quase como mascar uma pastilha, o Oscar tem tanto peso como a nossa recomendação. Apesar de guardar as melhores memórias de Rocky, quantas vezes não disse já que Network ganhou o Oscar de Melhor Filme, só para justificar mais um visionamento aqui e ali – no final, fazendo-me passar por parvo (tarefa pouco exigente), reconheço que não foi bem assim. Acima de tudo, fica a ideia de que, com um ano tão bom, com obras tão fortes, a cerimónia podia ter ido mais além. Algo que não passou despercebido, por exemplo, foi o facto de nenhum dos actores premiados ter reconhecido os colegas que consigo estavam nomeados. Poucos foram aqueles que referiram as suas influências. O que esteve mais perto foi Stefan Ruzowitzky, vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro… Não que a magia tenha ficado toda na fita das bobines, mas, depois dum ano destes, os Óscares não trouxeram o fim desejado. Temos os filmes, isso é o mais importante.

Se o computador se portar bem, hoje ainda teremos mais posts. Caso contrário, é provável que o taco de basebol encontre uma nova utilidade.

Alvy Singer

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7 Comments:

Blogger João Bizarro said...

Tmbém achei o mesmo, ou seja que acontecesse o que acontecesse eu ficaria satisfeito.
Mesmo no melhor actor, se ganhasse o Clooney, o Depp, o T. Lee Jones ou o Viggo Mortensen eu ficava satisfeito.

Mas uma coisa é certa adorei a vitória dos Coen

25 de fevereiro de 2008 às 15:10  
Blogger Alvy Singer said...

Sem ter visto ainda Tommy Lee Jones em 'No Vale de Elah', confesso que seria dificil aceitar a vitória de outro que não Daniel Day-Lewis. Assim como Helen Mirren, em 2006, um desempenho a figurar nos manuais do próximo ano lectivo na cadeira de 'Interpretações do Catano'. Para Johnny Depp, desejo a mesma ovação que Sean Penn recebeu por 'Mystic River'. Com 'Sweeney Todd' não seria assim.

25 de fevereiro de 2008 às 15:25  
Blogger João Bizarro said...

Obviamente que o Day Lewis tinha "aquela" interpretação.

É um actor extraordinário. Tudo o que mexe transforma em ouro...

25 de fevereiro de 2008 às 15:28  
Anonymous Anónimo said...

Alvy, se for preciso uma mãozinha, para partir aparelhos electrónicos um gajo está sempre disponivel.

Quanto aos Oscares, de onde é que apareceu a Tilda Swinton? Em pézinhos de lã, lá saiu com o aniversariante.

E, sou só eu, ou a Ellen Page parecia a Juno numa cerimónia como os Oscares? É claro que o vestido ajudava a disfarçar mas a expressão de miuda aterrorizada com o mundo, estava toda lá. Pequena grande actriz.

25 de fevereiro de 2008 às 15:44  
Blogger Unknown said...

Por acaso tenho uma opinião diferente em relação à cerimónia propriamente dita: achei que o Jon Stewart esteve uns bons furos abaixo da sua criatividade (a que não deverá ser alheia a greve dos argumentistas terminada dias antes do evento), a produção do espectáculo televisivo foi pobre, comparando com edições de anos anteriores, a realização demasiado minimalista e concentracionária. Os momentos musicais foram insípidos, previsíveis e sem energia. Depois, há outra coisa que desmotiva o espectador há longos anos e que parece piorar a cada nova edição: a quantidade abismal de intervalos que fazem quebrar o ritmo e provocam o adormecimento fugaz do espectador (aconteceu-me a mim, terá acontecido a milhões de outros).

25 de fevereiro de 2008 às 16:58  
Blogger Alvy Singer said...

Homem Que Sabia Demasiado, a nossa opinião não difere assim tanto. Também não achei que esta cerimónia dos Oscares fosse a cereja no topo do bolo, depois do estrondoso ano que tivemos. Não por causa dos vencedores, mas do evento em si. Se não foi essa a ideia que passou no texto, é porque não fui claro o suficiente.

25 de fevereiro de 2008 às 18:05  
Anonymous Anónimo said...

Pois eu estive novamente(como é costume desde há 19 anos para cá)a ver a cerimónia com a companhia muitissimo estimável de grandes jornalistas cinematográficos(uns radiofónicos,outros televisivos e da imprensa escrita)da Antena 3 como José Paulo Alcobia,Alvaro Costa e João Lopes(porque os comentários televisivos são perfeitamente fracos,não houve até hoje,para mim,transmissões tão boas como as que eram feitas pela RTP).
No decorrer da cerimónia nunca houve,para mim,em nenhum momento um vencedor prévio antecipado em nenhuma categoria mesmo naquelas mais fáceis como Actor,Actriz e Actor Secundário e Actriz Secundária(como são exemplo os comentários que ouvi na rádio de João Lopes e restantes jornalistas),foi tudo muitissimo dividido,partilhado e esmiuçado até ao último Óscar para não deixar de fora ninguém,nenhuma sensibilidade artistica.
Para mim,foi tudo de uma imprevisibilidade muito grande.
Assim,todos os tipos de cinema foram há sua maneira premiados e brindados.
Eu gostei muito da cerimónia,foi práctica e óbjectiva.Não foi recheada de momentos músicais longuissimos e aborrecidos.Teve extractos muito bons dos filmes que ganharam o Óscar de "Melhor Filme" ao longo do histórial de Cerimónias,os agradecimentos ao longo da história com destaque para a última imagem(que foi a de Chaplin).O Óscar honorário foi também um bom momento.A única coisa que falhou,para mim,foi a qualidade dos discursos finais tirando os emotivos de Javier Bardem e Marion Cotillard.
Foi uma cerimónia muito bem apresentada novamente por Jon Stewart.
Agora outra coisa muito diferente é ter visto TODOS os nomeados em todas as categorias.
Será que já viram todos os nomeados?.
Porque só se pode dizer que as coisas em cada categoria foram justas ou não,se se tiver visto todos os candidatos e não apenas alguns.
Eu,por exemplo,só posso avaliar as coisas para o lado de Melhor Actor Principal porque antes da cerimónia já tinha visto todos os candidatos.
Devo dizer,que para mim,o lote de nomeados era tão genial(como há muito tempo não era)que a tarefa era impossivel de ser feita.Acabou por ganhar,para mim,o mais brandiano dos desempenhos porque em termos de qualidade individual(tirando o caso de Johnny Depp)eram todos insuperáveis.Há anos em que mais valia atribuir um Óscar a cada um dos nomeados.
Agora só aguardo a estreia de "Este Pais Não é para Velhos" no nosso pais para conferir se,na minha opinião,é tão Obra-Prima absoluta como "Haverá Sangue" e "Michael Clayton-Uma Questão de Consciência".
Porque se for,trata-se,na minha opinião,dos melhores colectivos de 5 nomeados para o Óscar de "Melhor Filme" dos últimos 15(!!!)anos.

25 de fevereiro de 2008 às 20:12  

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