Deuxieme


terça-feira, março 18, 2008

O poder da primeira impressão.

Nestas coisas, não convém enganarmo-nos a nós próprios. Há que reconhecer quando não somos um cinéfilo inveterado, que papa tudo e mais alguma coisa. Gostamos de cinema, sim senhor, mas com algumas restrições. Como aqueles que apreciam uma boa pizza, mas sem pimentos. Ao longo dos anos, tenho vindo a conhecer cada vez mais casos de apaixonados pela sétima arte, que não encontram qualquer entrave a um visionamento. É filme, está no cinema? Então, vou ver. Tão simples quanto isto. Não importa se é americano, indiano, mudo, a preto e branco, em IMAX, de animação por computador, o que for. É cinema, e isso é quanto basta.

Pois, por estes lados, a história é um bocado diferente. Talvez com alguma esquisitice à mistura, há filmes que morrem logo à nascença. Porque, convenhamos, o quotidiano dificilmente se compadece com sete ou oito estreias por semana, mais os outros que já existiam no princípio dos tempos. Opções têm de ser feitas, e decisões tomadas. Por essa razão, uns eclipsam os outros. No entanto, uns há que ficam na corda bamba, à espera que o boca-a-boca faça o trabalho sujo por eles. Se a coisa resultar, vamos vê-lo. Contudo, se as primeiras indicações não forem as melhores, o mais provável é não voltarmos sequer a pensar no assunto.

Tudo isto para falar de dois filmes cujas primeiras impressões foram determinantes. Um no bom sentido, outro no mau. Também, à partida, já não havia muito a favor de 10,000 B.C (Roland Emmerich). Após a corrida desenfreada às salas para ver tudo o que estava nomeado para os Oscares, o plot não era do mais cativante, e a ideia de aceitar Emmerich como um realizador causador para uma ida ao cinema, era, no mínimo, desconfortante. No currículo de Emmerich, Stargate (1994) e O Dia da Independência (1996) continuam a ser os momentos mais felizes. O resto está ali um pouco por estar e para inglês ver. De facto, por esta altura, um épico pré-histórico é algo que não vem mesmo a calhar. Agora, se as primeiras criticas tivessem sido favoráveis, talvez a música tivesse sido outra. Mas, não foi isso que aconteceu. Por terras lusas, já tive oportunidade de privar com quem não recomendasse a compra deste bilhete. Este fim-de-semana, o Rotten Tomatoes tratou de confirmar este caso, dando ao filme uma estreia com 10%. De entre as fortes machadadas, destacamos as seguintes:

Roland Emmerich loves to make big, dumb movies, and though this may not be his biggest, it's certainly his dumbest”. – Daily Mail;
Director Roland Emmerich has swapped disaster movies like The Day After Tomorrow and Godzilla for, well, a disaster of a movie”. – Sun Online;
Don't expect Roland Emmerich's 10,000BC to make much sense, historically, geographically or logically”. – Times (UK);
It’s a horrible movie”- Ebert & Roeper.

No entanto, convém dizer que, nestas situações, quando o quadro pintado não podia ser mais feio, normalmente, a aversão transforma-se em curiosidade. Como se não fosse possível o pobre coitado ser assim tão mau. É preciso ver com os próprios olhos para acreditar, e não tomar a palavra de terceiros como definitiva. Agora, quando a principal motivação para ver um filme, é ver se podemos candidatar-nos a advogados de defesa do mesmo, é porque alguma coisa está mal. Ainda assim, 10,000 B.C. é capaz de ter a sua hipótese.

No pólo oposto está Dr. Seuss’ Horton Hears a Who (Jimmy Hayward e Steve Martino), o filme que dita, para já, o recorde de bilheteira deste ano nos Estados Unidos. Mas, isso é o menos. Aliado ao sucesso junto do público está um magnifico 80% no tomatómetro, o que faz deste filme o primeiro candidato ao Oscar de Melhor Filme de Animação, apesar de a procissão ainda agora ter começado. O filme, que estreia nas nossas salas esta semana, recebeu criticas extremamente positivas, das quais realçamos:

After two painful messes, Hollywood gets Dr. Seuss right with Horton Hears a Who!”. – Northwest Herald;
Pure Seuss, with plenty of Flower Power to spare. Not to mention that when paying attention to all the possibilities of this planet and beyond, size indeed matters”. – NewsBlaze;
Watch your back, Dumbo. You have heavy competition now from Horton!” – ReelTalk Movies Reviews.

E assim se transforma um filme que transmitia alguma insegurança, num visionamento obrigatório.

Alvy Singer

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9 Comments:

Blogger inêsgens said...

Sou mais uma a dizer para fugires a sete pés do 10.000 b.C.
Quanto ao Horton, está bem feito, tem uma original e alucinante história como ponto de partida e tem alguns momentos muito bem conseguidos. No entanto, parece-me que comete o pecado que os dois Ice Age também cometem: tem personagens secundárias muito melhores do que as principais.

Beijinhos :)

18 de março de 2008 às 07:59  
Anonymous Anónimo said...

É exactamente o meu ponto de vista em relação aos 2 filmes.

18 de março de 2008 às 12:20  
Blogger Alvy Singer said...

Assim torna-se ainda mais difícil acreditar que vale a pena ver ’10,000 B.C.’. A expressão “Fugir a sete pés” não augura nada de bom, e confesso que este comentário teve o condão de me afastar ainda mais do filme de Roland Emmerich. Obrigado pela franqueza, Inês. Bjs

Dani, esta semana só falta comprovar que Horton é tão bom quanto se diz.

Cumprimentos

18 de março de 2008 às 12:49  
Blogger Pedro said...

Mais uma perda para a 7ª arte. Anthony Minghella morreu hoje aos 54 anos.

18 de março de 2008 às 13:49  
Anonymous Anónimo said...

Paz á sua alma.
Teve o condão de transportar para o ecran uma das mais belas histórias de amor.

Deixa saudades.

18 de março de 2008 às 14:10  
Anonymous Anónimo said...

A proposito do post, não é certamente a opinião de um, dois ou mesmo 10 pessoas que me tirarão a vontade de ver esses ou quaisquer outros filmes.

Nunca, em tempo algum, a opinião de pessoas que apreciam tanto o cinema como eu, influenciará a minha escolha sobre este ou aquele filme.

E deixa-me perplexo que alguém o faça. Mais ainda, quem diz gostar de cinema.A opinião de quem quer que seja é própria e não vinculativa.

18 de março de 2008 às 14:12  
Blogger Alvy Singer said...

Frankie, concordo com tudo, da primeira à última palavra. Se tivesse ido pelo que veio na maioria dos jornais, por exemplo, jamais teria visto ‘300’.
“É preciso ver com os próprios olhos para acreditar, e não tomar a palavra de terceiros como definitiva”.
No entanto, a vontade de ver este ‘10,000’ já não era muita. O texto pretendia simplesmente transmitir a ideia dessa mesma vontade ter diminuído, não desaparecido. Para além disso, o tom fatalista do post prendia-se com um tom mais dramático que, nestes casos, fica sempre bem.

Cumprimentos

18 de março de 2008 às 17:56  
Blogger Lúcia said...

A propósito das estreias desta semana, gostava de saber quem foram os inteligentes que resolveram dizer que a realizadora de "Dinheiro Vivo" com a Diane Keaton, é a mesma de "Thelma e Louise".Além de mal informados,será que Ridley Scott mudou de sexo e eu não sabia?

18 de março de 2008 às 19:12  
Anonymous Anónimo said...

Ás vezes dizer mal, torna-se moda, e depois diz-se coisas disparatadas, a critica do Times(UK) é disso, um bom exemplo...
Os actores, realmente não são grande coisa, os dialogos deixam muito a desejar, mas a história tem logica, é historicamente plausivel, zoologicamente tem um erro grave, mas apesar de geograficamente, e etnicamente deixar duvidas, existem teorias, umas mais esotéricas, do que outras, que podem facilmente explicar o enredo...
É necessário relembrar que a história do Homem(socialmente), antes da escrita ter sido criada, é bastante nebulosa, com poucas certezas absolutas, provavelemente o registo mais exacto deste tempo, será o Antigo Testamento, como uma colectânea dos muitos mitos, e lendas, que existiam naquele tempo, e que anteriormente eram transmitidos através da tradição oral, dos diferentes povos, normalmente mais exacta daquilo que nós pensamos.
A veracidade histórica, não pode ser um argumento para desvalorizar o filme, até porque outros filmes feitos sobre a pré-história, também não foram 'exactos', e não deixaram de ser grandes filmes, como por exemplo o 2001...

O enredo é bastante parecido com o Apocalypto, e como é obvio o Mel Gibson ganha por 'cabazada'...!!!

19 de março de 2008 às 21:26  

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