Deuxieme


domingo, março 16, 2008

Remodular a categoria.

Jeffrey Anderson levantou algumas questões pertinentes no Cinematical, e Sasha Stone fez o favor de as transportar para o mais visível Awards Daily. Fazendo uma retrospectiva daquilo que tem sido a História da categoria de Melhor Filme Estrangeiro, Anderson acaba por pintar um cenário negro como o céu de Gotham City, neste último quarto de século, postulando que, apesar de bons filmes terem ganho nesta categoria, nenhum deles merece figurar nos manuais, ao lado dos clássicos de outrora. Segundo o crítico, o último filme feito por um grande cineasta, e verdadeiramente intemporal, foi Fanny e Alexander, realizado por Ingmar Bergman em 1983. Daqui para cá, diz ele, tem sido um misto do melhor e do pior, desde filmes muito bem conseguidos, tecnicamente irrepreensíveis, até premiados que não passam de meras banalidades, como o vencedor deste ano, The Counterfeiters (Stefan Ruzowitzky). Insatisfeito com o processo de nomeações, Anderson sugere algo que nos interessa sobremaneira, ou não fossemos nós uns eternos esperançosos numa nomeação para este país à beira-mar plantado.

It’s time to re-do the rules of the Best Foreign Language Film Oscar category. Do away with the committee. Let the entire body of voters choose from any foreign language film released in the United States between January 1 and December 31”.

Apesar de movido pela visão parcial de quem vive no país que mais vezes submeteu um filme para os Oscares, sem nunca ter recebido uma única nomeação em troca, não posso deixar de partilhar esta opinião, vincada também por Sasha Stone. Abandonando a ideia dos comités, a Academia aproxima-se do seu objectivo nesta categoria, que é simplesmente o de encontrar o melhor filme estrangeiro. Deve-se é definir conveniente o que é estrangeiro, e separar as águas com o dúbio Língua não-inglesa. É porque, muitas vezes, o dialecto não podia estar mais distante do british mas, como o dinheiro e o realizador voaram directamente de Los Angeles, então o caso muda de figura e o filme passa a ser americano.

Se a limitação de uma nomeação por país não existisse, ninguém teria de escolher entre Persepolis (Vincent Paronnaud), La Vie en Rose (Olivier Dahan) ou O Escafandro e A Borboleta (Julian Schnabel). Caso os três justificassem a sua entrada nos cinco nomeados, entravam, e pronto. Não se falava mais nisso. Num primeiro momento, estas alterações parecem ser ainda mais prejudiciais para uma indústria como a portuguesa. Sem paninhos quentes, devemos reconhecer que isto diminuiria ainda mais as possibilidades, face aos cinemas com maior projecção de outros países. No entanto, sem um comité que opte pelo filme errado e, num ano em que alguém se supere em definitivo, pode ser que tenhamos uma hipótese. Se estas alterações fossem a realidade de 2007, com os pés bem assentes no chão, facilmente imaginávamos um desfecho diferente para o Juventude em Marcha de Pedro Costa.

Alvy Singer

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3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Em primeiro lugar uma enorme saudação pela foto escolhida para enquadrar este "post". Cinema Paraíso é um filmaço!!!!
Os filmes que têm ganho a categoria de melhor filme estrangeiro têm sido, regra geral, verdadeiras obras primas, e é uma das categorias que observo com maior atenção.

Este ano ainda não vi o vencedor, mas estranho que o filme de Tornatore e o multi premiado filme romeno "Três meses, 2 semanas e 1 dia" tenham ficado de fora das nomeações... mas só vou poder ter uma opinião própria depois de os ver.

16 de março de 2008 às 23:38  
Blogger Alvy Singer said...

A fotografia de ‘Cinema Paraíso’ foi o contra-argumento subtil na discussão dos últimos 25 anos. Apesar de concordar com a reforma da categoria, não partilho a ideia de que o último quarto de século tenha sido assim tão mau. Em relação aos filmes deste ano, estamos em pé de igualdade, Paradiso. Também não os vi. Falha a colmatar nos próximos tempos.

Saudações cinéfilas

17 de março de 2008 às 18:46  
Anonymous Anónimo said...

Não é preciso recuar muito para ver um excelente filme a vencer o Oscar para melhor filme estrangeiro.
2007: Das Leben der Anderen

17 de março de 2008 às 21:27  

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