Do céu caiu um belo filme.
Este post resulta um pouco na senda daquela adivinha Qual é coisa qual é ela, que desaparece quando falamos nela?. A ideia passa, num primeiro momento, por transmitir a real sensação de prazer proporcionada por um recente visionamento. No fundo, recomendar uma obra. No entanto, em última instância, gostaríamos que fosse possível, desse lado, dar de caras com este título de forma idêntica àquela que sucedeu com este que se assina. Isto porque esta foi uma das experiências cinematográficas mais fortuitas de que há memória. O título em questão foi, antes de mais, descoberto num daqueles caixotes que podemos encontrar em algumas bombas de gasolina, em que os filmes parecem metidos lá para dentro a pontapé. Tudo a 4,99€, costuma dizer o anúncio. Vamos a ver, não há nada abaixo de dez euros. Este era um dos que estava lá no molho. Uma capa discreta e um celofane já amarrotado não agouravam nada de bom. David Schwimmer num papel que não era para rir, acompanhado por uma actriz cujo nome nada dizia (Janeane Garofalo, a voz de Colette em Ratatui), e um realizador ainda mais desconhecido. Matt Mulhern nunca tinha parecido mais gordo. Posto isto, eis que surge um ímpeto inexplicável de comprar o filme. Mais, de chegar a casa, e meter o Dvd no leitor. Pensado, dito em surdina, e feito. Menos de hora e meia depois, o regozijo de quem dá de caras com um pequeno tesouro.
Esta é a história de Duane Hopwood, um homem de mal com a vida, que tem por hábito mergulhar as mágoas num copo de whisky. Divorciado, faz o turno da noite num casino de Atlantic City. Quando a relação com as filhas e a sua ex-mulher começa a ficar seriamente ameaçada, após alguns problemas com a lei, Duane tenta reorganizar a sua vida, e recuperar a sua família. Antes que seja tarde de mais.
Um testamento mais pormenorizado sobre o alcance da obra passaria, provavelmente, por revelações que em nada cativariam quem ainda não viu esta relíquia. Dizer que Schwimmer está quase irreconhecível, num desempenho soberbo, que as tiradas hilariantes de Judah Friedlander são a luz que muita vezes falta a tantos melodramas, e que o argumento de Mulhern é do mais preciso que por aí anda, em matéria de casais em rota de colisão, já não é pouco. Este é um filme sem inicio e fim óbvios. Quando a obra começa, já Duane vai em queda livre. Quando o filme acaba… Bem, quando o filme acaba, é melhor vermos com os nossos próprios olhos. Este é daqueles que nos fazem gostar de Cinema. Capra devia ficar orgulhoso de discípulos como este. Por cá, o filme ficou com o nome de A Vida Não é Uma Roleta. Aqui fica o trailer.
Alvy Singer
Etiquetas: A Vida Não é Uma Roleta, David Schwimmer
2 Comments:
A Janeane Garofalo não te dizia nada? Uma das actrizes mais engraçadas de Hollwood não pode passar assim tão despercebida... Nos filmes Romy e Michelle, Cop Land e Toda a Verdade sobre Cães e Gatos a mulher marca pontos!
Concordo, depois deste desconhecimento da obra da actriz, a Janeane Garofalo merecia neste momento que a Premiere fizesse uma capa com ela, LoL.
Uma das actrizes mais talentosas da sua geração que todo o mundo desconhece, porque alguém na terra do tio Sam decidiu que deviamos venerar a Rainha do Gelo, à Lábios de Botox e à Pitinha Irritante Que acha que é Culta ao invés de dar importância a verdadeiras actrizes que fazem pequenos papeis maravilhosos.
Num tom, mais amigável..obrigado pela sugestão vou me manter atento às caixas de dvds das bombas de gasolina.^_^
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