Deuxieme


quarta-feira, novembro 05, 2008

Dois Ases.

Com a chegada às salas de Revolutionary Road, um dos pesos-pesados na corrida aos Oscares deste ano, assinala-se o reencontro de uma dupla acarinhada por toda uma legião de cinéfilos. Apesar de Titanic (James Cameron, 1997) ter pouco mais de uma década, a sua parelha de protagonistas rapidamente granjeou considerações que a conotavam a um certo estatuto mítico. Verdade seja dita, é difícil imaginar o filme de Cameron sem qualquer um deles. Para o melhor e para o pior – a interpretação de DiCaprio foi alvo de diversas ferroadas –, o blockbuster marcou a carreira de ambos. Onze anos volvidos, os currículos diferem um pouco. Winslet tem cinco nomeações para os Oscares. DiCaprio, três. Depois de Titanic, Winslet sabia o que queria. DiCaprio descobriu-o em 2002, guiado pela mão de Scorsese. Mas, a química dos dois, no ecrã, era inegável. E, era apenas uma questão de tempo, até voltarem a encontrar-se. Quis o destino, e o marido de Winslet, Sam Mendes, que fosse este ano. Com esta dupla, está assim dado o mote para recuperamos algumas outras, cujos caminhos se cruzaram por mais do que uma vez, ao longo das suas carreiras.

Katherine Hepburn e Cary Grant

Era Uma Vez… Sylvia Scarlett (George Cukor, 1935). Um primeiro filme pouco auspicioso, uma dupla imbatível. A obra de Cukor não foi muito bem recebida na altura, e hoje continua a ser olhada de lado pela maioria dos cinéfilos, que continuam a preferir as outras colaborações de Hepburn e Grant. Foi durante a rodagem deste filme que Katherine Hepburn conheceu Howard Hughes. Hughes visitou o set, aterrando o seu avião perto da praia onde decorriam as filmagens. O magnata alegou que tinha passado apenas para cumprimentar o seu amigo Cary Grant, mas a verdade é que ia com ela fisgada para meter conversa com Hepburn. O Aviador (2004), de Martin Scorsese, retrata este episódio.

E Depois… Voltariam a encontrar-se três vezes. Duas vezes em 1938. A primeira, novamente pela mão de Cukor, em A Irmã da Minha Noiva. A segunda, no clássico de Howard Hawks, Duas Feras. Da última vez que se cruzaram, Casamento Escandaloso (George Cukor, 1940), saiu uma obra-prima e um Oscar para… James Stewart.

Jean Arthur e James Stewart

Era Uma Vez… Não o Levarás Contigo (Frank Capra, 1938). Aquela que foi também a primeira colaboração entre Stewart e Capra valeu a este último dois Oscares, um para Melhor Filme e outro para Melhor Realizador. Se e a química no ecrã entre Stewart e Arthur era evidente, a verdade é que, fora dele, os dois nunca se entenderam realmente. Apesar das divergências entre ambos, Stewart afirmaria anos mais tarde que Jean tinha sido a melhor actriz com quem havia trabalhado. Nenhuma tinha o seu sentido de humor e timing, afirmou o actor. Pelos vistos, em Não o Levarás Contigo a coisa ainda foi suportável. Caso contrário, não se teriam reencontrado.

E Depois… Frank Capra gostou do que viu, e voltou a recrutar os dois actores para o drama de 1939, Peço a Palavra. O filme foi um sucesso e tudo parecia correr às mil maravilhas. No entanto, entre Arthur e Stewart a relação azedava. Tanto que, em 1946, a actriz rejeitou o papel que viria a ser de Donna Reed em Do Céu Caiu Uma Estrela.

Lauren Bacall e Humphrey Bogart

Era Uma Vez… Ter e Não Ter (Howard Hawks, 1944). O filme de estreia de Lauren Bacall foi também aquele em que a actriz se apaixonou por Bogart. Reza a lenda que terá sido mais ao contrário, num primeiro momento. Aliás, depois de as filmagens terem terminado, Howard Hawks disse que o actor se apaixonou pela personagem de Bacall, Marie, e que a actriz teria de encarnar o papel o resto da vida. Segundo Bogart, não terá sido tanto assim. Curiosa foi a mão amiga de Hawks, a John Huston, quando este não tinha final para o seu thriller de 1948, Paixões em Fúria. Hawks emprestou-lhe o tiroteio no barco, que nunca tinha chegado a usar em Ter e Não Ter.

E Depois… Casaram, tiveram dois filhos, e voltaram a participar juntos em três filmes. À Beira do Abismo (Howard Hawks, 1946), o thriller onde ninguém sabe muito bem quem é o culpado, O Prisioneiro do Passado (Delmer Daves, 1947), o protótipo do noir, e Paixões em Fúria.

Jane Wyman e Ray Milland

Era Uma Vez… Farrapo Humano (Billy Wilder, 1945). Disse Billy Wilder que Foi depois deste filme que as pessoas começaram a levar-me a sério. O título que marcou um ponto de viragem na carreira do cineasta, foi também aquele em que Ray Milland contrariou os vaticínios daqueles que diziam que este seria o seu último trabalho enquanto actor. Milland fez questão de provar o contrário, levando o Oscar de Melhor Actor para casa. A obra arrecadou mais três, incluindo o de Melhor Filme. Ao lado de Milland, que rouba por completo toda e qualquer cena do filme, estava Jane Wyman, uma secundária segura, que trazia o brilho suficiente a uma história demasiado negra.

E Depois… Quase que mais valia nunca mais se terem reencontrado. As carreiras seguiam niveladas por cima quando, em 1953, optaram por agendar um novo trabalho na comédia Let’s Do It Again (Alexander Hall), remake infeliz de Com a Verdade Me Enganas (Leo McCarey, 1937).

Shirley MacLaine e Jack Nicholson

Era Uma Vez… Laços de Ternura (James L. Brooks, 1983). Considerado um dos mais sentimentalistas e lacrimejantes filmes a triunfar na noite dos Oscares, Laços de Ternura é um daqueles filmes que, parecendo que não, tem mais drama que comédia. No entanto, se não fosse esta última a dar o toque ligeiro que a obra necessitava, talvez James L. Brooks não tivesse levado para casa a estatueta de Melhor Filme. E, coube à dupla MacLaine e Nicholson (num papel que não existia na obra original de Larry McMurty), proporcionar os momentos mais hilariantes de todo o filme. MacLaine arrecadaria o Oscar de Melhor Actriz. Nicholson, que ficou com um papel que era para ter sido de Burt Reynolds, Harrison Ford ou Paul Newman, ficou com o de Melhor Actor Secundário.

E Depois… Por linhas muito tortas lá se escreveu o reencontro de Aurora Greenway e Garrett Breedlove. Realizado por Robert Harling, Lágrimas ao Entardecer (1995) foi uma sequela que saiu tão furada quanto O Caso da Mulher Infiel (Jack Nicholson, 1990).

Meryl Streep e Robert Redford

Era Uma Vez... África Minha (Sidney Pollack, 1985). Com todo um continente a servir como a paisagem de sonho para uma qualquer história de amor, Sidney Pollack só teve de encontrar a Karen Blixen ideal, e um aventureiro Denys Hatton à altura, e esperar que a química no ecrã fizesse o resto. Pollack nunca achou que Streep fosse uma boa escolha. Faltava-lhe o sex appeal que sobrava ao seu potencial colega. A actriz, consciente das suas adversidades, fez questão de se apresentar ao realizador, no dia do test screen, com uma blusa de trazer por casa e um soutien espampanante. Acreditamos que, depois disso, Pollack terá ido para casa rever A Escolha de Sofia. Juntando as duas coisas, não havia outra escolha a não ser Meryl Streep.

E Depois… Vinte e três anos mais tarde, com um tal de Tom Cruise pelo meio, Streep e Redford encontraram-se novamente. Desta feita, nos corredores de Washington. Com Redford atrás das câmaras, Peões em Jogo foi a confirmação de que o romance pertence a outros tempos, e outro continente.

Julia Roberts e Richard Gere

Era Uma Vez… Um Sonho de Mulher (Garry Marshall, 1990). Se a química no ecrã desse para avaliar com um termómetro, neste, o mercúrio rebentaria com o aparelho. A dupla Robert-Gere explodiu por completo na primeira temporada de blockbusters dos nineties. Catapultou Julia Roberts para o estatuto de Namoradinha da América, e fez de Richard Gere o actor sólido que há muito se esperava. Mas, para que tal acontecesse, foi preciso que cada um descobrisse o seu espaço. No inicio das filmagens, Gere estava bastante activo. Demasiado. Marshall chegou ao pé do actor e disse “Não, não. Richard. Neste filme, um de vocês mexe-se. O outro não. Adivinha qual deles és tu?”.

E Depois… Noiva em Fuga (1999). Uma obra onde estiveram para participar Geena Davis, Mel Gibson, Harrison Ford, Michael Douglas, Demi Moore, Sandra Bullock, Ellen DeGeneres, Ben Affleck, e Téa Leoni. Demorou dez anos a chegar às salas. No final, Garry Marshall agarrou no projecto, e levou consigo uma dupla de sonho, que todos queriam voltar a ver.

Meg Ryan e Tom Hanks

Era Uma Vez… Joe Contra o Vulcão (John Patrick Shanley, 1990). Na leva de grandes romances de 1990, onde figuram pesos-pesados como Um Sonho de Mulher, Ghost – O Espírito do Amor, Cyrano de Bergerac, e Henry e June, não encontramos este título de John Shanley que quase passou despercebido do grande público. E, só não terá passado mais, porque Tom Hanks e Meg Ryan encabeçavam o elenco. Com o passar dos anos, o primeiro encontro de Ryan e Hanks no grande ecrã tem ganho um novo alento. Há até já quem diga que é o melhor filme em que participaram. Discutível. Certo é que, entre ambos, a boa relação passou de fora para a tela, e desta novamente para fora. Vontade de voltarem a trabalhar juntos é coisa que nunca faltou.

E Depois… Sempre existiu interesse num reencontro. Para regozijo de muitos cinéfilos, já foram dois. Ambos, com Nora Ephron atrás das câmaras. O primeiro, Sintonia de Amor, em 1993; o segundo, Você Tem Uma Mensagem, em 1999. Hoje, Ryan, como se fosse da família, já contracena com o filho de Hanks.

Bruno Ramos

7 Comments:

Blogger Cecilia Barroso said...

A lista dos casais é ótima! Fiquei até com saudade de alguns dos filmes citados.

5 de novembro de 2008 às 04:24  
Anonymous Anónimo said...

Ganda lista, sim senhor.

5 de novembro de 2008 às 18:35  
Blogger C. said...

Que grande trabalho aqui tiveste! :)

PS - "George" Capra? ;)

6 de novembro de 2008 às 01:12  
Blogger Alvy Singer said...

Ele há gaffes... Obrigado, Wasted Blues.

6 de novembro de 2008 às 13:38  
Anonymous Anónimo said...

Adoro este casalinho...

6 de novembro de 2008 às 13:55  
Anonymous Anónimo said...

A ver se é desta que Winslet leva o Oscar!!!!!

8 de novembro de 2008 às 16:18  
Anonymous Anónimo said...

Sim, concordo. A Kate Winslet já merecia o Oscar!

20 de novembro de 2008 às 16:01  

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