Dynamite, can you dig it?
Vamos, por uns momentos, aproveitar a janela aberta por James Earl Jones na cerimónia de ontem dos Screen Actors Guild. Ao citar uma passagem do Génesis, primeiro livro do Antigo Testamento, o actor galardoado com o prémio de carreira afirmou que, não querendo comparar a interpretação com o trabalho de Deus, é responsabilidade de um actor dar vida a uma personagem. Metáfora persuasiva, somente ao alcance de um orador exímio. Foi um discurso breve, mas que serviu para constatar que Cinema e Religião são dois domínios com mais coisas em comum do que seria de prever. E, não há momento em que a fé de um cinéfilo seja tão testada, como no visionamento de um trailer. O trailer funciona como um purgatório preliminar de determinada obra. São dois minutos e meio que servem para definir a nossa confiança relativamente à boa graça da película. No final do trailer, ficamos a saber a nossa posição. Ou ficamo-nos pelo ateísmo, estado pouco recomendável para um amante da sétima arte; ou abraçamos o estado agnóstico, aguardando serenamente pelo lançamento do filme, nos Cinemas ou em Dvd; ou tornamo-nos crentes. Dentro desta última categoria encontramos os praticantes e os não praticantes. Os primeiros procuram o filme. Os segundos esperam que o filme venha ter com eles.
Isto tudo para dizer que, em relação a Black Dynamite, somos crentes praticantes. Ou seja, estamos só à espera que a Sony diga o dia e a hora em que isto deve chegar às salas, para comprarmos os bilhetes antecipadamente. Depois de vermos o trailer, não poderia ser de outra forma. Porém, se dúvidas restassem, esta crítica ainda ajuda à festa.
“With Black Dynamite director Scott Sanders and writer-producer-star Michael Jai White have succeeded in doing precisely what Quentin Tarantino and Robert Rodriguez promised but failed to deliver with Grindhouse. They have captured the spirit of a long gone era and done so in hugely entertaining fashion. Far too loving to ever descend into spoof or parody territory, Black Dynamite also rises above tribute territory thanks to White’s portrayal of the title character. No mere regurgitation or mimicry here, Black Dynamite is strong enough and accurate enough that it could be a lost nugget from the blaxploitation era itself”.
Dizer que Black Dynamite é aquilo que Tarantino e Rodriguez pretendiam fazer com Grindhouse, jamais poderá ser feito de ânimo leve. Agora, porque temos a malta do Twitchfilm em elevada estima e consideração, somos forçados a dar o benefício da dúvida. Esta é história da lenda afro-americana esquecida dos anos 70, sempre pronta para a acção, Black Dynamite. ‘The Man’ – nome que não suscita segundas interpretações – matou a sua mulher, utilizou orfanatos na rede de tráfico de droga, e inundou os bairros com licor contaminado. Black Dynamite, com contas a ajustar, é o único herói disposto a lutar contra ‘The Man’, começando nas ensanguentadas ruas da cidade, e terminando nos muros da Honky House. O trailer é um festival de pancada de primeiríssima água. Desde que corresponda às expectativas dos crentes, ver este filme, numa sala cheia de gente que sabe ao que vai, deve ser uma bandalheira pegada.
Alvy Singer
Etiquetas: Black Dynamite
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