Deuxieme


terça-feira, janeiro 20, 2009

'How about a magic trick?'*

Dois dias para as nomeações. As considerações vão-se atropelando, e tudo entra no saco da corrida aos Oscar. Aquilo que alguns actores já disseram em discursos de agradecimento nesta temporada, por exemplo, por mais descabido que pareça, é uma das variáveis a ter em conta. Pelo menos, assim pensa Dave Karger, da Entertainment Weekly. A esta altura do campeonato, as conjecturas vão adquirindo a forma de postulados astrológicos. Dizer que o discurso emotivo de Winslet pode prejudicar as suas hipóteses de ser nomeada, é o mesmo que dizer que Neptuno saiu da casa de Júpiter e, por isso, amanhã não devemos atravessar uma passadeira sem olhar para os dois lados. Da mesma forma que se formos atropelados não podemos provar, por (a) + (b), que a razão de tal infortúnio foi Neptuno ter deixado Júpiter sozinho, se Winslet ou Anne Hathaway ficarem pelo caminho, certamente que alguém terá muita dificuldade em convencer terceiros que a omissão deveu-se a um desastrado discurso de dois minutos e meio. Aliás, a acreditar nesta teoria, mais valia nem nos interessarmos por estes prémios. Achar que os membros da Academia privilegiam uma fugaz aparição em cima de um palco, a toda uma interpretação soberba de hora e meia, é passar um atestado de palermice. Ficar a ver os Oscar depois disso, é palermice a dobrar.

Em relação aos grandes candidatos às nomeações, não nos recordamos de tanto consenso no que respeita aos cinco favoritos na categoria de Melhor Filme. Depois de arrecadarem as nomeações dos Directors Guild Award (DGA), Producers Guild Award (PGA), Writers Guild Award (WGA) e American Cinema Editors, The Dark Knight, Milk, Slumdog Millionaire, The Curious Case of Benjamin Button e Frost/Nixon são percepcionados como apostas seguras. No entanto, já todos nos cruzámos no passado com uma surpresa da Academia. Daí que muito poucos sejam aqueles que acreditam nestes cinco, como os finalistas na principal categoria. Agora, um pouco de Teoria da Conspiração – já alguém dizia, Lá porque tens a mania da perseguição, não quer dizer que não estejas a ser perseguido. Se a AMPAS tem sempre uma na manga, e todos partimos do princípio que este ano não será excepção, será legitimo pensar que não ter nada na manga não será, em si mesmo, ter lá alguma coisa? No fundo, seriam estes os cinco nomeados, e poucos serão aqueles que esperariam uma lista tão previsível. Porque razão há de The Dark Knight ser entendido como o mais fraco dos cinco, e o filme de Christopher Nolan servir como saco de porrada para todos aqueles que acham que haverá um eleito inesperado da Academia de Hollywood? Apesar de partilharmos, em parte, esta teoria, apetece-nos contrariá-la. Por muito optimistas que estejamos quanto às potencialidades do robot da Pixar, a acontecer a sua nomeação, em detrimento de The Dark Knight, o brilharete não seria tão fácil de engolir. A verdade é que é difícil prever a real capacidade de Wall-E, que passou ao lado dos DGA, PGA e WGA. Doubt parece um título sólido para as categorias de interpretação e na de Melhor Argumento Adaptado, mas levá-lo mais além será forçado. Para além disso, o filme tem recebido bastantes nomeações. Vitórias é que têm sido escassas. The Wrestler estreou demasiado cedo, e o buzz que se vai mantendo é em torno de Mickey Rourke e Marisa Tomei. Um estudo de caso que serve os propósitos do protagonista, mas que não ajudam na corrida ao Oscar de Melhor Filme. The Reader não gerou as ovações de outro filme a que foi imediatamente comparado, Atonement, e parece viver também demasiado à custa do desempenho de Kate Winslet. O recente empurrão que os BAFTA podiam ter dado surgiu depois de as votações para os Oscar terem encerrado. Revolutionary Road não foi bem recebido por alguns círculos de críticos norte-americanos, hipotecando logo à partida uma campanha nesta categoria. Nem Sam Mendes se escapa numa razia que deverá deixar apenas de fora o desempenho notável de Kate Winslet. Gran Torino, recente êxito de bilheteira, pode ser o underdog que todos esperam. No entanto, uma nomeação para o Oscar de Melhor Filme parecerá que caiu de pára-quedas como nenhuma outra na carreira de Eastwood.

Agora, outra surpresa invertida pode passar pela omissão de Anne Hathaway (Rachel Getting Married). Apesar de Hathaway ter arrancado uma das interpretações mais aplaudidas do ano, se pensarmos que as grandes estrelas chamam a si mais votos, Angelina Jolie, Kate Winslet, Meryl Streep e Cate Blanchett poderão ser quatro das cinco finalistas. Restando um lugar para Kristin Scott Thomas, Melissa Leo, Sally Hawkins e, até quem sabe, Michelle Williams. Esta corrida está bem mais renhida do que parece, e Anne Hathaway não deverá descansar à sombra daquele descuido que a deu como vencedora antecipada nos Globos.

No entanto, a categoria mais apertada será provavelmente a de Melhor Actriz Secundária. Neste momento, pelo menos oito actrizes encontram razões para aspirar a uma nomeação. Penélope Cruz, Kate Winslet, Viola Davis, Marisa Tomei, Taraji P. Henson, Amy Adams, Freida Pinto e Kathy Bates. Qualquer uma destas ser nomeada segue uma linha de orientação lógica. Qualquer uma destas não ser nomeada, deverá ser visto quase como um ultraje. E, há quem ainda ache que Rosemarie DeWitt e Debra Winger têm algo a dizer. Se Doubt arrancar uma dupla nomeação nesta categoria, acreditamos que os outros três lugares serão ocupados por Penélope Cruz, Kate Winslet e Taraji P. Henson. Contudo, perspectivando um rol de nomeações de Slumdog Millionaire, Freida Pinto poderá sonhar com a nomeação. Quanto a Marisa Tomei, a pergunta que muitos se colocarão nesta altura é quem quer correr o risco de repetir a surpresa de 1992, ano em que a actriz levou para casa o Oscar por My Cousin Vinny.

*Imagem retirada desse manjar dos deuses da Nestlé que dá pelo nome de Chocapic.

Bruno Ramos

8 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Apesar de achar que Wall.E é um filme maravilhoso e que efectivamente merecia estar no lote dos 5 nomeados, não me parece que a Academia esteja numa de nomear filmes de animação. Não nos esqueçamos que (espero não estar a dar nenhuma calinada) no ano em A Bela e o Monstro foram nomeados ainda não existia a categoria de melhor filme de animação. Quase como se fosse degradante escolher um robô animado em deterimento de personagens "reais". Mas não fosse hoje a tomada de posse de Obama, vamos acreditar que Wall.E, Yes, you can.

20 de janeiro de 2009 às 10:20  
Anonymous Anónimo said...

Não querendo estar a chatear, não há palpites para melhor música?

20 de janeiro de 2009 às 10:29  
Blogger Célia said...

Estou de tal forma, que ao olhar para a imagem pensei "Mas o que faz um boneco do Joker à frente de tantos livrinhos?" Devaneios de quem só vê livros à frente :D

Adiante. Vi poucos dos filmes que em princípio vão estar a concurso, mas espero sinceramente que o Heath Ledger seja nomeado. Tenho muita vontade de ver o "Benjamin Button" e também o "Revolutionary Road" (este só depois de ler o livro, claro :D), e espero fazê-lo antes da cerimónia dos Óscares.

20 de janeiro de 2009 às 11:03  
Anonymous Anónimo said...

Eu continuo a acreditar que Revolutionary Road vai ter força suficiente para se fazer notar aos olhos da academia e conseguir nomeações nas categorias principais. Pessoalmente confesso que Wall.E na categoria de melhor filme sería algo interessante de se ver, apesar de que nunca conseguiria ganhar (escandaloso sería não ganhar na categoria de melhor filme de animação, mas isto é muito improvável eheh). Para melhor canção, acredito que o "chefe" Springsteen este ano leve a sua segunda estatueta para casa... além disso a canção "The Wrestler" é bastante boa...

20 de janeiro de 2009 às 13:28  
Anonymous Anónimo said...

Só mais uma coisa, não o querendo contrariar muito caro Bruno Ramos (com quem normalmente estou bastante de acordo), mas acho que a eventual não nomeação de Penélope Cruz na categoria de melhor secundária não devería ser vista como um ultraje mas sim como um laivo de bom senso da academia. Digo isto porque depois de ter visto o filme duas vezes, não consigo entender o que há de tão "aplaudível" na interpretação da espanhola. De qualquer das formas acho que isto tem a ver com o fenómeno "spanglish" que agora é tão popular nos EUA.

20 de janeiro de 2009 às 13:42  
Anonymous Anónimo said...

"Kristin Scott Thomas" ai ai...

20 de janeiro de 2009 às 15:33  
Blogger Alvy Singer said...

E não é que olhei duas vezes para o nome antes de o escrever? Desta vez, peço que culpemos os óculos.

20 de janeiro de 2009 às 17:23  
Blogger Unknown said...

Não é que escolheste uma porção de filmes que também tenho...

Bem, só posso dizer que tens um excelente gosto... eh eh

20 de janeiro de 2009 às 20:04  

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