Deuxieme


quarta-feira, fevereiro 25, 2009

Olhar 2009.

A poeira começa a assentar. A algazarra em torno dos Oscars desvanece-se a cada minuto, e a calmaria retorna aos níveis de há quatro ou cinco meses atrás. A especulação chegou ao fim, já não há razão para andar por aí a mandar bitaites, e tudo parece regressar a um estado amorfo desconfortável. E, é precisamente por desconfiarmos deste silêncio que se estabelece quando se dá por encerrada uma temporada de prémios, que resolvemos olhar já para o nublado horizonte que, lá ao fundo, esconde a temporada de 2009. Sim, ainda falta um ano. Poderá ser patético tentar prever o quer que seja, por esta altura. Que o é. No entanto, nunca veio grande mal ao mundo por um tipo que, até gosta de Cinema, dizer quais os filmes que mais antecipa para o próximo ano. Coincidência das coincidências, alguns pelos quais mais anseia podem ser aqueles que, em Fevereiro de 2010, terão o privilégio de discutir as estatuetas douradas mais cobiçadas em Hollywood.

O mais interessante, nesta fase da corrida, em que alguns ainda nem sequer a passo vão, é a ausência de um favorito. Ou, até mesmo, conjunto de favoritos. Está tudo muito turvo, e destacar somente um título chega a ser comovente. O ano passado, por exemplo, por esta altura, olhávamos para Revolutionary Road, Appaloosa, Synecdoche, New York, Che, Changeling, e Miracle at St. Anna. Este ano, há quem avance uma maior curiosidade em torno do filme de Clint Eastwood, baseado na vida de Nelson Mandela (que, afinal, não se chamará The Human Factor – o realizador afirmou recentemente que o projecto está sem nome e é baseado no livro de John Carlin, Playing the Enemy). Outro que salta à vista é Nine, de Rob Marshall. Um elenco de luxo, e o selo por trás de Harvey Weinstein. Para alguns, este é o primeiro peso pesado do ano, candidato não a uma, mas diversas categorias. Caraças, isto da futurologia barata é mesmo divertido. Continuemos.

A começar pelo estúdio que este ano nos trouxe Frost/Nixon, Baby Mama, e se fartou de facturar com Mamma Mia!, a Universal. Aqui, encontramos, pelo menos, sete títulos que nos deixam com ela fisgada. Funny People, de Judd Apatow – cujo trailer pode ser visto mais abaixo –, State of Play, de Kevin MacDonald – o filme que juntaria novamente Edward Norton e Brad Pitt –, The Boat That Rocked, de Richard Curtis, e uma obra ainda sem título, de Nancy Meyers, com Meryl Streep e Alec Baldwin nos principais papéis. Green Zone, de Paul Greengrass, com Matt Damon como protagonista, promete fazer as delícias de qualquer fã que se preze de Jason Bourne. E, a Academia já mostrou o afecto pelo trabalho de Grengrass, quando o nomeou em 2006, pelo magnífico United 93. Public Enemies, de Michael Mann, é um dos títulos mais antecipados do ano. Convém seguir de perto este filme, que vem prendendo a nossa atenção desde os primeiros dias de pré-produção. Quem sabe, o The Dark Knight dos anos 30. The Wolf Man, com Benicio del Toro, tem estreia prevista para inícios de Novembro. Final do ano significa fortes esperanças. Resta saber se será em categorias técnicas ou no desempenho do actor.

Na Focus Features, encontramos mais uns quantos. Logo à cabeça, o próximo dos Coen. Desta vez, os irmãos não saltam de registo, e mantém-se fiéis à comédia. A Serious Man, uma hipótese para o actor Richard Kind, o inesquecível Paul Lassiter de Spin City, brilhar no grande ecrã. Ao mesmo tempo, teremos o novo de Sam Mendes. Este sim, a mergulhar em águas desconhecidas. Pela primeira vez, o realizador de Revolutionary Road rodará um drama mais ligeiro, para não dizer mesmo uma comédia – o humor negro de Alan Ball em American Beauty não conta. Away We Go, contará com o soberbo John Krasinski de The Office, e Maya Rudolph, que abandonou este ano o elenco de SNL. Alejandro Gonzáles Iñarritu regressa também este ano, três depois de Babel, com Biutiful, protagonizado por Javier Bardem e Rubén Ochandiano. Contudo, a par do filme dos Coen, talvez aquele que desperte maior curiosidade, saído da Focus Features, seja Taking Woodstock, escrito por James Schamus – o primeiro a ser nomeado para os Oscars nas categorias de Melhor Filme, Melhor Argumento Adaptado e Melhor Canção Original –, e realizado por Ang Lee. Depois de Milk, a Focus deverá apostar novamente num filme de época para chegar mais longe. No capítulo da animação, veremos como se sai 9, de Shane Acker – baseado na sua curta-metragem nomeada para um Oscar –, e Coraline, de Henry Selick, já estreado entre nós. E, já que falamos de animação, olhemos para cinco títulos que têm que se lhe diga.

Como sempre, a Pixar traz-nos a aposta mais segura. Up. À partida, o mais forte candidato a uma nomeação. É quase como se só existem dois lugares para a categoria de Melhor Filme de Animação. Uma posição está reservada para a obra da Pixar. Entretanto, veremos no que dá o regresso ao 2D, e ao desenho à mão tradicional, com The Princess and the Frog. Ponyo on the Cliff by the Sea, de Hayao Miyazaki tem o selo de qualidade do estúdio Ghibli, e a AMPAS também costuma arranjar sempre espaço para uma designação. No entanto, não esqueçamos as múltiplas vozes de Jim Carrey em A Christmas Carol, de Robert Zemeckis – que promete reinventar novamente algumas técnicas –, o terceiro capítulo da saga Ice Age – esperemos que o espírito se mantenha… fresco –, e Monters vs. Aliens, da Paramount. Também da Paramount, estúdio que planeou, a certa altura, lançar Slumdog Millionaire directamente para DVD, encontramos outros três títulos que aparentam ter estofo para a dureza de uma corrida aos Oscars.

O primeiro é The Lovely Bones, de Peter Jackson. Quando, há sensivelmente ano e meio, o projecto caiu nas mãos de Jackson, logo começaram a chover prognósticos sobre a riqueza da obra, e o possível retorno do cineasta ao Kodak Theater para arrebatar mais umas quantas estatuetas. Consta que o material a transpor para a tela não é dos mais acessíveis. No entanto, acreditamos que quem adapta The Lord of the Rings, adapta qualquer coisa. The Soloist, que chegou a ser apontado como um dos grandes favoritos de 2008, saltou para 2009, e acabará por ser lançado aos tubarões no inicio da época de blockbusters. Se Jamie Foxx se portar bem, pode ser que o final do ano traga uma surpresa. E, o que dizer de Shutter Island? O filme é realizado por Martin Scorsese, e o estúdio descreve-o como “a period ‘Departed’”. Depois, não querem que andemos por aí a pensar coisas. Num filme em que DiCaprio procurará a nomeação que lhe falhou este ano, o mais provável é a mesma cair a qualquer um dos imponentes secundários. Por último, Up in the Air, de Jason Reitman. O pequeno-grande realizador, que nos deu o pequeno-grande Juno. Desta vez, com a companhia de George Clooney e Vera Farmiga, uma actriz que, um dia destes, aterra num papelão.

A Warner Bros. é o primeiro estúdio a entrar em acção. Watchmen deverá trazer uma boa receita de bilheteira, contudo, no que aos prémios diz respeito, Sherlock Holmes de Guy Ritchie deverá ser o nome a reter. As primeiras imagens do projecto são inspiradoras, no entanto, contínua tudo demasiado encoberto. O filme de Eastwood sobre Nelson Mandela, do qual falamos no inicio, e The Informant, de Steven Soderbergh, do qual já deixámos aqui uma primeira crítica, deverão estar no epicentro de muitas discussões, quando a próxima temporada se iniciar. Sobre Morgan Freeman, protagonista do filme de Eastwood, disse o realizador, “It seems to be the role he was born to play”. Quem parece também sempre destinada para aquele papel é Penélope Cruz, quando aterra num filme de Pedro Almodóvar. E, Broken Embraces não deverá ser excepção. A actriz, que entra em Nine, de Rob Marshall, poderá ter um 2009 ainda melhor.

Nine, poderá assinalar o regresso de Harvey Weinstein às grandes vitórias, depois de se ter afastado do irmão Bob. The Reader foi uma distracção. Nine é o verdadeiro alvo. E, depois da desilusão que foi o seu adiamento, muitos continuam a olhar para The Road, baseada livro de de Cormac McCarthy, como uma película a considerar. Weinstein sabe o que faz. Sobretudo, no que toca a capitalizar produtos. Os primeiros screens não deixaram boas impressões sobre o filme de John Hillcoat. No entanto, após alguns retoques, os novos visionamentos trouxeram-nos apreciações mais positivas. Viggo Mortensen poderá suplantar as magníficas interpretações com que já nos presenteou. Também sob a alçada Weinstein, All Good Things, de Andrew Jarecki, com Ryan Gosling e Frank Langella, e Inglourious Basterds, de Quentin Tarantino. O teaser deixa-nos antever um gozo tremendo. Porém, banhos de sangue não tendem a rimar com Oscar.

Sundance mostrou alguns títulos independentes interessantes. A Sony Classics pegou em An Education, e a Lionsgate em Push: Based on the Novel by Sapphire, o grande vencedor. Mo’Nique saiu de Park City como a primeira candidata ao Oscar de Melhor Actriz Secundária de 2009. Acredite-se ou não, a campanha em torno da actriz já começou. 500 Days of Summer também passou por Sundance, e deixou muita gente bem impressionada. Especialmente com a subtileza do argumento.

Passando para a Miramax, Chéri, de Stephen Frears, que passou com distinção na recente Berlinale, poderá trazer a nomeação para o Oscar de Melhor Filme que Doubt não conseguiu este ano. Michelle Pfeiffer, longe de ter andado nas brumas de Mickey Rourke, poderá ser o comeback de 2009. The Tempest, de Julie Taymor, com Helen Mirren, pode ser uma agradável surpresa. Uma espécie de Transamerica no século XVII que poderá valer a Mirren a sua quinta nomeação. Da Columbia, Julie & Julia, de Nora Ephron, com Meryl Streep e Amy Adams. A ver vamos, se o reencontro trará as mesmas nomeações. Da MGM, o aguardado Brothers, de Jim Sheridan, que nunca mais chega.

No final, a Fox Searchlight Pictures. A companhia de Peter Rice que, finalmente, chegou ao Oscar este ano. O estúdio começou 2008 sem nada no bolso, chegou a Toronto, em Setembro, viu The Wrestler e Slumdog Millionaire e disse, Não é tarde nem é cedo. Em boa hora o fez. E, este ano, as coisas não parecem muito diferentes. O ano começa, e a Searchlight conta nas suas fileiras com Amelia, de Mira Nair, e pouco mais. Daqui a uns meses, veremos o que o estúdio comprou no circuito de festivais. Isto leva-nos aos filmes que, actualmente, não têm ainda uma distribuidora nos Estados Unidos, mas que poderão figurar na próxima temporada de prémios. Bright Star, de Jane Campion, Agora, de Alejandro Amenábar, Crazy Heart, de Scott Cooper, The Tree of Life, de Terence Mallick, Creation, de Jon Amiel, The Young Victoria, de Jean-Marc Vallée, e Man Who Stare at Goats, de Grant Heslov, o argumentista de Good Night, and Good Luck, que volta a trabalhar com George Clooney.

Caramba, em 2009 há Cinema para ver com fartura.

Alvy Singer

2 Comments:

Blogger Unknown said...

estou em extase para este 2009.
acredito k n nos desiludara

25 de fevereiro de 2009 às 19:21  
Blogger O Narrador Subjectivo said...

Em termos de cinema Europeu teremos ainda, entre outros, o novo de Gaspar Noé e o novo de Michael Haneke, alemão que agora até faz parte da AMPAS, quem sabe se não será nomeado para Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2010?

25 de fevereiro de 2009 às 23:19  

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