Tosta mista de reacções.

A alguns cineastas, crítica e público, simplesmente, não dão abébias. Woody Allen é um deles. Com Match Point, o cineasta reentrou nas contas de alguns que pareciam ter-se esquecido que, a qualquer momento, aquela mente brilhante podia oferecer um belo diamante. Mais recentemente, Vicky Cristina Barcelona voltou a nivelar por cima a carreira do realizador. Agora, Allen, talvez pela produção maciça, que ronda o lançamento de um filme por ano – rivalizando, neste particular, com Manoel de Oliveira –, não consegue manter o mesmo desempenho em todos os seus trabalhos. E, volta e meia, lá nos traz uma película um tanto ou quanto menos satisfatória. Daí que, muito provavelmente, como nenhum outro, Woody Allen seja o cineasta que mais vezes suscita a escrita da expressão Regresso à boa forma. Com a recente estreia de Whatever Works no Festival de Tribeca, aguardávamos expectantes as primeiras reacções dos states. Logo de inicio, temos para todos os gostos. Não há descalabro, mas há quem tenha ficado enfadado, há quem seja moderadamente simpático, e há quem embarque na apoteose completa. David D’Arcy, no Screen International, não vai de modas. É logo o melhor filme de Allen da última década.
“Writing a New York story and shooting at home has given Allen a sureness to his voice. The dialogue here has a familiar ring yet a crackling freshness … Whatever Works transcends Allen formulas thanks to David, who is taller, balder and more foul-mouthed than the usual types Allen himself has played. Spitting out his lines, David finds a deeper nastiness here than the everyday bile of his character on the autobiographical Curb Your Enthusiasm. Allen does wonders with a character who isn’t seeking to be loved”.
Na crítica de D’Arcy há ainda espaço para uma comparação entre Evan Rachel-Wood e Mariel Hemingway, em Manhattan. O Hollywood Reporter é mais comedido na sua apreciação, mas não deixa de colocar a hipóteses de as actrizes levarem a obra à temporada de prémios.
“While this comedy starring Larry David doesn’t break any new ground for its creator in either style or content, it features enough genuine laughs to give it decent commercial traction … The film does, however, serve as an excellent vehicle for both Wood, utterly charming here, and Clarkson, displaying her considerable comic talents. Both actresses, like so many others from Allen’s previous films, may well wind up garnering significant attention come the next awards season”.
Ronnie Scheid, na Variety, tem, por sua vez, talvez o menos amável dos apreços, afirmando que o filme se perde por vezes, e parece forçado.
“Though stuffed with witty one-liners and wondrously convoluted tirades, this far-fetched, deliberately artificial game of musical chairs -- in which mismatched characters encircle, attract and repel each other -- feels forced, often losing itself in excess verbiage. Still, the David/Allen hybrid makes for a fascinating beast, of interest to acolytes of both comedians, if a far cry from Vicky Cristina Barcelona whose B.O. haul is unlikely to be matched by this June 19 Sony Classics release”.
Resumindo e baralhando, continua tudo em águas de bacalhau. Parece que, tirando os desempenhos das duas actrizes, o filme não arrebata em toda a linha, e muito depende da receptividade do espectador. Por sua conta e risco. Aqui fica um novo clip do filme.
Bruno Ramos
Etiquetas: Evan Rachel Wood, Larry David, Whatever Works, Woody Allen
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home