Melhor Realizadora.

Sempre que nos lançamos no acompanhamento de um novo ano cinematográfico, fazemo-lo com o mesmo deslumbramento de sempre. Aquele olhar esbugalhado, ar apalermado, e um esfregar de mãos como que a dizer, este ano é que vai ser. Dito assim, mais parece um comportamento maníaco. Quando a cerimónia dos Oscars chega e atingimos o derradeiro cumo de um clímax que, não poucas vezes, chega a ter tanto de tântrico como desolador, tendemos imediatamente a espreitar o que está para vir, na esperança de que o ano à nossa frente seja ainda melhor. No fundo, nunca estamos satisfeitos. E, porque os filmes jamais deixarão de ser o açúcar que nos corre no sangue, 2009 não está a ser excepção. Muitos serão certamente os motivos de interesse nos próximos meses. A partir deste fim-de-semana, será sempre a aviar. Quer a temporada balnear, quer a dos blockbusters estão oficialmente abertas. Os primeiros sérios candidatos às categorias técnicas começam a apresentar-se – Star Trek deu um ar da sua graça e não é de desprezar –, e começa a estender-se a passadeira vermelha para os festivais pós-Verão que têm por hábito trazer os primeiros favoritos às principais categorias. Não nos esqueçamos que Cannes também já fez a sua triagem. Para já, um dos pontos que têm suscitado maiores meditações prende-se com a aparente frente de ataque feminina na categoria de Melhor Realizador(a). Convenhamos, a ofensiva não é para brincadeiras. Ao digerir o festival de Cannes na sua dissertação desta semana no IndieWIRE, Peter Knegt avança três fortes hipóteses para a próxima temporada de prémios. No topo da lista, Bright Star, de Jane Campion. Para Knegt, o próximo de Campion vem já com o rótulo de candidato a candidato, e o mais certo é cair no goto da Academia de Hollywood. É verdade que o filme saiu da Croisette de mãos a abanar. Contudo, dezasseis anos depois de O Piano, o mundo está mais do que preparado para trazer Campion de volta às luzes da ribalta. Lone Scherfig, realizadora de Un Education, é a senhora que se segue. O indie que apaixonou Sundance no inicio do ano e catapultou Carey Mulligan para outra liga, pode valer a Scherfig alguns troféus enquanto realizadora, lá mais para o final do ano. O filme parece ser pequeno demais para esta categoria, no entanto, num post que se quer optimista, deixemos, por agora, esse pormenor de lado. Por último, Knegt relembra-nos ainda que Kathryn Bigelow é um nome a ter em conta. Pelo menos, por enquanto. Talvez este seja o mais arriscado tiro no escuro dos três, contudo, se The Hurt Locker se portar tão bem juntos dos mais conservadores membros da Academia, como tem feito nos círculos por onde tem passado, a recompensa pode vir a ter algo de dourado. Porém, quiçá embalado pelo trabalho de Knegt, Guy Lodge do InContention alerta-nos ainda para um título sem qualquer visionamento registado até ao momento, mas que, pela gente envolvida, deve entrar nestas contas iniciais. Acrescente-se, assim, uma quarta realizadora a esta tripleta. Mira Nair, por Amelia. No final, o que se nos apraz dizer é que está mais do que na hora desta categoria deixar de ser uma pedra no sapato na História da Academia. Três nomeações em 81 edições? Vamos lá a equilibrar isto, meus senhores... e minhas senhoras.
Bruno Ramos
Etiquetas: Amelia, Bright Star, Carey Mulligan, Jane Campion, Kathryn Bigelow, Mira Nair, The Hurt Locker, Un Education
1 Comments:
Só digo: finalmente!
E está para vir mais :)
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