Deuxieme


sexta-feira, julho 24, 2009

A magia de Potter.

Vamos pôr as coisas em pratos limpos. Harry Potter e o Príncipe Misterioso só não é o melhor sexto filme de uma saga porque existe Rocky Balboa. Não fosse esse portento de Sylvester Stallone, e entraríamos de rompante nesta critica com a atribuição dessa faixa de campeão à obra de David Yates. No entanto, dizer que este é capaz de ser o segundo melhor sexto filme de sempre já não é nada mau. O filme de Yates é daqueles que dá vontade de procriar dia e noite, só para os levar tantos miúdos quanto possível ao Cinema a ver uma coisa destas. Porque é deste tipo de títulos que se constroem as boas memórias de infância. Vê-lo aos vinte, trinta, quarenta ou cinquenta não tem qualquer problema. Contudo, o encanto não será o mesmo. Sempre que subo um lanço de escadas penso como seria bom voltar atrás uns anos, quando subir era ainda mais fácil do que descer. Creio que Harry Potter e o Príncipe Misterioso terá sido o primeiro filme a provocar desejo semelhante. Até certo ponto, perdoem o possível desvario, as emoções originadas pelo mais recente capitulo da saga potteriana tiveram alguma ressonância com reacções provocadas por The Goonies, há duas décadas. Sim, a comparação está feita. Agora, apesar de a criança dentro de nós não nos abandonar, a verdade é que ela vai vendo muita coisa ao longo dos anos, e o efeito acaba por ser abafado por experiências prévias. Daí que a expressão seja memórias de infância, e não memórias de tudo e mais alguma coisa.

Ainda assim, que belo filme, senhoras e senhores. De longe, um dos melhores do ano. E, a confirmar uma das mais velhas máximas, as expectativas vinham bem lá em baixo, mesmo a rasar o chão. A segurança de Yates passa e de que maneira para todos os intervenientes, sobretudo para o trio de protagonistas. Só um misto de casting milagroso com uma sábia direcção de actores explica que três miúdos seleccionados há oito anos sejam capazes de interpretar na perfeição as personagens. Até parecem que sempre estiveram destinados a ser actores. A selecção de Yates, de que partes relatar e que partes deixar de lado, revelou-se também favorável ao desenrolar da película. Se o objectivo era traçar um ambiente medianamente sombrio, deixando espaço para um humor sóbrio de mãos dadas com o romance juvenil, então, a prova foi mais do que superada. Os apologistas da aventura poderão ver as suas expectativas defraudadas, sobretudo devido à omissão de um flashback com Dumbledore e Voldemort que teria trazido um pouco mais de suspense ao filme. A direcção artística da equipa às ordens de Andrew Ackland-Snow transporta-nos novamente para um universo credível em todos os cenários. Pode ser que à sexta seja de vez e Ackland-Snow não se fique pela nomeação aos prémios do Art Directors Guild. Já a fotografia de Bruno Delbonnel, é de ir às lágrimas. No bom sentido. Com duas nomeações aos Oscar, o francês poderá começar a planear uma terceira viagem em Los Angeles em Março do próximo ano. Resumindo e baralhando, até agora, a melhor surpresa do ano.

Bruno Ramos

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10 Comments:

Anonymous Pedro Alves said...

Tenho que dar aqui a minha opinião. Discordo completamente. O filme foi pessimamente estruturado. A narrativa foi lamentável. Yates não escolheu bem o que deixar de parte e o que manter: antes pelo contrário. Então o Snape foi completamente secundarizado, quando é ele que dá o título ao filme e que se revela de máxima importância para o enredo... Deu excessivo foco aos amores e desencontros românticos e tremeu por completo na distribuição dos vários assuntos que tomam conta do filme. A desilusão do ano, isso sim...
Antes isto:
http://fastbutnotfood.blogspot.com/2009/07/harry-potter-and-half-blood-prince.html

24 de julho de 2009 às 18:50  
Anonymous Anónimo said...

Estava bastante curiosa para ler qual a opinião da deuxieme sobre o último Harry Potter...Mas tenho que dizer que penso que o filme não está tão brilhante como é descrito. É verdade que está melhor que os outros. Concordo com a fotografia maravilhosa. Mas a narrativa/adaptação teve bons, maus e péssimos momentos. As últimas cenas deixam muito a desejar...é preciso perceber que o filme (tal como o livro) tem que provocar na audiência o horror, o pânico e o choque quando Dumbledore morre, mas pior é morto...pelo Snape! Isso não acontece, ficamos apenas com pena. Sempre imaginei que o funeral do Dumbledore seria um momento alto da adaptação. Eliminaram a cena..muito bem, podia ser lamechas demais, mas não acabem o filme com o Potter a dizer que nunca tinha percebido que o campo à volta da escola era lindissimo (isto também é lamechas demais). Enfim...

24 de julho de 2009 às 19:26  
Blogger Miguel Ferreira said...

Não fiquei assim tão rendido a este sexto tomo. Falta mistério. Falta aventura. Porém o que eu achei extraordinário foi a escolha clara de um rumo, coisa que não tinha acontecido até aqui. O filme centra-se nos 3 protagonistas, nas suas vidas, nas suas angustias e nos seus amores, ponto final. Fica muito por contar - e quem não leu os livros não apanha grande parte da história - mas há uma certa segurança de quem inícia e acaba uma história. A juntar a isto uma fotografia fabulosa. Com retoques de mestre mesmo. No fim ficamos com aquela certeza de que para ganhar umas coisas tivemos de abdicar doutras.

24 de julho de 2009 às 20:17  
Blogger rita, a fine young girl who keeps spinning around said...

Como todos até agora, discordo da opinião. Especialmente com o que Pedro Alves diz. Eu, que sempre que vinha o novo filme de Harry Potter saia aos sorrisos da sala de cinema, fiquei desiludida pela primeira vez em relação a Harry Potter.

24 de julho de 2009 às 20:33  
Blogger parafina falsificada said...

Não tenho dúvidas nenhumas que em termos cinematográficos, este filme esteja brilhante. Porque está. Mas em termos de narração da história... eu nem quero imaginar o que é que as pessoas que somente vêem os filmes ficaram a pensar. Eu, como leitora desde os meus 12 anos de Harry Potter, senti-me confusa. E possessa da vida. Nunca me tinha chateado terem tirado coisas que estão nos livros, dos filmes anteriores, mas neste... fiquei lixada, perdoem-me o francês! Tiraram tanta coisa, tiraram a emoção da parte final do livro (ainda me lembro de estar a ler o HBP em inglês e de ter ficado tão chocada quando li que o Snape tinha morto o Dumbledore...). E o funeral? E... tanta coisa?! Para quê?! Para porem uma cena de um ataque à Toca (casa dos Weasley) que nada de novo traz para a história? Que nem sequer estava no livro?
Continuo a dizer, a única coisa boa deste filme foi o Draco Malfoy (brilhantemente interpretado pelo Tom Felton) e a comédia (essa bem conseguida). No entanto, este filme deveria ser muito 'dark' e não tão para rir. Tinha ficado com uma boa impressão do David Yates com a Ordem da Fénix (o melhor filme até agora, na minha opinião), mas agora com o que ele fez ao HBP... até estou com medo de ver o Deathly Hallows parte I e II...

24 de julho de 2009 às 20:34  
Anonymous Daniel Ferreira said...

Bem... alinho com a grande maioria das opiniões.
Do ponto visual o filme ficou a ganhar muito, contudo continuo a insistir que o melhor seria voltar à essência e deixar aperfeiçoamentos para depois.

O que eu quero dizer é mais ou menos isto. Se o livro da JKR é um tesouro no seu estado puro, para que inventar e andar a pintá-lo e maquilhá-lo e poli-lo, etc...?

É que por muito que discorde de partes do filme o pior mesmo é que a essência não está lá.

A narrativa está muito muito má... e é pena porque Yates já tinha provado ser capaz de fazer um bom trabalho no título anterior... esse sim!!!...

Ficamos à espera de claras melhorias para os próximos dois filmes...

24 de julho de 2009 às 22:33  
Blogger rui said...

Lamento, mas a minha opinião tambem vai de encontro ao que por aqui se tem dito - o filme acaba por ser uma desilusão.
Na minha opiniao, contudo, a desilusao vem, sobretudo, com a parte do filme que deveria ficar na memória de todos, mesmo após a saída da sala de cinema - o final.
Este filme, tal como o livro, é uma preparação para o que ainda vem. Daí que se compreenda um ritmo mais lento e um enfoque em certos aspectos da história.
Até chegar ao fim o filme foi dos mais fiéis ao livro de JKR - exceptuando, obviamente, o ataque à Toca, absolutamente dispensável. Quanto à omissão das histórias de alguns Horcruxes, podem ser contadas em flashbacks no último capítulo da saga, dividido em dois. Também o funeral de Dumbledore pode ser um bom início para o sétimo filme, pelo que não me choca tanto que não tenha aparecido neste.
O que me desiludiu foi o final, que não tem climax porque não tem a batalha que existia no livro e porque, como foi dito, o papel de Snape devia ter sido mais acentuado, já que até tem direito a figurar no título.

Espero conseguir resumir, brevemente, alguns pontos sobre o último filme vs o livro, para quem gosta de Harry Potter, em http://www.ruiredcarpet.blogspot.com/.

26 de julho de 2009 às 00:57  
Anonymous César said...

Pois bem, eu tenho vivido numa determinada ambivalencia em relaçao ao filme desde que o vi. Nao posso dizer que seja um mau filme, mas falta-lhe alguma coisa... talvez aquilo que Lorca define como "duende". Por um lado parece-me que a narrativa está muito bem organizada, acompanhada de uma excelente fotografia e direcçao artistica e uma fantastica direcçao de actores - eu atrevo-me até a dizer que aquele que me desapomtou mais foi o próprio Daniel Radcliff... aplaudo a excelencia de Jim Broadbent (fantastico acerto de casting) e de Michael Gambon. Sentimos a falta de Ralph Fiennes e do interessante Voldemort. Agora, ainda que estes aspectos façam brilhar o filme, sentimos um crescendo da tensao à medida que avançava o filme na expectativa de um final monumental ao mesmo tempo que terrível. O resultado: ficou-se a meio caminho... a entrata dos seguidores de Voldemort foi tudo menos espectacular e, ainda que, a cena da morte de Dumbledore esteja muito bem desenhada, nao foi nem de longe o que esperavamos... tal como diz Frued, se a estimulaçao é muita e é interrompida antes do climax, pois ficamos com uma sensaçao de mal-estar... e foi isso que aconteceu... as elevadas expectativas que levava para o cinema caíram por chao à medida que nos aproximávamos do fim... enfim... também creio que este é um daqueles momentos necessários de transiçao, e de alguma maneira posso desculpar isto porque me parece o momento em que se explica o que temos que saber (os que nao lemos os livros) para compreender como deve de ser o que está para vir. Esperemos que "Harry Potter e as Relíquias da Morte" sejam muito mais apetitosos e que nos levem a onde este nao nos conseguiu levar.

26 de julho de 2009 às 09:14  
Blogger Brown-eyed Girl said...

Até que enfim que alguém partilha da minha opinião!!
Gostei imenso do filme, mas depois de ler tanta crítica negativa, confesso que já começava a duvidar das minhas capacidades de avaliação!

27 de julho de 2009 às 09:20  
Anonymous M said...

Eu também gostei muito do filme, e estava bastante céptica quanto às capacidades do David Yates. Suponho que, uma vez que não temos o Del Toro, ele pode fazer um bom trabalho com os dois próximos filmes.

E mais uma vez: isto é um filme, gente! Eu sou uma enorme fã do Harry Potter, mas isto é uma adaptação de material literário a material cinematográfico, o que são coisas muito distintas e difíceis de conciliar. Acho que não é muito saudável continuar com as infinitas comparações entre livro e filme, o que está num e o que entra noutro.

29 de julho de 2009 às 00:18  

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