Em Veneza, sê cinéfilo.
Diz-se por aí ao desbarato que as gentes de Veneza têm o rei na barriga. Mal fora. Se Jesus Cristo caminhou sobre a água, eles vivem em cima dela. Nestas condições, o quero, posso e mando torna-se tão natural como a sua e a nossa sede. Uma das primeiras noções aritméticas que nos é transmitida, aquando do ensinamento das diferentes operações, é que poucas são as coisas verdadeiramente iguais. E, diz quem já passou por lá, que não existe mesmo nada por aí que se assemelhe ao Éden de Gustav von Aschenbach. Mais. Que o molde se perdeu numa noite de maré cheia, que na corrente trouxe o alla carbonara como moeda de troca. Junte-se a tudo isto a existência do mais antigo Festival de Cinema, e nada nos resta senão aceitar que esta malta só pode ter motivos para se orgulhar de ser anfíbia e cinéfila por natureza.
Nos anos mais recentes, o Lido foi hipocentro do buzz de diversas obras. Tal como Cannes, Sundance, Toronto ou Berlim, Veneza pode ser o Extreme Makeover – referência do catano – de qualquer película. À hora a que este post é confeccionado, já diversas reacções a The Road (John Hillcoat) ou Life During Wartime (Todd Solondz) podem ser encontradas por essa net fora, à vista desarmada. As últimas edições serviram para catapultar The Queen, Brokeback Mountain, Atonement ou The Wrestler. Veremos o que os próximos dias nos reservam e se alguém toma a dianteira. Para já, The Road convence sem deslumbrar, e Life During Wartime surpreende mesmo tratando-se de um Solondz. Por aqui, continuamos tranquilamente a roer as unhas, à espera das exibições de Mr. Nobody (Jaco van Dormael) e A Single Man (Tom Ford). O novo de Michael Moore também chama por nós, e os primeiros textos deixam antever maravilhas. Já a seguir falaremos de um que deixou toda a gente no ar.
Bruno Ramos
Etiquetas: A Single Man, Life During Wartime, Michael Moore, Mr. Nobody, The Road
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home