Deuxieme


terça-feira, janeiro 08, 2008

Quase tudo o que um filme deve ser.

Gosto deste tipo de filmes. Daqueles que nos fazem sair da sala de cinema com um sorriso nos lábios mas que, a caminho de casa, nos levam a pensar Espera lá, aquela parte se calhar não era para rir, aquele era um assunto sério. A forma subliminar como Mike Nichols nos conduz através de Jogos de Poder, é qualquer coisa absolutamente assombrosa. Reconheço não precisar dum twist ao nível de Os Suspeitos do Costume para me sentir um autêntico fantoche nas mãos de um cineasta. Aquilo que acontece em Jogos de Poder serve perfeitamente.

E, o que acontece na obra de Mike Nichols? Bom, tendo em conta que o filme tem hora e meia, muita coisa. O filme começa com aquele lugar comum do homem agraciado com um qualquer prémio, com a câmara a dirigir-se para um grande plano, como que a dizer ao espectador, Vamos lá a visitar o passado. Ora, esta não é a maneira mais entusiasta de se entrar num filme. Por esta altura, quem já viu mais de meia dúzia de películas, estará a pensar Bolas, mais um tearjerker e eu deixei os lenços em casa.

Aquilo que devemos manter sempre presente ao ver este filme é que este é um título de Mike Nichols. Não de Tom Hanks, não de Julia Roberts, não de Philip Seymour Hoffman, nem de Aaron Sorkin (que, a propósito, escreveu um belíssimo argumento). Isto é Mike Nichols, do princípio ao fim. E, o homem aproveitou a fita que lhe deram para se divertir à brava. Assim que se dá o fade out na cena em que viajamos no tempo, percebemos que este filme pertence a uma outra liga.

Aqui, fala-se a sério a brincar. Tratam-se de assuntos do mundo dos adultos, com discursos de iletrados. Dizem-se verdades, partindo do principio que todos estão a mentir. Sem rodeios, até porque receio perder-me em elogios sem nunca descrever verdadeiramente o filme, esta é a história de um homem que derruba o Comunismo com um copo de Whisky numa mão e cinco mulheres a beijarem-lhe a outra. Charlie Wilson (um Tom Hanks que nos faz esquecer alguém que vestiu a sua pele em O Código Da Vinci), é, aparentemente, o homem com menos princípios e valores à face da Terra. No entanto, imprevistos ditam que se confronte com a invasão da Rússia no Afeganistão. Aí, percebemos que, por detrás daqueles óculos à anos oitenta, esconde-se um homem da ética, da moral, e dos direitos humanos. É nessa altura que entra em jogo Joanne Herring (Julia Roberts no seu melhor papel desde Erin Brokovich), a sexta mulher mais rica do estado do Texas, e que vê na Religião a solução para os problemas nos Oriente, e Gust Avrakotos (um Seymour Hoffman que vale cada cêntimo do bilhete), a personagem que complementa na perfeição a de Charlie Wilson.

Os três juntos partem para a resolução do conflito armado no Afeganistão. O único ponto de vista em comum é o de que a guerra não leva a lado nenhum. Fora isso, é cada um por si. Nichols retrata a divergência entre os povos de forma magistral, e satiriza com uma sofisticação arrepiante os pântanos em que se movem os líderes do mundo actual.

A cereja no topo do bolo será mesmo a ausência de qualquer tomada de posição, por parte de Jogos de Poder. Algumas criticas ao filme, que caracterizam a obra de Nichols como sendo mais do mesmo, e aquilo a que Hollywood já nos habituou ao longo dos tempos, sobre o anti-americanismo, já foram lidas. No entanto, também as há que defendem estarmos perante o típico filme que enaltece o espírito heróico dos americanos. A meu ver, aqui, não temos nem uma coisa, nem outra. Melhor, temos as duas. E, ao sairmos da sala, cada um optará pela sua perspectiva. Um pouco como a esquerda e a direita. Agora, para rir um bom bocado, e para reflectir outro tanto, Jogos de Poder é o filme a escolher.

Ainda a procissão vai no adro, é certo, contudo, estamos na primeira semana do ano e parece que já só restam nove filmes para a lista dos melhores de 2008. Por falar nisso, brevemente teremos novidades no Deuxieme quanto à lista dos melhores de 2007, essa tradição que se pretende manter. Em breve.

Alvy Singer

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domingo, dezembro 23, 2007

O desejado regresso de Mike Nichols.

Jogos de Poder estreia no primeiro fim-de-semana do ano. Se o filme corresponder às expectativas, visto lá de fora continuarem a chegar boas indicações (cinco nomeações para os Globos de Ouro, 82% no Rotten Tomatoes, por aí fora), podemos estar prestes a entrar com o pé direito em 2008. Aliás, nesse fim-de-semana, se nenhum filme cair entretanto, teremos nove portas abertas para tentar entrar em 2008 da melhor maneira. Jogos de Poder parece ser uma hipótese bastante razoável. Neste, pelo menos, Tom Hanks deve ter-se consultado junto do barbeiro do estúdio. De modo a abrir o apetite, aqui ficam oito minutos da obra de Mike Nichols no Yahoo.

(Só para confirmar que a escolha de uma fotografia com Tom Hanks e Amy Adams não foi casual).

Alvy Singer

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