Deuxieme


sábado, agosto 18, 2007

Não há nada como um bom filme.

Para que não restem dúvidas sobre este ponto, Ratatouille é algo de divinal. O filme, arrebatador em praticamente todas as frentes, é uma combinação irrepreensível de diversos factores, que resulta em algo como há muito não víamos. Desde já poderemos dizer que esta é uma daquelas obras que dificilmente verá o seu brilho ser reproduzido com a exactidão necessária por intermédio de palavras. Para ficarmos realmente conhecedores do alcance e profundidade desta obra, não nos podemos ficar pela leitura de uma mera critica. Nem tão pouco pela leitura da opinião de alguém que tem como um dos seus maiores passatempos ver filmes, e depois escrever sobre eles num blog. Este é um tesouro que urge descobrir e destapar, de modo a que a maioria o possa ver em todo o seu esplendor. Para não ir mais longe, é através de filmes como este que vamos enriquecendo a nossa “carta” cinematográfica.

O plot de Ratatouille é sobejamente conhecido: um simples rato que alimenta o impraticável sonho de se tornar cozinheiro, melhor, um chef, e poder assim explorar novos sabores e paladares. Bolas, dito assim até arrepia. Haverá imagem mais inquietante do que um rato a confeccionar uma sopa? Depois de vermos Remy a fazer isto mesmo, a resposta tem de ser positiva. Remy é a ternura em rato. A história acaba por seguir, em muitos aspectos, a típica orientação dos relatos daqueles que vivem grande parte da sua vida a lutar contra adversidades a cada esquina. É verdade que, em traços largos, Ratatouille é isso mesmo: o combater das dificuldades. Mas, isso é só em traços largos. Porque, nos seus pormenores, este filme destaca-se de tudo aquilo a que possa ser associado.

Honra seja feita a Brad Bird, o homem que nasceu para isto nos Simpsons, e que já nos deu, no passado, pérolas como Os Incríveis e, o já filme de culto, O Gigante de Ferro, volta a assinar com este título uma obra inovadora e, ao mesmo tempo, tocante. Podemos mesmo dizer que esta é a evolução ideal de um cineasta. As reconhecidas qualidades e atributos de Brad Bird encontram, talvez neste filme, o seu expoente máximo, conseguindo o filme apresentar um equilíbrio harmonioso entre os mais diversos factores, como a construção simples da narrativa e os efeitos técnicos e especiais ou a soberba banda-sonora e as reviravoltas no argumento.

Costumo recordar frequentemente uma crítica de Million Dollar Baby, onde se avançava com uma profunda convicção que, de cada vez que a porta daquele ginásio se abria, era como se embarcássemos numa pequena viagem pelo cinema, e por aquilo que ele tem de melhor. Que me perdoe este critico pois, hoje, de uma forma tão desavergonhada, usurpo-lhe esta ideia. No entanto, creio que não existirá melhor forma de transmitir a presença deste mesmo sentimento em Ratatouille, senão dizendo que, de cada vez que a porta daquela cozinha se abre, é como se embarcássemos numa pequena viagem pelo cinema, e por aquilo que ele tem de melhor. Sim, porque, apesar de este ser um filme com raízes bem estabelecidas na animação, esta obra extravasa engenho e arte. As limitações do género são algo que não existe. Aquilo que Bird constrói a cada frame é um filme universal, que não conhece fronteiras quando se dirige ao público sentado na cadeira. Este é um daqueles filmes para todos nós. Sem excepção. E, essa é a característica por excelência dos grandes clássicos. Garanto, sem qualquer peso na consciência, que utilizaria o adjectivo clássico para me referir a este filme. Utilizaria não, utilizo! Ratatouille é já um clássico. Acredito piamente que as gerações futuras falarão deste filme como falamos hoje, por exemplo, de Bambi.

Com a breca, quase que apetece dizer que o filme tem um defeito, mesmo quando não o estamos a ver. Nada melhor do que um filme sobre sonhos impossíveis, para nos pôr a sonhar. Contudo, fica aqui o aviso: o sonho começa depois das palavras The End. Antes disso, aquilo é bem real. Parecendo que não, é possível fazer um filme tão bom quanto este, um filme que enche o coração.

Como última nota direi apenas que este texto foi escrito a ouvir, repetidamente, Le Festin, uma canção escrita pelo músico Michael Giacchino e interpretada pela cantora francesa Camille. Depois do filme, apaixonemo-nos pela música.

Alvy Singer

11 Comments:

Blogger André said...

Realmente é um filme soberbo. Ontem desloquei-me ao cinema para o ver na sessão das 9h e já estava esgotado. Lá tive que ir à sessão da meia noite e para minha surpresa a sala estava esgotada, sem uma única criança, e foi possível observar pelas reacções ao filme que estava toda a gente rendida à animação de enorme qualidade e ao pequeno Rémy.

18 de agosto de 2007 às 12:09  
Anonymous Anónimo said...

Estes tipos da Pixar não brincam mesmo em serviço. 5 estrelas! Para já, o melhor filme do ano. Enough said.

18 de agosto de 2007 às 13:11  
Anonymous Anónimo said...

Um filme soberbo....e um texto soberbo! Boa Alvy Singer!!!!!

18 de agosto de 2007 às 15:26  
Anonymous Anónimo said...

Apre, estava decidido a espererar pelo Dvd mas depois desta critica a juntar á critica do Markl no seu estaminé... não há volta a dar-lhe, vou mesmo ver no grande ecran.

18 de agosto de 2007 às 15:40  
Blogger Alvy Singer said...

Este é de facto um filme soberbo, Grande Chefe. Obrigado pelas palavras elogiosas.

Paradiso, este vale mesmo a pena ir ver ao cinema. Pelo menos uma vez.

18 de agosto de 2007 às 18:06  
Blogger Unknown said...

Este já estava a pensar ir vê-lo amanhã. Ainda não li o texto para que não vá já com uma ideia formada do que esperar, mas depois irei lê-lo com certeza :)

18 de agosto de 2007 às 18:51  
Blogger Sara said...

Exageros à parte, foi a primeira vez que saí de um cinema a pensar: "Afinal, AINDA se fazem animações como antigamente!".

(não desfazendo The Corpse Bride e The Incredibles... Mas Ratatouille é... indescritível!)

18 de agosto de 2007 às 23:09  
Blogger Menphis said...

bateram-se palmas na sessão onde fui ver este filme..já não ouvia a baterem palmas à anos.

20 de agosto de 2007 às 09:48  
Blogger Catherinne Duarte said...

Bem eu adorava de ir ver o filme mas gosto de ver os filmes de animação em versão original... e por aqui pelas minhas bandas não encontro. Já agora ouvi dizer que tinha uma curta metragem no ínicio do filme (como no Cars) é verdade?

21 de agosto de 2007 às 02:23  
Blogger Unknown said...

Hoje vi o filme... fui vê-lo não porque estivesse a morrer de ansiedade mas porque era praticamente unânime que todos gostavam do filme, e pela parte que me toca, unanime continuará a ser! Mas que belo filme! Divertido, boa história, um grafismo soberbo e uma dedicação notável em criar um filme não só para crianças mas para todos. Um filme que é tocante!

Espectacular mesmo!

Cath

A curta metragem que fala é esta:

Lifted

Ha ja uns tempos decidi ver várias animações da Pixar e já tinha visto essa. Mas vê-la no cinema com todos os espectadores a rir é sempre outra coisa :)

21 de agosto de 2007 às 04:39  
Anonymous Anónimo said...

Não tenho muito o hábito de ver filmes de animação no cinema, mas depois desta aliciante troca de palavras que por aqui correm, lá tenho mais um filme a juntar à lista para ir ver on big screen...

21 de agosto de 2007 às 16:06  

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