Deuxieme


sexta-feira, dezembro 12, 2008

Da problemática da capa à controvérsia de alguns indícios proféticos.

Esta semana, por entre complicações na ordem do deslocamento rodoviário, depois de o carro ter decidido por conta própria que já não valia a pena andar mais, e deixar este que se assina apeado na zona de Coimbra, a caminho de Lisboa, sozinho, debaixo duma enorme chuvada, e outras tantas azáfamas do foro informático, após uns quantos trojans terem achado por bem visitar este pobre coitado pc que, de tão benevolente, recusa-se a fechar a porta a qualquer bom vírus que se preze, tem sido com alguma prudência que visito este espaço para ler os comentários do post agora abaixo deste.

Estes últimos dias serviram, não só, para concluir os artigos respeitantes ao próximo número da revista (facto que, aliado aos incómodos visitantes do computador, ajuda a explicar a ausência de textos neste recanto da blogosfera), como também para verificar a forma como 65 pessoas – and counting – reagiram à infelicidade da publicação não ter chegado a tempo às bancas. Pela manifesta ignorância quanto aos problemas que envolvem a questão das assinaturas, deixarei de lado esse delicado assunto, esperando apenas que se resolva da melhor maneira, quer para os assinantes como para a revista. Contudo, quanto à chegada da Premiere às bancas, e recentes temáticas abordadas no espaço de comentários reservado ao último post, deixemos aqui algumas palavras, na esperança de que estas conduzam a alguma reflexão. Caso contrário, poderão sempre copiar o texto para um documento Word, imprimi-lo, e dar à folha de papel o uso que melhor vos aprouver.

Antes de mais, gostaria de sublinhar o facto de redigir estas linhas, não na qualidade de colaborador, mas enquanto consumidor e leitor assíduo da revista. O José Vieira Mendes tomou a liberdade de revelar a identidade daquele tipo que, a dada altura, começou a colocar posts no blog da Premiere a torto e a direito, e que dava pelo nome de Alvy Singer, naquela carta aberta de má memória, redigida há mais de um ano. Nesse dia, Alvy e Bruno Ramos passaram a ser uma e a mesma pessoa. Um ano depois, a identidade de ambos carece ainda de definição. Contudo, algo têm em comum. Os dois são leitores da revista. Como muito boa gente espalhada por esse país fora, a partir do dia 01 de cada mês – quando não é antes –, dirigem-se à papelaria do costume na ânsia de encontrar a publicação que se habituaram a ler ao longo dos anos. Porque, acima de tudo, gostam daquele ritual pateta de trazer para casa a revista enrolada na mão, sem saber o que vem lá dentro. O prazer de já termos o doce à mercê, misturado com a soberania de fazermos dele o que bem entendermos. Como aqueles que iam visitando este espaço ao longo da semana, também eles acordavam na expectativa de que a revista já tivesse saído. Ontem, felizmente, a papelaria da praxe já estava munida do objecto mais desejado. Porém, não foi fácil descortiná-lo. Como sempre acontece às quintas-feiras, quando já não falta muito para o sorteio do euro-milhões, a fila na caixa era enorme. Depois de terem passado os olhos com o redobro do cuidado pelas prateleiras, sobretudo na secção dedicada às artes, constataram que a Premiere ainda não estava lá. Mas, caramba, de manhã, já o Pedro Almeida tinha dito que a revista tinha saído. Voltaram a percorrer as prateleiras, desta feita até à parte das publicações cor-de-rosa. Nada. Cabisbaixos, e já preparados para abandonar a papelaria, olharam para a revista que uma rapariga tinha na mão e se preparava para pagar. E, não é que a Nicole Kidman estava na capa? Lá foram para o fim da fila, agora ainda maior, para ver se, afinal, a papelaria tinha ou não a Premiere. Nunca mais chegava a vez deles. Quando chegou, uma eternidade depois, pediram a revista. A lojista riu-se. Ao fundo da sala, um enorme cesto ainda envolto em plástico guardava as relíquias. Onze dias depois, deitaram-lhe as mãos.

Agora, ao invés dos presságios, negros como o céu de Mordor, e das futurologias minuciosas, bem ao estilo dos Pre-Cogs de Relatório Minoritário (Steven Spielberg, 2002), que inundaram este espaço, a terem deixado um comentário, o deles teria sido bem diferente. Porque, lá está, o copo tem a água que tem. E, ou olhamos para ele quase a transbordar, ou entornado. Ao contário do muitos poderão pensar, a ausência da Premiere foi algo bastante benéfico. Por uma série de razões. A saber, a primeira, para ficarmos a saber realmente a falta que nos faz, se é que faz alguma. Para a relação ser saudável, não convém ter sempre o mesmo retorno. Surpresas exigem-se. Esperas são obrigatórias. Há que ter saudades. Nas palavras de Pessoa, ‘Quanto amei ou deixei de amar é a mesma saudade em mim’. E, a saudade serve para isso mesmo. Ver até onde vai o nosso apego. Assim, todos ficámos um pouco mais elucidados. A segunda razão, tem que ver com a dualidade Yin Yang da coisa. Se a revista demorou a chegar num mês, é porque o próximo já não está tão longe. Entre o atraso de Dezembro, e o primeiro número de 2009, parecerá que a Premiere é uma publicação quinzenal. Terceira, e última razão, os dois euros e meio que não foram aplicados no inicio do mês, certamente terão servido para uma meia de leite e uma meia torrada (em tempo de crise, tudo o que não for meia é demasiado), que, de outra forma, se calhar tinham dado lugar à dieta flexível.

Ao mesmo tempo, jamais teriam partido para contagens triviais, ainda para mais, com tão magros resultados, predicados do desporto que por cá se pratica. Daí que não entrem em enumerações do género sobre comentários a posts neste espaço, uma vez que a grande maioria se pauta por zero. No entanto, poderiam trazer à luz os seguintes dados. Regresso da Premiere: 60 comentários. Chegada da primeira Premiere às bancas: 62 comentários. A Premiere fica uma semana sem aparecer: 65 comentários. Este sim, é um jogo engraçado.

Por fim, o labiríntico enigma que é a capa da revista. Tema recorrente. Sobre ele, gostam de pensar que quem acha que o grafismo deixa muito a desejar, e tão afincadamente se queixa sobre este ponto, fá-lo por considerar que este não está ao nível do restante trabalho. E, nessa perspectiva, é muito reconfortante pensar que, em quase 100 páginas de revista, só há uma que falha verdadeiramente. Agora, a errar, que seja na capa. Assim, sempre podemos dizer que as aparências iludem. Se algum dia, algum dos fiéis leitores ouvir um transeunte queixar-se da apresentação da Premiere, não hesite. Deixe o aviso, Não se preocupe, lá dentro não é tão má. Mais uma vez, enquanto leitor da revista, já tinha trazido este senhor para a capa, como a Time fez em 1972.

Mas, caraças, isso sou eu. Deixemo-nos disso, e falemos sobre Cinema. O próximo post vem já a seguir.

Alvy Singer

14 Comments:

Blogger Rafael Fernandes said...

Nem mais! A revista já cá canta, e isso é que importa! Quanto à capa, se perguntássemos a cada um, teríamos centenas de capas diferentes. Pessoalmente gostava mais de capas dedicadas a filmes do que a actores (A capa do livro Watchmen dava uma capa genial), mas sendo actores obviamente que também faria a minha escolha, mas o que importa? Já foi falado anteriormente que como qualquer revista a capa tem de ser apelativa para vender, e não para nós, cinéfilos e eternos compradores mas para os outros que entram numa papelaria em busca de qualquer coisa que lhes chame a atenção. Cumprimentos e bom trabalho.

12 de dezembro de 2008 às 16:49  
Anonymous Anónimo said...

Fiquei muito desiludida por nao terem falado do Woody Allen, especialmente tendo ele feito anos neste mesmo mês
Mas no geral, o numero está muito interessante, e por acaso, gostei muito da capa!

12 de dezembro de 2008 às 18:45  
Anonymous Anónimo said...

"alvy singer is woody allen, and dear, your no woody allen!"

12 de dezembro de 2008 às 18:51  
Blogger Alvy Singer said...

E, quando nada o fazia prever, até partilhamos opiniões.

12 de dezembro de 2008 às 19:01  
Anonymous Anónimo said...

Verdade seja dita, eu já sabia como era a capa da Premiere desde sábado dia 6, porque ao folhear uma das revistas do mesmo grupo editorial (IMAG, creio que é assim que se chama, dedicada a foto-jornalismo) dei de caras com uma página para assinar a Premiere, com a imagem da capa do número 3. Ainda pensei "Deixa-me cá vasculhar bem a ver se a encontro". Nada. Paciência.

Acho que as pessoas exageram em demasia. Em certa medida é bom porque mostram o quanto gostam da revista, mas às vezes chega-se ao ridículo (um dos intervenientes, creio que anónimo, queixou-se que já iam na 2ª semana do mês e entretanto já iam em atraso para antecipar a 1ª semana de estreias - mas que raio, pensei eu, mas isto é algum panfleto ou quê ? Comprem um jornal à 5ª e têm essa informação. É só para isso que serve a revista, já para não falar da bela treta que é a inconstância das datas de estreia ?). A prioridade deve ser dada, sempre, aos assinantes. Mesmo que o espaçamento entre a data de entrega para estes e a de saída para as bancas for considerável, paciência (e eu não sou assinante, atenção). Porque a Premiere é mais do que um objecto de consulta, é uma pequena viagem ao mundo do celulóide. Admito que poderia beneficiar com mais umas pequenas secções, mas compreendo as limitações (e desde já agradeço por terem "expandido" a secção da música para filmes, não se cingindo só a críticas) e principalmente, atenção aos erros que já dei com alguns.

O grafismo da capa não me incomoda, não sou esquisito, desde que a informação seja suculenta. E apesar das suas magras páginas, a revista tem disso de sobra.

14 de dezembro de 2008 às 03:19  
Blogger MC said...

Caro Pedro Almeida, o seu comentário diz algo com o qual concordo plenamente: "A prioridade deve ser dada, sempre, aos assinantes". O problema é que os assinantes, os que já pagaram um ano de revista, estão a ser tratados de forma negligente pois estão a receber a revista 2 dias depois dela sair nas bancas. E isto já aconteceu duas vezes em dois números da "nova" Premiere!!! Começa a ser inaceitável... Cumprimentos.

14 de dezembro de 2008 às 20:07  
Anonymous Anónimo said...

Infelizmente, quando o problema tem origem nas gráficas, estão ambos os grupos lixados. Aí já fica fora do controlo da redacção da revista, a quem resta "rezar" para que tudo corra bem.

14 de dezembro de 2008 às 23:02  
Anonymous Anónimo said...

força alvy! força equipa da premiere!
*keep up the good work*

15 de dezembro de 2008 às 10:49  
Anonymous Anónimo said...

Desculpem, mas alguém me pode explicar porque é que foi retirada a mensagem (e os respectivos comentários) sobre o atraso da Premiere? Cheira-me a censura...

15 de dezembro de 2008 às 23:50  
Anonymous Anónimo said...

P/ Anónimo "15 de Dezembro de 2008 23:50"

A mensagem sobre sobre o atraso da Premiere foi retirada porque alguns comentários abusaram dos termos de utilização deste blogue.

Obrigado.

16 de dezembro de 2008 às 13:56  
Blogger Peter Gunn said...

O atraso da saida da revista teve as razões que se sabem. Fui um dos assinantes da 1ª Premiere desde o 2º numero até ao final... mas agora sinceramente antes prefiro ir à papelaria e comprar do que estar a ir todos os dias à caixa do correio. Mas a verdade é que custa bastante esperar que a revista saia, todos os dias vamos à procura e nada... e depois quando sai... tem a Nicole Kidman cortada ao meio???
É um belo momento à "Maxima" ou "Elle" ou coisa parecida, mas um momento bastante triste para a Premiere, que para se manter em pé até a capa teve que vender para publicidade :(

Vamos esperar que para Janeiro as coisas corram melhores!

Continuação do bom trabalho pois como já aqui foi dito, por fora a capa pode não ajudar muito mas por dentro está bastante boa ;)

16 de dezembro de 2008 às 15:04  
Anonymous Anónimo said...

Peter Gunn ate as capas da PREMIERE americana vinham, por vezes, neste formato. Não vejo qual o mal nisso..
Em relação ao grafismo, acho que a nova edição da Premiere está mt melhorada. Uma coisa é o grafismo, outra são os modelos que figuram na capa..

17 de dezembro de 2008 às 06:00  
Anonymous Anónimo said...

Portanto...o que podemos tirar desta história toda é que a Premiere nem sequer oferece uma copia da revista aos seus colaboradores???

18 de dezembro de 2008 às 19:15  
Anonymous Anónimo said...

Caro Alvy Singer, por favor desminta neste blogue os boatos que estão a correr de que a Premiere acabou... Obrigado!

5 de janeiro de 2009 às 11:57  

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