Deuxieme


sexta-feira, janeiro 16, 2009

Primeiras impressões - Frost/Nixon.

Esta manhã, Valkyrie. Daqui a pouco, Revolutionary Road. Mais logo à noite, será a vez de The Curious Case of Benjamin Button. Um dia, três filmes. Dois deles, aguardados até à quinta casa. Caramba, haverá reboliço mais agradável que este? Uma coisa é certa. Este fim-de-semana haverá matéria para muito post. No entanto, porque devemos começar pelo princípio, apesar de faltar ainda uma semana para a sua estreia, falemos um pouco de Frost/Nixon – filme a ser avaliado no próximo número da Premiere. Sobre a obra de Ron Howard, muito haverá a dizer. E, bem. Por hoje, podemos começar logo por aqui, o realizador. Quem entrar na sala sem nunca ter visto um Ron Howard, sairá a pensar que os anteriores trabalhos do cineasta devem ser maravilhosos. Quem entrar na sala a saber que os anteriores trabalhos do cineasta não são maravilhosos, sairá a pensar se o que viu foi um Ron Howard. Apesar de uma carreira nivelada por cima – ninguém com um Oscar de Melhor Filme e Melhor Realizador poderá ser um cineasta de trazer por casa –, Howard não se livra do estigma de ser um realizador que se faz ao filme fácil, lacrimejante, sentimentalista, como a Academia de Hollywood tanto gosta. No fundo, o James L. Brooks dos anos noventa. Pese embora as suas virtudes, Far and Away (1992), A Beautiful Mind (2001) e Cinderella Man (2005), são alguns dos títulos que apoiam esta tese. Apollo 13 (1995) continuava a ser a andorinha à espera da Primavera, na filmografia de Howard. E, depois de Frost/Nixon, a pergunta que nos colocamos é, para quando a chegada do Verão? Com o seu mais recente trabalho, Howard oferece-nos uma película desprovida de mecanismos previsíveis, onde a câmara, ao invés de manietar os acontecimentos que pretende captar, deixa-se levar por eles. Quase com a frieza de um documentário, conseguimos sentir a imparcialidade narrativa. No entanto, nunca nos é pedido que não tomemos parte neste duelo. Se nos lembrarmos que Howard foi a Londres assistir à peça de Peter Morgan, e à saída telefonou a Brian Grazer a dizer que pretendia adapta-la ao Cinema, podemos colocar a hipótese deste ter sido, em toda a sua carreira, o filme em que menos oportunidade teve de colocar o seu cunho pessoal. Mas, por vontade própria. Uma das exigências de Howard foi que a dupla de protagonistas se mantivesse. O próprio Morgan elaborou o argumento baseado na sua peça. Howard mexeu o mínimo possível. A sua marca está lá, contudo, de forma muito mais subtil. O argumento de Morgan é delicioso. De chupar os dedos – que se lixem as regras de etiqueta. Punchlines atrás de punchlines, como raramente se vê, num filme que trata de um tema tão delicado. Longe de ser uma comédia, o filme arranca-nos gargalhadas estridentes nos momentos mais improváveis. Sempre que estamos prestes a sentir a dureza dos tempos e as terríveis consequências da desastrosa administração de Nixon, o argumento de Morgan reserva-nos uma perspectiva humorística. No entanto, jamais deixamos de olhar para esta sessão de entrevistas como um combate feroz entre dois homens que entendem perfeitamente as motivações um do outro. O momento da História é completamente transparente, em grande parte devido à moderação de Howard. Assim como dos dois actores principais. Se, Michael Sheen oferece um desempenho soberbo, inigualável a qualquer outro que lhe tenhamos visto, a interpretação de Frank Langella resulta em algo divinal. Com todas as condicionantes que podem rodear os grandes candidatos ao Oscar de Melhor Actor, Langella deverá ser aquele com menos adversidades. Aliás, depois de vermos o filme, ficamos com a sensação de que apenas o nome da personagem joga contra si. Um Nixon simplesmente inesquecível. Agora, com a devida licença, é chegada a altura de Revolutionary Road.

Alvy Singer

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2 Comments:

Blogger Miguel Ferreira said...

Sim senhor um dia em cheio ;)O Button foi para mim uma grande desilusão mas falamos disso depois. Agora é o contrário, as surpresas e Frost/Nixon é isso mesmo, uma agradável revelação. Há muito tempo que sou alérgico a Howard e às suas faz charopadas certinhas e plásticas. A alergia agravou-se quando ele ganhou um Óscar pelo plástico Uma Mente Brilhante e quase me matou quando vi no cinema o Código Da Vinci. Não havia perdão. Mas este novo filme é um pedaço de história muito bem contado,com um ritmo incrível e interpretações colossais. É verdade que continua a ser aquele imaculado sem espinhas, mas com muita qualidade e com esse factor improvável do divertimento. Com a totalidade ou não dos créditos o certo é que Ron Howard fez um filme e eu gostei.

16 de janeiro de 2009 às 20:49  
Anonymous Anónimo said...

Sinceramente não aguardo com grande espectativa Frost/Nixon já q sou muito céptico em relação à obra de Howard..se bem que o trailer do filme abriu mais o apetite em relação ao esperado. Pode ser q me surpreenda!
Revolutionary Road, esse sim, espero ansiosamente pela sua estreia...nem que seja para contemplar o casal maravilha! Principalmente Winslet!!!

17 de janeiro de 2009 às 19:31  

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