O filme antes do filme.
Não é necessário recuar muito para encontrar grandes diferenças no marketing da indústria cinematográfica. Há vinte anos, o trailer era tudo o que bastava para apresentar uma película. Há dez, o teaser começou a ser servido como aperitivo. Hoje, temos um verdadeiro banquete. Ao acedermos à página dedicada a Watchmen, no Trailer Addict, deparamo-nos com 44 vídeos. C’um catano. Isto é vídeo a mais para a nossa camioneta. Ele é video journal, teasers, featurettes, set visit, trailers, comic con panel, tv spot, fan made tv spot, music video, character feature e clips. No final, dá vontade de perguntar se resta algum segmento do filme, virgem aos olhos do cinéfilo, para estrear no próximo dia 06. Seria um sarilho chegar à sala de Cinema e constatar que grande parte daquilo que passa no grande ecrã, já nós vimos no conforto do lar. No entanto, a promoção de um filme nos dias de hoje, passa cada vez por estes moldes. Talvez a metáfora seja rudimentar, contudo, parece-nos que, tal como do fato banho de corpo se chegou ao fio-dental, de um único trailer passámos à catadupa de vídeos com imagens do filme. Hoje, é tudo à mostra. Tudo ao léu. Levantar a ponta do véu é uma expressão em desuso. O véu deixou de fazer parte da indumentária. Dos quatro clips dados recentemente a conhecer, este foi o único em que deitámos os olhos. Por mais que não quiséssemos ver qualquer um deles, torna-se difícil resistir. Agora, deixemos a maior parte da obra para ser descoberta daqui a duas semanas. De Watchmen, espera-se que seja capaz de curar a ressaca dos Oscar.
Alvy Singer
Etiquetas: Watchmen
2 Comments:
este teaser foi praticamente uma cena do filme, so espero é k eles n exagerem na promoção e tornem-se spoilers pork se assim for o filme n vai ter piada nenhuma .. pork ja vimos as prestaçoes
Cada vez mais saberemos menos o que é ver verdadeiramente cinema. Longe vai o tempo em que se via um filme, com a expectativa de visionar algo novo. Longe vai o tempo em que a promoção de um filme se limitava a um belissimo poster. Na minha opinião o verdadeiro fã que goste de ver um filme com aquele sentimento virgem, deviam sentir na pele o tipo de sensação daqueles espectadores que ficaram boquiabertos, na primeira projecção pública a 28 de Setembro de 1895, no sudeste francês, quando viram funcionários da fábrica a saírem dos seus empregos na minúscula produção «A Saída da Fábrica Lumière em Lyon», ou o sentimento daqueles que fugiram quando viram o comboio a vir em sua direcção (ainda que limitado ao ecrã) na projecção de «A chegada de um comboio na estação de La Ciotat». Raramente vi o trailer de um filme ou quaquer tipo de publicidade para além de um poster, e honestamente sinto mais prazer quando vou ver um filme sem estar na expectativa daquilo que vou ver, mas sim na expectativa daquilo que vou descobrir. Esta é na minha opinião como o cinema devia ser visto.
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