Deuxieme


sexta-feira, janeiro 25, 2008

Os actores fora do ecrã.

Há muito que a Era Dourada de Hollywood deixou de existir. É verdade que hoje encontramos a mesma elegância e sobriedade em muitas celebridades que se passeiam por essas passadeiras vermelhas fora: Dustin Hoffman, Meryl Streep, Sean Penn, Morgan Freeman, Susan Sarandon e muitos outros, ainda demonstram transportar nos ombros esse peso de um tempo passado. São nomes que aprendemos a respeitar, por aquilo que os vimos fazer no grande ecrã, mas também aquilo que deles conhecemos fora dele.

No entanto, os dias que vivemos são outros. Em qualquer lado há uma máquina fotográfica, uma câmara de filmar ou um gravador que surge com uma facilidade impressionante, pronto a documentar as palavras ou os actos de qualquer um. Hoje, sabemos muito mais rapidamente o que Bill Murray jantou ontem à noite num restaurante em Santa Mónica, do que há quarenta anos atrás se sabia qual era o filme que Mike Nichols iria realizar depois de ter terminado Quem Tem Medo de Virgínia Woolf?.

Hoje sabemos quantas palhinhas é que um determinado actor utilizou para beber um copo de sumo, de que cor é o IPod com que costuma correr no Central Park, que a semana passada aquela actriz saiu de casa descalça, trinta por uma linha. Informação a circular é a chave para o sucesso de todos os media. O tipo de informação é que varia.

É por essa razão que, quando um actor como Tom Cruise vem para a rua dissertar sobre Cientologia, meio mundo lhe cai em cima. Porque toda a gente vê. Há cinquenta anos, ele poderia ter o dobro da obsessão por esta religião. Contudo, duvidamos que, para além da família e amigos, alguém viesse a saber. E, continuaria a ser o mesmo actor de sempre.

No entanto, os tempos mudaram e é preciso não esquecer isso. Hoje, um actor deixa a sua marca através dos filmes, indubitavelmente, mas também através de uma série de coisas que há 20 ou 30 anos seriam impensáveis. Sem a Internet, por exemplo, dificilmente teríamos acesso a este vídeo de Tom Cruise, nem à resposta de Jerry O’Connell.

Vivemos numa altura em que actores vêm para os órgãos de comunicação social defender outros actores. Colegas de profissão, como Adam Sandler, Ben Stiller ou Bruce Willis, que afirmam compreender as palavras de Tom Cruise e criticam aqueles que ridicularizam o vídeo. Sobre isto, acima de tudo, apraz-me sublinhar aquilo que advoguei aquando do post do Francisco Silva sobre este tema: o receio de que Tom Cruise se afaste para sempre desta geração mais nova de cinéfilos, devido a questões puramente pessoais e que nada têm que ver com o seu trabalho.

Mas, se os media servem para noticiar diariamente sobre a sétima arte, também servem para o reverso da medalha, e falar sobre todos os pormenores daqueles que vivem do Cinema. É apenas mais um fruto da aldeia global e, quem não gosta, tem bom remédio. Até certo ponto, devemos parar para pensar e reflectir, quando vemos Jack Nicholson sair de um restaurante e um batalhão de jornalistas estar à sua espera para ouvir, em primeira-mão, aquilo que o Joker tem a dizer sobre a morte de Heath Ledger. Da sua boca saiu um dúbio I warned him. Agora, quem é que poderá julgar as palavras de um pobre coitado que mal pode dar um passo sem enfiar o nariz num qualquer flash?

Aqui, não é relevante de que lado está a razão. Tom Cruise, antis-Tom Cruise, Jack Nicholson, ou outro qualquer. Convém é não esquecermos que as quatro paredes são cada vez maiores e, aquilo que se diz para uma câmara, provavelmente chegará local mais recôndito do planeta. Sobre este assunto relembro sempre as palavras de Mike Wallace em O Informador, quando diz que o mais importante é a forma como somos lembrados.

Alvy Singer

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2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Diga-se o que se disser, goste-se ou não se goste, Tom Cruise tem conseguido manter-se no topo desde os anos 80, quando muitos outros foram esquecidos. E isso, aparte qualquer consideração pessoal, é de louvar. Gosto de uns filmes dele, de outros nem por isso, mas a capacidade que Tom Cruise tem de chamar as pessoas à sala de cinema nada tem a ver com cientologia ou qualquer outra coisa. Tem a ver com o seu talento e carisma. E isso, não me parece que se vá esgotar tão cedo...

25 de janeiro de 2008 às 10:20  
Blogger freakyanas said...

Tudo o resto evoluiu, mas em relação a criticar e gozar alguém por defender a sua religião parece que ainda estamos na antiguidade! Eu não vejo estas pessoas a criticar os discursos do Papa, não percebo porque têm de criticar os discursos de pessoas de outras religiões. É muito triste e na minha opinião é apenas mais uma forma de muita gente se encher de dinheiro às custas dos outros!

25 de janeiro de 2008 às 21:57  

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