Deuxieme


domingo, janeiro 18, 2009

Este filme acerta-nos mais do que 7 vezes.

Assim que o filme terminou, um jovem sentado na fila H, na sessão das 21 horas nos Cinemas do Colombo, na passada sexta-feira, pronunciou-se. É só um filme, assegurava ele à rapariga que, ao seu lado, tentava conter uma lágrima marota. Ora, com apenas quatro palavras é possível dizer-se uma mentira do tamanho do mundo. Onde este rapaz se engana é precisamente aí. Nunca é só um filme. Nunca. Em nenhuma circunstância, em nenhuma ocasião, em nenhum local, poderemos avançar com uma afirmação deste género. Já alguém afirmou que as verdades absolutas são apanágio dos idiotas. Talvez não sendo um idiota, esta é uma frase, pelo menos, de alguém que precisa de descobrir umas quantas obras da sétima arte. É certo que algumas não serão muito mais que isso. Já Freud dizia Por vezes, um charuto é apenas um charuto. Agora, a película de David Fincher jamais poderá ser reduzida a meramente um filme. No futuro, daqui a uns anos valentes, se alguém se perguntar que tipo de Cinema se fazia em 2008, e resolver pesquisar, esperamos que se depare com este conto. Curioso, deveras peculiar. Para Benjamin Button, o tempo anda para trás, tal e qual desejava o Monsieur Gateau. Logo na premissa, esta é uma obra que a distancia das demais. No conteúdo, mais ainda. Todo o filme parece um quadro. Fotografia, guarda-roupa, direcção artística, e montagem irrepreensíveis, conferem à obra um estilo singular, transversal a todos os elementos presentes. De Brad Pitt, vemos uma interpretação como nunca havíamos visto. A certa altura, alguém aludiu na audiência Agora é ele. É sempre ele. Já o poeta dizia O mundo exterior é como um actor no palco: Está lá, mas é outra coisa. E, se há coisa que Brad Pitt não é em Benjamin Button, é Brad Pitt. Cate Blanchett nunca é Cate Blanchett. Já David Fincher é David Fincher. Um realizador em constante renovação, que não se cansa de presentear-nos com obras que entram de uma assentada para a nossa filmografia ideal. O mais certo é O Estranho Caso de Benjamin Button ganhar alguns Oscar. Para não dizer bastantes. E, por esta altura, quando ainda falta ver alguns potenciais candidatos, apenas poderemos prever que, se tal acontecer, será bem provável que não nos faça grande confusão. Este é demasiado mágico para isso.

Bruno Ramos

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15 Comments:

Blogger Raquel Santos Silva said...

Mais do que sete... muitas mais. É fantástico. Sem dúvida, um filme que se tornará um clássico. Muito mais do que um simples filme, é uma obra de arte! E sei perfeitamente o que é ter essa lágrima marota ao canto do olho...

18 de janeiro de 2009 às 21:28  
Blogger l00ker said...

Infelizmente não acredito que ganhe mais Óscares que um ou outro nas categorias técnicas, mas o que é que isso interessa, quando todo o filme é uma viagem inolvidável :)

18 de janeiro de 2009 às 21:35  
Blogger Miguel Ferreira said...

Visualmente o filme é um espanto, desde a fotografia até à caracterização. O resto é que realmente não me conseguiu trasmitir nada. Achei o início muito bom e com força, mas passados uns quarenta minutos o filme pára e arrasta-se, sem dinâmica ou pontos de interesse. Faziam falta aventuras, histórias paralelas e estranhas para combinar com toda a sua bizarra existência. A juntar a isto não achei as interpretações nada de extraordinário,muito mecânicas e presas nos rostos maquilhados transmitindo pouca ou nenhuma emoção. Duvido que delas surjam alguns oscares e se o filme ganhar alguma estatueta será apenas nas categorias técnicas.Estava com grandes expectativas e foi realmente para mim a desilusão.

Um abraço

18 de janeiro de 2009 às 21:58  
Blogger Nelson Magina Pereira said...

Não poderia concordar mais com o que escreves. E não, um filme não é só um filme. Terminas o teu texto mais ou menos da mesma forma que eu terminei o meu. Mas concordo com o que 100ker disse: não creio que ganhe muitos Oscars, muito menos os ditos principais.

Cumprimentos

19 de janeiro de 2009 às 02:32  
Blogger meldevespas said...

Essa sim ´´e uma grande verdade , um filme, um FILME nunca ´´e apenas e s´´o um filme, caso contrario n nos marcariam tao fundo como o faz este delicioso Benjamim Button e outros tantos (muito) q me estou a lembrar.

19 de janeiro de 2009 às 10:00  
Blogger Rafael Fernandes said...

Se me perguntarem qual o melhor filme que já vi, não sei responder. E aposto que nenhum de vocês será capaz também. Existem filmes, e não um. Os Oscar infelizmente são vistos como uma competição quase desportiva. Uma corrida de 200 metros, em que um ganha e todos os outros perdem. Na minha opinião não há derrotados nos Oscar, a nomeação já é um prémio, e entre os 5 eleitos, podemos ter as nossas preferências claro. Mas o facto de ganhar ou não Oscar não lhe tira o mérito. Ainda não vi Slumdog millionaire, mas para já, este filme mágico de Fincher é uma das melhores obras a que assisti nos últimos anos. E do que vi até agora, é nele que aposto para arrebatar o maior número de estatuetas. Fico à espera que estreie o filme de Danny Boyle para me dificultar as previsões!

19 de janeiro de 2009 às 11:09  
Anonymous Anónimo said...

Benjamin Button foi mágico. Com esta obra de arte, parece que entramos no ecrã e que nunca queremos de lá sair. Há sempre um mistério, uma vontade, algo inexplicavel que nos faz querer olhar constantemente para a magnifica historia que passa à nossa frente. Foram varias as emoçoes espoletadas. Sem duvida que vai ganhar alguns oscares.

19 de janeiro de 2009 às 11:27  
Anonymous Anónimo said...

Pois,para mim,é um muito mau filme.Atrozmente académico,politicamente correctissimo.Enfadonho,longo que nunca mais acaba.Parece que David Fincher que nunca esteve a filmar mas sim Ron Howard.Mas o Howard dos piores momentos da carreira.É também,claramente um filme feito para estar nos Óscares.Estará lá óbviamente e em destaque.
Só a montagem,fotografia e caracterização o salvam de ser um péssimo filme.A certa altura comecei a ficar cheio de sono o que é rarissimo de me acontecer.
Tem um trailer espantoso mas os resultados são uma lástima é o costume nestes casos.

19 de janeiro de 2009 às 13:21  
Anonymous Anónimo said...

Me surpreendi com alguns comentários acima, não imaginava que houvesse polêmica sobre o filme... Achei lindo, sem nenhuma chance de erro, atuações belíssimas... Pensei mesmo que não teria polêmica, é uma pena...

19 de janeiro de 2009 às 14:58  
Blogger Brown-eyed Girl said...

Pelo que tenho lido, aqui e não só, acho que é mesmo uma questão de gosto pessoal.
Eu adorei o filme, achei-o perfeito, saí da sala completamente assoberbada. É, na minha opinião (que vale o que vale), um dos melhores filmes que já vi.
Respeito, obviamente, as opiniões contrárias. Como disse no início, ao fim e ao cabo tudo se resume ao nosso gosto pessoal e eu gostei. Muito.

19 de janeiro de 2009 às 17:06  
Blogger Miguel Ferreira said...

Não acho que seja uma pena existir polémica. Aliás acho que não chega a ser polémica, são apenas opiniões díspares sobre uma mesma obra, pontos de vista que não convergem e que permitem discutir cinema. E isso é saudável.

19 de janeiro de 2009 às 18:07  
Blogger Silvia Bautista said...

Polémica... sinceramente não vejo polémica nenhuma, apenas gostos divergentes... na minha opinião o filme acerta muito mais do que 7 vezes e coloca (sim) muita lágrima ao canto do olho... Como fã da colaboração Fincher/Pitt não deixei de estranhar a temática diferente que o realizador adoptou (ai Se7en... ai Fight Club...). Mas deu num autêntico "óptimo trabalho"... e muitos parabéns a Eric Roth pelo excelente trabalho de argumentação... conseguiu ultrapassar o conto de F. Scott Fitzgerald... po-lo na gaveta!

19 de janeiro de 2009 às 20:01  
Blogger MC said...

Caro Ricardo Silva, não leve a mal este meu comentário, principalmente porque "gostos não se discutem", mas gostava de perceber exactamente que tipo de cinema é que o atrai... Num comentário anterior também disse que Dark Knight era um filme "mau, mesmo muito mau" e também referiu que não gostou de filmes como Este País Não É Para Velhos, A Paixão de Shakespeare e Chicago... Então gosta exactamente do que género de filmes ou de que filmes em concreto? Por mim ainda não vi o Benjamin Button mas, perante tudo o que tenho lido sobre o filme, estou com muita vontade de o ver...

E não se esqueçam de votar nos vossos actores e actrizes favoritos em

http://www.cinema-e-futebol.blogspot.com/

Obrigado!

20 de janeiro de 2009 às 10:02  
Anonymous Anónimo said...

Como já comentei algures neste blog, creio que este ano a coisa vai ser renhida à hora de entregar as estatuetas douradas, e apesar de Benjamin Bunton roçar a excelencia, é possível que a academia se volte para a (regular) irreverência de Danny Boyle e do seu (mais que) aplaudido Slumdog Millionaire (filme pelo qual tenho uma curiosidade tremenda). Teremos que esperar um mês para ver quem a academia prefere.

20 de janeiro de 2009 às 13:51  
Blogger O Narrador Subjectivo said...

Ó amigo MC, se todos gostássemos dos mesmos filmes era um problema, e todos os títulos que referiu são totalmente "mainstream". Quem sabe se o amigo Ricardo Silva não terá um conhecimento muito mais vasto do que isso e não verá para além de "géneros"?

Pessoalmente gostei bastante deste Benjamin Button, mas é um filme com falhas, e discordo que a adaptação de Eric Roth seja assim tão perfeita. Extendeu bem o conto, mas acho que o filme teria resultado melhor com uma linha temporal apenas, pois os retornos aos hospital apenas adicionaram truques baratos de narratologia e destruíram o ritmo de algumas cenas. Mas em termos técnicos, realização, efeitos especiais, etc, é espantoso, como todos os filmes de David Fincher.

20 de janeiro de 2009 às 15:04  

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