Roger Deakins.
O The Passenger, leitor deste espaço, chama à atenção. E, com razão. No entanto, não é que nos tenhamos esquecido de Roger Deakins. Apenas o queríamos abordar, num post exclusivamente a si dedicado. James Newton Howard, que este ano recebeu a sua oitava nomeação para um Oscar, começa a ser um caso bicudo. Contudo, Deakins já está num outro patamar. O mesmo em que se encontrava Randy Newman, quando ganhou o primeiro – e, ainda único – Oscar da sua carreira, ao fim de quinze nomeações. Roger Deakins já conta com oito designações para o mais importante galardão de Hollywood. A última delas, este ano, pela sua parceria com Chris Menges em The Reader. E, aquilo que nos move nestes prémios, como em quaisquer outros, é que ganhe o melhor. O imbróglio de Roger Deakins é que, este ano, por muita empatia que tenhamos pelo seu trabalho, acreditamos que dificilmente se fará justiça se, finalmente, levar o Oscar para casa. Sem termos ainda visto a sua contribuição no filme de Stephen Daldry, poucas têm sido as vozes que o elevam acima do trabalho de Wally Pfister (The Dark Knight), Claudio Miranda (The Curious Case of Benjamin Button), ou até mesmo de Anthony Dod Mantle (Slumdog Millionaire), que já ganhou o prémio de Melhor Fotografia no círculo de Nova Iorque. Nesta temporada, Roger Deakins ainda não ganhou qualquer troféu. E, com a devida dose de realismo exigida, o mais certo é terminá-la da mesma maneira. Contudo, muitos defendiam uma dupla nomeação para Deakins. Decisão difícil, no mínimo. A lente de Tom Stern, em Changeling, marca o passo da mise en scène. Ao mesmo tempo, a fotografia de Deakins em Revolutionary Road nunca nos deixa de surpreender. Só podem ser cinco. E, cinco são cinco.
Agora, o que nos está atravessado, e por muito tempo assim continuará – pelo menos, até Deakins levar o seu Oscar –, são as três vezes que deveria ter subido ao palco e, ao invés, permaneceu sentado na plateia a aplaudir alguém que reclamava o que, por direito, era seu. A primeira delas, em 1994, quando John Toll (Legends of the Fall) levou a melhor. The Shawshank Redemption merecia este Oscar. Se calhar, mais do que qualquer outro. Ao longo dessa temporada, Deakins havia ganho a distinção máxima da American Society of Cinematographers (ASC). A segunda, em 2001. Andrew Lesnie e a soberba fotografia de The Lord of the Rings: The Fellowship of the Ring arrebataram multidões. No entanto, nada superou a delicadeza de Deakins em The Man Who Wasn’t There. Que, nesse ano, ganhou nos BAFTA, American Film Institute e, mais importante, novamente nos troféus da ASC. A última, o ano passado. A fotografia de Robert Elswit, em There Will Be Blood, é de tirar o fôlego. Antes da cerimónia, Deakins não havia ganho na corrida aos ASC. Elswit chegou-se à frente nesse importante barómetro. Muitos pensaram que a Academia podia então fazer justiça, e premiar a belíssima fotografia de The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford, que não só é de tirar o fôlego, como nos devolve imediatamente o dito cujo. Se já tinha tirado dois Oscar que, meritoriamente, pertenciam a Deakins, esta era a oportunidade ideal para a Academia redimir-se. Mas, não. Em 2007, ao contrário do que acontecera em 1994 e 2001, a AMPAS resolveu seguir a orientação da ASC. O magnífico trabalho de Deakins em Jesse James passou ao lado dos Oscar. O ano passado, dissemos aqui que, a seguir à categoria de Melhor Filme, a de Melhor Fotografia era aquela que despertava maior curiosidade. Hoje, podemos especular se a dupla nomeação – Deakins também estava nomeado por No Country For Old Men – não terá sido a causa desta infelicidade. Uma coisa é certa. Houve quem já achasse estar a ser perseguido por muito menos que isto.
Bruno Ramos
Etiquetas: Jesse James, Roger Deakins, The Man Who Wasn't There, The Reader, The Shawshank Redemption
3 Comments:
Yep. O ano passado Deakins foi roubado em grande. A derrota por "O Barbeiro" também foi escandalosa. E acho que ainda podia ter ganho por "Irmão, Onde Estás?". Um génio.
Não estava à espera de ser mencionado, e logo na primeira linha! Obrigado, Bruno Ramos. Realmente, é um assunto que merece uma mensagem à parte. Este será para mim o ponto mais interessante da cerimónia. Concordo que no ano passado houveram trabalhos muito bons em termos de fotografia, enfim, fiquei desapontado por ver Deakins ir para casa de mãos a abanar mais uma vez, afinal eram 2 nomeações, mas o There Will Be Blood, Atonement e O Escafandro E A Borboleta eram também magníficos, qualquer um podia ter ganho. Mas nos outros anos... por favor. Por isso agora em 2009 a Academia tem hipótese, mais uma vez, de se redimir. É esperar para ver.
Já agora, se me permitirem, deixo um link para uma lista dos melhores planos criados por Deakins... escolhidos por Deakins:
http://www.imdb.com/name/nm0005683/board/nest/101583838
Para quem não souber de quem estamos a falar perceber o alcance do génio deste homem.
Cumps!
Gostei bastante da opinião expressa pelo Bruno, este sr. merecia um óscar, o ano passado fiquei bastante desiludido por ele não ter ganho com o Jesse James, e no ano do The Man Who Wasn't There idem idem...
Este ano, apesar de ainda não ter visto o Benjamin (vai ser esta noite) e o Reader, estou inclinado para o The Changeling que para mim está fenomenal tanto no geral como no particular da fotografia.
O Slumdog não me encheu as medidas, e o Dark Knight, apesar de ter uma fotografia espectacular, para mim gostei mais do ambiente e das cores do Batman anterior.
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