terça-feira, setembro 29, 2009
sexta-feira, maio 29, 2009
IndieWire dava a Palma a Un Profhète.

Por esta altura, todos os visitantes deste blog, ávidos sabedores – termo resgatado ao eloquente discurso de Luiz Filipe Scolari – das novidades cinematográficas, deverão conhecer já mil e uma trivialidades sobre The White Ribbon, de Michael Haneke, recente vencedor da Palma de Ouro em Cannes. Longe, por isso, estará de ser noticia o triunfo de Christoph Waltz (Inglourious Basterds) na categoria de Melhor Actor; Charlotte Gainsbourg (Antichrist) na de Melhor Actriz; Brillante Mendoza (Kinatay) como Melhor Realizador; e de Jacques Audiard, que levou para casa o Grand Prix por Un Prophète. No entanto, cinco dias volvidos, o IndieWire decidiu reunir a opinião de parte da critica norte-americana presente em Cannes, e deu a conhecer os favoritos daquele selecto grupo. Un Prophète leva a melhor, com seis menções honrosas na principal categoria. Aliás, o filme de Audiard supera os restantes, igualmente, nas categorias de melhor interpretação, argumento, e realizador. Porém, o mais perturbante é ver Antichrist em segundo lugar na lista de melhor filme e ocupar, a mesmíssima posição, na lista dos piores. Este vai fazer correr tanta tinta. Dez euros em como Lars Von Trier vai ser apelidado de canastrão por um critico da nossa praça. Não, não estamos a generalizar. O artigo indefinido singular Um prova que se trata de uma especificação.
Melhor Filme
1) “Un Prophète” - 14 pts (6 votos)
2) “Antichrist” - 11 pts (5 votos)
3) “Police, Adjective” - 10 pts (5 votos); The White Ribbon - 10 (5 votos)
Realizador
1) Jacques Audiard, “Un Prophète” - 15 pts (6 votos)
2) Gaspar Noe, “Enter the Void” - 14 pts (5 votos)
3) Lars von Trier, “Antichrist” - 12 pts (5 votos)
Argumento
1) “Un Prophète” - 11 pts (7 votos)
2) “Up” - 8 pts (3 votos); “The White Ribbon” - 8 pts (3 votos)
Interpretação
1) Tahar Rahim, “Un Prophète” - 16 pts (6 votos)
2) Giovanna Mezzogiorno, “Vincere” - 10 pts (4 votos)
3) Ronnie Bronstein, “Go Get Some Rosemary” - 8 pts (6 votos); Christoph Waltz, “Inglourious Basterds” - 8 pts (4 votos)
Pior Filme
1) “Kinatay” - 12 pts (5 votos)
2) “Antichrist” - 8 pts (4 votos)
3) “Map of the Sounds of Tokyo” - 7 pts (4 votos)
4) “Tetro” - 7 (3 votos)
Bruno Ramos
Etiquetas: Antichrist, Jacques Audiard, Michael Haneke, The White Ribbon, Un Profhète
segunda-feira, maio 18, 2009
O anti-consenso.

Agora sim. Guarnições e energias repostas. Tudo preparado. Passado o cabo das tormentas, o mar avizinha-se sereno e propicio à navegação nas ininterruptas boas novas da sétima arte. E, com Cannes em grande plano, mais vale içar velas, zarpar na rota da corrente que convida, e partir para mar alto. A armada da Premiere relança-se assim, quase três semanas depois, nas circumnavegações cinéfilas que tanto prazer nos dão, neste recanto minúsculo da blogosfera. Comecemos, pois então, com as reacções, praticamente bipolares, provocadas por Antichrist, the Lars von Trier. Já lemos carradas de criticas, e ainda não conseguimos assegurar se o filme passa pelo Festival com distinção, ou se fica pelo flop. É que parece não existir aqui espaço para o meio termo. De um lado da barricada, entre outros, Todd McCarthy, da Variety. Que se atira de cabeça numa apreciação retórica ao estilo de um qualquer admirador mais fanático de Marshall McLuhan.
“Lars von Trier cuts a big fat art-film fart with "Antichrist." As if deliberately courting critical abuse, the Danish bad boy densely packs this theological-psychological horror opus with grotesque, self-consciously provocative images”.
Perfilado nas trincheiras da outra ofensiva, por sua vez, encontramos, por exemplo, Damon Wise, da Empire Magazine.
“What Lars is driving at is something completely bizarre, massively uncommercial and strangely perfect”.
O único que parece ter ficado tão siderado como um cinéfilo que lê todas estas considerações e não consegue definir o que esperar, foi Roger Ebert. Disse o critico-mor.
“Whether this is a bad, good or great film is entirely beside the point. It is an audacious spit in the eye of society. It says we harbor an undreamed-of capacity for evil. It transforms a psychological treatment into torture undreamed of in the dungeons of history. Torturers might have been capable of such actions, but they would have lacked the imagination. Von Trier is not so much making a film about violence as making a film to inflict violence upon us, perhaps as a salutary experience. It’s been reported that he suffered from depression during and after the film. You can tell. This is the most despairing film I’ve ever have seen”.
Tanta disparidade só pode resultar numa coisa. Curiosidade acima da média, nem que seja só para depois podermos participar naquelas discussões intermináveis sobre a qualidade da obra, que nos deixam a suar e a arfar violentamente, apesar de pouco mais usarmos do que o aparelho bocal e meia duzia de gesticulações bruscas. Sim, estamos a falar de um diálogo entre cinéfilos.
Bruno Ramos
Etiquetas: Antichrist, Lars von Trier
terça-feira, abril 14, 2009
Antichrist - Trailer.

Verdade seja dita, não damos aqui no Deuxieme o devido reconhecimento a Lars von Trier. Mas, tal dever-se-á talvez ao facto de Lars von Trier não dar também nos seus filmes o reconhecimento que o Deuxieme merece. É a paga. Mas, se Shakespeare nos ensinou alguma coisa, foi que duas pessoas chateadas não vão a lado nenhum. E, talvez imbuídos desse espírito pacifista, estamos dispostos a pôr estas contendas de lado, e tomamos a iniciativa de demonstrar afecto pelo cineasta. Agora, se calhar não é o melhor momento para fazê-lo. Talvez fossemos melhor sucedidos se o tivéssemos feito depois de Dogville (2003) ou Manderlay (2005). É que escolher um filme chamado Antichrist para fazer publicidade a um realizador não será propriamente a melhor decisão para ganhar adeptos. No entanto, o trailer da próxima película de von Trier fala mais alto. Para já, fortes rumores sugerem que o filme passará por Cannes no próximo mês. A acontecer, seria óptimo. Reacções, quanto mais cedo, melhor. Ao mesmo tempo, a acompanhar o trailer, surgiu uma sinopse mais apresentável. Até agora, pouco ou nada se sabia sobre o projecto. Um casal (Williem Dafoe e Charlotte Gainsbourg) perde o filho. A mulher fica refém de terríveis ataques de angústia. O marido, psiquiatra, decide trata-la apesar de as recomendações serem contra. Refugiam-se, então, no local que mais medos despertam. Uma casa no meio do bosque. O tratamento psicológico converte-se numa batalha entre os dois sexos. As fobias da mulher apoderam-se do marido, incapaz de lutar contra o mal violento. Uma brutalidade feroz que afronta qualquer pingo de racionalidade. De repente, invertem-se papéis, e torna-se complicado discernir quem precisa de ajuda. Lars von Trier assina o argumento, original de raiz. Este não tem nada que ver com O Anticristo de Nietzsche. Mas, podia. O filósofo alemão escreveu, na famigerada obra redigida em 1988, que O Evangelho morreu na cruz. Ainda hoje, a frase incendeia querelas. Dizer que o filme de Lars von Trier morre no trailer, já não deverá ser tão polémico. E, nós até não gostamos de mentiras.
Bruno Ramos
Etiquetas: Antichrist, Charlotte Gainsbourg, Lars von Trier, Williem Dafoe