Há quem já tenha visto, e gostou.

O buzz é tal e qual a galinha. Grão a grão, lá vai enchendo o papo. E, quando chegar o fim do ano, e for chegado o momento de enviar os screeners para as entregas de prémios, Oscars incluídos, certamente contará aquilo que foi escrito ao longo dos meses sobre as obras a concurso. Não tanto para quem envia, mas quem recebe. Em casa, no conforto do lar, o que dá mais vontade de ver? O filme que muitos apontam como favorito, ou aqueloutro que não o é tanto?
Para já, a corrida ao Oscar de Melhor Actriz é uma perfeita confusão. Ao contrário de outros anos, em que, por esta altura, já se antecipavam vencedoras garantidas. Hillary Swank, por Amelia, é a única que nos leva a equacionar – e, sublinhávamos aqui este termo – a imprudente colocação das mãos no fogo. É esperar para ver. Meryl Streep, por Julie & Julia, deverá ter uma palavra a dizer – sobretudo, sem a concorrência de Winslet. Será que Michelle Pfeiffer continuará a ser a preferida depois do visionamento? Hellen Mirren, este ano, não ameaça com um filme, mas dois. O ego de Carey Mullingan deve ter atingido proporções descomunais após os elogios de Sundance. E, Penélope Cruz faz-se acompanhar de Almódovar, um combo sempre explosivo. Fora aquelas que não estamos a ver. Essas é que são o perigo. Para todos os efeitos, com uma corrida tão aberta – pelo menos, em meados de Abril – qualquer empurrão ajuda a ganhar vantagem. Neste sentido, um lançamento precoce pode ser a jogada de mestre, ou morte do artista. Felizmente, para Audrey Tautou, e Coco Avant Chanel, parece ser a primeira. Já se sabe que a Academia tem queda por biopics. Nesta categoria, então, é uma coisa parva. Das últimas dez vencedoras, sete foram baseadas em figuras reais – curiosamente, nos dez anos anteriores, apenas uma. Já lá vão oito anos, desde Amélie Poulain, e quatro desde Un Long Dimanche de Fiançailles. Até agora, apesar de uma carreira pós-hit extremamente bem conseguida, continuamos à espera de uma interpretação daquelas. De encher o olho. De um novo filme em que Tatou volte a surpreender. Sabendo, de antemão, que surpreender quem já foi surpreendido implica o dobro do esforço. Mas, segundo o Hollywood Reporter, Coco Avant Chanel pode ser a resposta às nossas preçes.
“Spectacle, a love triangle, heritage settings, bravura acting, witty dialogue, a bittersweet finale: There’s something for everyone in Anne Fontaine’s “Coco Before Chanel,” and with the title providing name recognition to die for, her film appears set to storm multiplexes worldwide.
The love story is engagingly done, but Fontaine’s core interest is in showing how Coco becomes Chanel, in pointing out the markers along the path that led a penniless young woman, with no resources other than her inner strength, to become a key figure in shaping contemporary tastes in style and design … Tautou fully inhabits the role of Coco, her face a mask as if her character has yet to determine which identity she is to assume, sexually as much as socially”.
A confirmar-se o sucesso junto da crítica, não só parece que França volta a ter uma escolha fácil para a submissão à categoria de Melhor Filme Estrangeiro – se bem que, até Dezembro, deverão surgir mais três ou quatro filmes elegíveis –, como Tautou começa a confirmar um pouco os pergaminhos que lhe reconhecíamos, e esperávamos confirmados no filme de Anne Fointaine. Contudo, uma gaivota não faz a Primavera. Já dizia o pinguim imperador.
Bruno Ramos
Etiquetas: Anne Fontaine, Audrey Tatou, Coco Avant Chanel