Deuxieme


segunda-feira, fevereiro 02, 2009

A roda da vida.

Em finais de Fevereiro do ano passado, o Francisco Silva escrevia perspicazmente neste espaço.

O ponto mais importante centra-se na questão pluralista da arte que é celebrada e homenageada. Cada vez mais as grandes distribuidoras em Hollywood repensam a indústria, e todo o seu conceito do “That’s Entertainment!”, que adquire hoje novas formas criativas, como a noite passada nos demonstrou. Se é certo que o cinema americano ocupa o mais importante papel na sétima arte a nível de espectáculo e “showbizz”, é então certo que todas as escolas e formatos cinematográficos do resto do mundo fazem falta para marcar presença neste grande conceito. Nessa medida, é notório o crescimento plural nas várias áreas do cinema, ou seja é cada vez maior (e mais importante) a influência exterior artística – a nível do visual, da escrita, da representação e outras categorias – dentro do próprio cinema dito “americano clássico”, que se reinventa a cada ano sobre diversas formas (Haverá Sangue, e Este País Não É Para VelhosNo Vale de Elah são os mais recentes exemplos a ter em conta)”.

Ontem, num artigo brilhante do The Observer, Mark Harris afirma.

The Academy has a new, more global outlook, represented by the 10 nominations given to Danny Boyle’s Slumdog Millionaire. Alternatively, the Academy suddenly has a new, more insularly American outlook, as evidenced by the fact that 17 of the 20 acting nominees are from the US, the most since the early 1990s”.

Ora, não há fome que não dê em fartura, é o que se nos apraz dizer sobre este fenómeno. E, quem acompanha os Oscar há já alguns anos, nem devia revelar surpresa perante este facto. É certo e sabido que a Academia dá uma no cravo com a mesma gentileza que dá uma na ferradura. No ano imediatamente a seguir a ter feito História, premiando quatro actores estrangeiros nas categorias de interpretação, certamente que não poderíamos esperar o mesmo feito. Por melhor que fosse o seu desempenho, este ano, o trabalho do profissional não norte-americano estaria condenado à partida. Condenado, entenda-se, a superar adversidades que os da casa não teriam de enfrentar. Partindo deste princípio, podemos especular até que ponto a ausência da outrora candidata à vitória final, e que se fartou de arrebatar prémios este ano, Sally Hawkins (Happy-Go-Lucky), não se deve a esta vontade cega de galardoar o actor norte-americano em 2008. E, quem diz Hawkins, diz Kristin Scott Thomas (Il y a longtemps que je t’aime), Ralph Fiennes (The Duchess), ou Colin Farrell (In Bruges). Já para não falar na dupla nomeação de Kate Winslett, que pode encontrar aqui uma outra explicação. Bem, quem nos ouvir falar, pensa que somos discípulos do Jerry Fletcher de Mel Gibson, em Conspiracy Theory (Richard Donner, 1997). No entanto, convém não olhar para isto apenas como um conto de fadas, e acreditar que as palavras de George C. Scott tinham algum fundamento, quando o actor rejeitou o Oscar em 1970 por não querer participar num evento que fomenta a competição entre os pares.

Agora, em relação aos três estrangeiros que têm hipótese de ganhar um Oscar na edição deste ano, aquele que parece ter mais hipóteses de ser bem sucedido é Heath Ledger. Praticamente garantido. Por outro lado, se a perseguição ao forasteiro estiver oficialmente aberta, talvez nem The Reader salve Winslet da sexta nomeação sem estatueta. E, Penélope Cruz tem mais probabilidades de regressar a Madrid sem um Oscar na bagagem do que pensa. Contudo, se estes três saírem mesmo do Kodak Theater com uma estatueta, então aí é que para o ano nem vale a pena criar expectativas.

Apesar de não estar relacionada com o rumo que o post acabou por seguir, aqui fica uma passagem do mesmo artigo de Mark Harris, que incita à meditação.

The “gay mafia” in the Academy, outraged by the passage of the anti-gay marriage amendment Proposition 8 in California, powered the gay-rights drama Milk into the race with eight nominations. However, it will never win, because the Academy is hopelessly homophobic, as we all are presumed to have learned when Brokeback Mountain lost to Crash”.

E, se a história do cravo e da ferradura não trouxer aqui mais uma surpresa?

Bruno Ramos

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segunda-feira, novembro 03, 2008

The Reader - Trailer.

Depois de, em 2006, se ter tornado na mais jovem actriz a receber cinco nomeações para os Oscares, aos 31 anos, e com apenas 19 filmes no currículo – Olivia de Havilland detinha o anterior recorde, ao ter granjeado o mesmo feito aos 33 anos, e com o mesmo número de filmes –, em 2008, Kate Winslet bem que poderá tornar-se na mais jovem de sempre a arrecadar seis nomeações. E, quem diz seis, diz sete. É que entre The Reader e Revolutionary Road, ainda não deu para perceber muito bem onde estará a grande aposta de Winslet. E, em The Reader, a britânica terá a seu lado um conterrâneo que, por esta altura, vai também recebendo buzz para duas nomeações. Uma pela interpretação neste filme de Stephen Daldry, outra pelo desempenho em The Duchess, de Saul Dibb. Uma coisa é certa. Ambos se perfilam como dois dos mais fortes candidatos a uma nomeação, bem como este filme em que participam.

Bruno Ramos

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segunda-feira, setembro 29, 2008

Génio.

A corrida ao Oscar de Melhor Actor, em 1996, terá sido uma das mais disputadas da década passada. Cinco actores em busca da estatueta dourada, cada um com mais aspirações legitimas do que o colega sentado na cadeira do lado. Na altura, poucos se atreviam em prognósticos. Estatísticas de pouco serviam, e vaticínios eram mais que muitos. Num ano marcado pelo sucesso indie, somente Tom Cruise e Woody Harrelson emergiam como os representantes da verdadeira máquina de Hollywood. Dos cinco filmes nomeados à principal estatueta, apenas Jerry Maguire tinha sido feito com o dinheiro de um grande estúdio. O Paciente Inglês, Fargo, Segredos e Mentiras e Shine – Simplesmente Genial eram as surpresas do ano. Não apenas por serem obras de qualidade impar, mas também pela tenacidade com que arranjaram maneira de chegar às salas de Cinema. Se o primeiro venceu nove Oscar, o segundo arrecadou sete nomeações (com duas vitórias), o terceiro cinco, e o último, outras sete (com um Oscar). Na corrida ao Oscar de Melhor Actor, Tom Cruise via-se na condição de nomeado pela segunda vez na sua carreira. O show me the money tinha-se transformado em show me the Oscar, e, numa fase da sua vida profissional em que tudo corria de vento em popa, parecia natural a consagração. O reconhecimento devido de Hollywood a uma lenda viva em construção. Ralph Fiennes, por seu lado, jogava com todos os trunfos de O Paciente Inglês. O filme de Minghella granjeava de tanto sucesso, que alguns chegaram a pensar no pleno. No capítulo das representações, mais do que a de Binoche, a vitória de Fiennes parecia segura. Já Billy Bob Thornton sonhava em ser o underdog. O tipo que escreve uma história de arromba, que derruba todos os padrões estabelecidos, e se chega à frente para conquistar o mundo. Com apenas duas nomeações, O Arremesso bem que podia valer o Oscar a Thornton. E, valeu. Só que foi pelo argumento. Por último, Woody Harrelson. O senhor do one-man-show. Protagonista do filme mais polémico do ano, poucos foram aqueles que passaram ao lado da mais convincente interpretação de toda a sua carreira. Pela sua entrega e dedicação, o Oscar era um merecido prémio.

No entanto, um outro actor se destacou. Mais do que todos os outros. E, justamente, o Oscar foi parar-lhe às mãos. Na primeira vez que foi nomeado, Geoffrey Rush ganhou. Porquê? Por isto.

Bruno Ramos

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